quinta-feira, 19 de novembro de 2009

SMS 337. Os deputados que elegemos



19 Novembro 2009

Estão instalados, uns conheciam já os cantos da casa, outros rapidamente os memorizaram, este e aquela foram para a comissão parlamentar X, esta e aquele passaram a integrar a delegação internacional Y, aqueloutro ou ainda fulana vão dedicar-se à área de especialização Z com o aval do respectivo partido, enfim, os deputados eleitos pelo Algarve (como todos os outros eleitos pelos outros círculos) estão todos nos seus assentos preparados para o que der e vier. É claro que, enquanto isto, lá se preparam para fazer os seus registos de interesse que não é propriamente um pró-forma e é bom ou aconselhável que o façam quanto antes. Até agora os deputados eleitos pela lógica das listas são todos efectivos, ninguém compreendendo que tão cedo solicitassem ou possam já solicitar a suspensão ou renúncia de mandato dando a vez a suplentes, pois ninguém subiu para funções governativas ou foi destacado imperativamente para cargo de salvação da pátria.

Dos cabeças de lista que o Algarve fez o favor de eleger sem que politicamente tivessem alguma coisa a ver com o Algarve, é evidente que o eleitorado nem vai exigir muito nem tem que exigir alguma coisa. Refiro-me naturalmente ao PS e ao PSD. João Soares tem o seu percurso político próprio e, como ele será o primeiro a reconhecer, não será nem poderá ser o D. Sebastião que grande parte do PS da região reclama, não só com fortes razões mas também com sobejos motivos. E quanto a Jorge Bacelar Gouveia que caiu no Algarve de pára-quedas, primeiro tem que aprender a usar o pára-quedas, segundo, independentemente de aprender isso ou não, não conta politicamente para a região, mas toda a gente lhe perdoa. E perdoa porque também toda a gente sabe que, pela lei, os deputados representam todo o País, e não os círculos por que são eleitos, embora pelo aceitável costume e pelas justas expectativas e anseios que estão no cerne da democracia, os deputados do círculo fazem ondas no círculo e é no círculo que alguma vez terão de prestar contas.

Na verdade, os deputados, e no que toca ao Algarve os oito por aqui eleitos, sabem de antemão que, mais do que nunca, vão ser escrutinados e estão a ser observados. A sociedade mudou, a intervenção cívica apurou-se, os meios de comunicação ampliaram-se, a qualidade das críticas difundidas pelos interessados na coisa pública é um facto, ou seja, cada vez há menos gente que não saiba responder quando alguém ouse atirar-lhe areia para os olhos.

Os eleitores não vão olhar tanto para o número de requerimentos, ou para a quantidade de pedidos de informação ao governo, ou para o eventual fogo de artifício de reclamações populistas, ou para a actividade de oposição apenas para oposição, ou de encómios à acção governativa apenas por proselitismo de situação. Os eleitores vão apenas tentar responder à pergunta que eles mesmos formulam, independentemente de em quem votaram, do partido de simpatia ou mesmo de militância: afinal para que é que a gente elegeu estes oito?

Carlos Albino

    Flagrante saudação: Impõe-se uma saudação a João Guerreiro pela sua eleição (na terça-feira pelo Conselho Geral) para reitor da Universidade do Algarve que a região ou a sociedade algarvia deve assumir em definitivo como o seu bilhete de identidade, ou não seja também verdade aquela adaptação do dito – diz-me a universidade que tens, dir-te-ei quem és…

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

SMS 336. Esse veneno do “jornalismo oficial”



12 Novembro 2009

Não existe jornalismo feito pelas câmaras, pelas juntas, pelas delegações de ministérios, pelas direcções regionais ou pelo governo civil. Também não é um atributo das empresas públicas, sejam elas tuteladas pelo estado ou pelos municípios, traçar limites para o exercício do jornalismo. A liberdade de expressão não pertence ao universo oficial dos assessores de presidentes, dos adjuntos ou dos porta-vozes de gabinetes executivos – a liberdade de expressão não é um item dos gabinetes municipais de comunicação aos quais, com legitimidade, são cometidas as tarefas de propaganda ou de explicação dos actos. Em resumo, ter 80 % por votos, ou ser delegado de quem tal percentagem obteve, não credencia ninguém para ser mentor de jornais, orientador dos directores de rádios e juiz do que livremente se submete à opinião pública ou desta emana sendo do conhecimento geral. Ou seja: não há jornalismo oficial. Oficial é o poder cujo exercício é escrutinado periodicamente com aquela mesma obrigatoriedade que é igualmente a salvaguarda da democracia, mas que também é, ou deve ser, escrutinado pelo jornalismo com finalidades distintas das da justiça – o jornalismo não pode nem deve condenar, mas sim revelar, interpretar, contrapor e interpelar e, sobretudo, impedir que o interesse público e o bem comum levem o enterro das coisas mortas.

Mal do município, direcção regional, instituição ou empresa pública, repartição ou organismo do estado que dividam o jornalismo em jornalismo a favor e jornalismo contra. Primeiro, porque não há jornalismo a favor (se passa com essa fama, não é jornalismo, é propaganda). Segundo, não há jornalismo contra (se intenta isto, leitores à partida, o regulador constantemente e, em último caso a própria justiça, punirão quem ultrapasse os limites éticos).

Ora, no Algarve, há por aí muita propaganda de facto (boa e má) que vilaniza o jornalismo, como também há por aí pressões e critérios selectivos que beneficiam o “jornalismo a favor” e penalizam o “jornalismo contra”, tal como ocorre nos regimes autoritários em que só o jornalismo oficial é infalível…

Carlos Albino

    Flagrante exercício: O do seguimento da actividade dos deputados eleitos pelo Algarve – a que é desenvolvida só para dar nas vistas como fogo de artifício, e a que, indo ao encontro dos anseios legítimos do eleitorado, decorre com fundamento de necessidades colectivas. Além disso, há quem não faça nada …

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

SMS 335. Estimadas bibliotecas



5 Novembro 2009

Nada melhor que se compare com as bibliotecas municipais do que um barco cujo homem do leme tenha ao mesmo tempo as mãos no motor, tendo que executar as duas tarefas. É claro que o homem ou mulher do leme e motor de uma biblioteca é o director e não vale a pena andar-se às curvas. Daí que se há o azar de sair na rifa um director ou uma directora sem criatividade, jeito e golpe de vista, essa biblioteca azarada não terá grande sorte, devendo contentar-se com mais um funcionário daquele género a que outrora se chamava manga de alpaca, mas que nestes dias de computação pode ser designado por rato sem fios.

E é assim que temos por aí bibliotecas cheias de vida, com programação de qualidade, onde a todos dá gosto de entrar, participar e usufruir, pelo que se tornaram não só em referências locais como chamariz das redondezas. Por sua vez, outras há entregues a rotinas cómodas, com cheiro a bolor dos dias, sem golpe de asa, prosseguindo aquele género do não me incomodem que também a ninguém incomodo, pelo que estas tais bibliotecas pouca diferença farão da igreja secundária que faz de centro funerário – a sineta só toca quando há morto – pelo que os actos culturais em tal ambiente se assemelham a cortejos de piedade, umas vezes devida, outras vezes mal paga.

Vários factores condicionam, por certo, o êxito ou fracasso de uma biblioteca, instituição que tantos e tantos vislumbraram como imprescindíveis emblemas da democracia – biblioteca só é biblioteca se for verdadeira universidade aberta, com alunos nas estantes e professores a entrar e a sair, porque mal da biblioteca se quem lá entrar ou de lá sair não se sinta de alguma forma professor embora com a humildade do sábio, e boa biblioteca será se dela se afastarem os alunos prepotentes, alguns de tal modo prepotentes que nasceram sabendo tudo e lido tudo no ventre que os professorou.

É claro que há por aí alguns que dirigem bibliotecas como se estivessem a dirigir arquivos, e outros que nem isso porque caíram no Algarve de pára-quedas, não se esforçando minimamente para conhecerem o lugar onde caíram e as pessoas com que se cruzam – caíram numa biblioteca como poderiam ter caído num centro funerário com a tal sineta a tocar pela cultura morta.

Carlos Albino

    Flagrante Mendes Bota: O deputado do PSD não dá tréguas. Já seguiu uma pergunta para o governo sobre o afastamento do administrador hospitalar José Carlos Casimiro, após 15 anos em funções no Centro Hospitalar do Barlavento. Na anterior legislatura subiu a meio milhar, o número de perguntas, requerimentos…

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

SMS 334. Acredito numa nova geração

29 Outubro 2009

Ser líder político do Algarve ou, talvez melhor, no Algarve, não significa nem depende de ser deputado pelo Algarve, nem o facto de alguém ser deputado significa que, só por isso, seja líder na região ou da região. Daí que o esmagador número dos deputados que os eleitores algarvios, desde 1976, têm vindo a depositar em S. Bento, jamais tenham feito parte de qualquer liderança visível e credível, que apenas um pequeníssimo número deles tenham tido alguma fama de líderes mas que não passou da fama, e que ao fim de décadas de democracia dificilmente se pode dizer que houve ou há um, dois, três líderes políticos algarvios com pensamento estruturado, discurso mobilizador, projecto com profundidade, coerência e reconhecimento geral para a sociedade balcanizada deste Sul, e, sobretudo, com voz autorizada em Lisboa e que seja respeitada pelos governos e directórios partidários como a voz a ter em conta. Assim com estas características não tivemos nem temos essa voz ou vozes, como outras regiões têm e ainda bem. É claro que tivemos e temos gente muito trabalhadora - Mendes Bota, então, na última legislatura, foi uma fábrica de requerimentos, protestos, pedidos de esclarecimento, por aí fora, a contrastar com a lassidão dos seus colegas de partido e dos seus directos adversários que andaram a dormir nas curvas. Mas isto não basta.

E porque é que se chegou a este ponto? Certamente porque as estruturas regionais dos partidos ocuparam-se nestas décadas de democracia em jogos de poder, em distribuição de mordomias, em atribuir lugares marcados, em disputas alimentadas simpaticamente pelos poderes instalados em Lisboa, porque quanto a ideias e a debate, pouco ou nada. Nem o PS nem o PSD se livram desta evidência que já vitimou o PCP para durar e inclusive o BE neste seu breve trânsito, muito embora os partidos tenham promovido de quando em onde alguns fóruns, bastantes jornadas e possivelmente colóquios a rodos todos eles para consagrar os líderes de ocasião que, no Algarve, tão depressa sobem como rapidamente acabam por cair… Tudo isso não deu nada ou deu muito pouco, como se viu com a formação das listas para a Europa e para as legislativas em que a regra foi a do «come e engole».

Com o fracasso de voluntaristas sem estofo, com o desapontamento de meros afilhados do poder de Lisboa, e após estas décadas de espera por um golpe de asa da parte de quem, só tarde se viu, era incapaz de voar, acredito que apenas uma nova geração de políticos no Algarve, sem os vícios dos progenitores, poderá proporcionar a formação de um escol de qualidade e de um lote de dirigentes onde se a representatividade se reveja na liderança e, sobretudo, onde o oportunismo partidário não só seja crime como também castigo. Para essa nova geração, leva tempo e é preciso que não nasça já envelhecida, já que, em política, os bebés-velhos são já vulgares…

Mais? Fica para a semana.

Carlos Albino

    Flagrante espectáculo: Vai repetir-se em breve o triste espectáculo das renúncias e suspensões de mandatos em S. Bento.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

SMS 333. Os partidos como os caranguejos

22 Outubro 2009

Não é difícil perceber que, no rescaldo deste arrastado ciclo eleitoral (europeias, legislativas e autárquicas) que consumiu metade do ano, muito vai mudar sobretudo nos partidos onde muita gente não soube envelhecer, e, pior do que isso, onde alguns julgando-se insubstituíveis não conseguiram entender que o protagonismo exacerbado é o doença prolongada da política. Não estou a falar de um partido em especial, estou a falar de todos, os grandes e os pequenos, os que têm tido penacho parlamentar e os que nem isso.

As três eleições e particularmente as autárquicas que se desdobram em três sufrágios distintos (assembleias, câmaras e juntas) deram resultados tais que nenhum dos partidos se pode gabar de não ter progredido como os caranguejos – avançaram às arrecuas… - como também nenhum deles, quer por via das insípidas europeias ou das confinadas autárquicas, quer por via das desvirtuadas legislativas (círculo eleitoral desvirtuado, direcções regionais desvirtuadas, programas e compromissos eleitorais secundarizados em benefício dos apetites dos inúmeros líderes nacionais que se atropelaram), pode hoje dizer que debitou um contributo de liderança para o escol de líderes de que o Algarve carece. E aqui é que bate o ponto.

Na Europa, o Algarve perdeu ou não obteve um lugar, uma presença natural, o que só conseguiria impor por mérito de alguém suportado por eventual e incontornável força política dentro dos partidos; nas legislativas, os directórios políticos regionais deixaram-se ultrapassar pelos directórios de Lisboa que, na prática e apesar da fama de nacionais, são os directórios mais provincianos que o país tem e onde o Algarve não contou mesmo na sua parte mais provinciana; e nas autárquicas, além do apreciável número de chefes locais em fim de carreira por imposição legal ou movidos pela perspectiva de cálculo de reforma (também conta, mesmo a nível de freguesia) pouco ou nada, de Aljezur a Alcoutim e de Vila do Bispo e Vila Real, poderia emergir para o patamar de liderança regional, embora em Faro tenha sido levantada por mero exercício populista a questão da «Capital do Algarve», como se esta questão dependesse de postura municipal ou de subjugação das restantes 15 capitais como no fundo querem ser, à excepção de Alcoutim que é a terra mais pobre do país e de Monchique que é um Algarve à parte.

Mais? Fica para a semana.

Carlos Albino

    Flagrante evidência: Uma palavra para o elevado nível de um bom número de blogues algarvios neste ciclo eleitoral. Muita coisa por aí fraca, dispensável e até sem padrão de ética política; mas também um bom número que dá esperança pois foram prova de cidadania, dês escrutínio acutilante e, sobretudo, de saber.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

SMS 332. Macário Correia é quem fica mais exposto

15 Outubro 2009

A poeira das autárquicas começa a assentar e não é difícil perceber que as atenções, nos próximos tempos, vão virar-se para Faro. Na verdade é Macário Correia quem fica mais exposto aos olhos de todos, porque todos vão prestar enorme atenção aos pretextos que ele vai invocar quer para fazer isto quer não fazer aquilo.

Macário Correia não pode cair em argumentos provincianos já gastos e regastos ao longo destas décadas de experiências nas sucessões autárquicas, para tentar justificar o que não vai poder fazer, pois logo no primeiro momento em que decidiu trocar Tavira por Faro, como diria o outro, Faro não é Portimão, nem Albufeira, nem Loulé – Faro é Faro… Ou seja: Faro não é um concelho onde o ouro se cave e não fosse o aeroporto e uma dúzia de serviços administrativos a que se junta o governo civil, o fórum e o bispado, Faro seria menos que Faro.

Com isto não estamos a dar razão ao cartaz politicamente suicidário de José Apolinário (aliás, não foi Apolinário que falhou, foi a sua campanha que falhou) estamos apenas a dizer que Faro não depende de qualquer messias, pelo que se Macário Correia julgar, por um segundo que seja, que vai ser o messias de Faro, não só andará enganado como facilmente cairá na tentação de usar um argumentário de que será a primeira vítima no final do mandato, se não for antes, pois Faro gosta muito de sentir a iminência de intercalares – dá vida ao centro da cidade.

É que já está fora de moda esse pretexto das contas ou da situação financeira da câmara anterior se encontrarem invocadamente num caos, no fundo um pretexto para acautelar incumprimentos mais que certos por parte de quem isso denuncia – oxalá o ganhador em Tavira não use o mesmo expediente relativamente ao seu antecessor Macário pois sofreria as mesmas consequências que este sofrerá em Faro se cair na tentação desse choradinho típico do populismo.

Um político que o seja, quando se candidata ao comando de uma cidade com a simbologia que Faro possui, naturalmente que tem a obrigação de saber como é que estão as contas que não são segredo de estado. Não é no dia seguinte que delas toma conhecimento, é na véspera de se candidatar, e é para isso que existem os partidos aos quais compete o escrutínio constante. É geralmente sabido que a contabilidade é um jogo mas, mesmo como jogo, não deve perder a decência, caso se pretenda ir longe, ou pelo menos, um pouco mais além.

Carlos Albino

    Flagrantes lições: As lições gratificantes do PS em Vila do Bispo e Olhão (para bom entendedor…), têm muito a ver com as penosas lições do mesmo PS em Loulé e em Monchique.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

SMS 331. Os 16 + 82 algarves, fora o resto

8 Outubro 2009

Pois o resto serão esses 56 organismos do estado, eufemísticamente ditos regionais, tal como foram contados por João Soares que se deu a esse trabalho, por entre direcções, administrações, delegações e possivelmente agências e que dificilmente conseguem evitar cair na tentação de serem quintais provincianos, a somar aos 16 tendencialmente quintais camarários e, os piores dos quintais, aos 82 das freguesias onde geralmente a humildade reside quinze dias antes das eleições e evapora-se oito dias depois.

É claro que esta descrição será um exagero e possivelmente uma falsidade se houver, em razão de cultura local, bastantes excepções entre as câmaras seja qual for a força política que as lidere, e excepções também por entre as freguesias. Ou melhor, para não se ofender ninguém, e não tendo em conta o número de algarves das empresas municipais, intermunicipais e paramunicipais que estão no vasto território de mordomais e favores discutíveis, nada custa afirmar gratuitamente que nenhuma câmara algarvia deixa de ser excepção não reclamando autonomia provinciana, e também que todas as freguesias algarvias são excepções ao mesmo anestesiante provincianismo – assim ficamos todos contentes com esse estatuto de excepções, embora as freguesias continuem a desunhar-se por mais três centímetros de território além, ou quatro aqui na perspectiva do imobiliário, e as câmaras continuem a contribuir, cada uma por seu lado e na defesa intransigente das suas visíveis fronteiras, para o esvaziamento do conceito concreto de Região (com letra grande), porque o conceito abstracto não incomoda e está nas nuvens. Ficamos portanto na mesma, sem se saber se o Algarve concreto é ou não todo ele uma excepção ao caciquismo ou todo ele uma disfarçadíssima adesão ao dito caciquismo que se pretende combater com a imposição legal do número de mandatos.

Somando as parcelas, 16 algarves camarários, mais os 82 dos fregueses, mais ainda os tais 56 do corrupio de despachos em Lisboa, aí teremos 154 algarves - o que, convenhamos, são algarves a mais para se pensar numa voz afinada, enfim, numa voz que há bem escassos anos se poderia designar como voz do povo algarvio, e que outrora foi lícito admitir que, em democracia representativa, haveria de ser sinónimo de salto cultural, de aprofundamento político do exercício da Crítica, e de movimentação cívica de uma sociedade ciosa de alguma identidade que lhe seja própria por nascença ou por adopção, tanto faz.

A falta dessa voz denuncia, todavia, a falta de liderança da Região ou a falta de competição entre candidatos a lideranças, como as legislativas poderiam e deveriam ter suscitado, para se evitar algum dia, um pior mal que é o do populismo. E não é pelas autárquicas que tal voz se consegue, antes pelo contrário.

Carlos Albino

    Flagrante surpresa: Surpresa mesmo, o despacho do Ministro dos Negócios Estrangeiros prorrogando por mais três anos (até 2012), a comissão de serviço de Miguel Freitas com efeitos a partir de 1 de Setembro, como conselheiro técnico principal na Representação Permanente em Bruxelas junto da UE. Como é? Outra vez suspensão do mandato? Para quê então concorrer?

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

SMS 330. E ninguém tira conclusões?

1 Outubro 2009

Desculpem, sobretudo Miguel Freitas e Mendes Bota, mas as eleições legislativas ainda são feitas por círculos com listas próprias pelo que a leitura política do sufrágio deve passar por um primeiro patamar que é o do círculo – só a partir daí é que a conversa pode ser outra. Nesse primeiro patamar, estão em causa as lideranças partidárias regionais, as listas da cabeça à cauda, e os projectos, programas ou ideias galvanizadoras para a região, sobretudo se a região coincide com o círculo como é o caso raro do Algarve. Os líderes regionais não podem isentar-se desse escrutínio, tenham sido cabeças ou segundos das listas, estejam ou não eleitos.

As perdas enormes do PS no Algarve obviamente que não se explicam pelos incorrectamente chamados votos de protesto que, como tal, não existem e são desculpas de mau pagador de promessas. Quando o eleitor vota, escolhe quem quer e discrimina ou afasta quem não quer – qualquer voto é simultaneamente adesão e protesto. Tanto assim, que é admissível e até comprovável que muitos eleitores que voltaram e voltarão a votar no PS protestam tanto ou mais ainda do que aqueles alegados protestantes que transferiram os seus votos para o PSD do Algarve e para o BE do Algarve. Não é por aí, não valendo a pena explicar os males do PS do Algarve como efeitos dos erros de Sócrates.

O mesmo no PSD que perdeu a hipótese de uma vitória histórica no Algarve mas viu escapar-se-lhe eleitorado suficiente para o CDS julgar que é o que não será tanto. O PSD só não ficou eleitoralmente humilhado porque a perda para o mesmo CDS foi compensada pelos votos provenientes do PS, compondo a fotografia.

Ora Miguel Freitas e Mendes Bota deveriam tirar conclusões, possivelmente aquelas conclusões que o escol do eleitorado tirou: o Algarve tem chefes e até muitos candidatos a chefes, mas não tem lideranças políticas com bilhete de identidade reconhecível, programa galvanizador, projecto com cabeça tronco e membros, ideia para a região e não para os quintais de interesses e caciques do costume.

Quanto a Miguel Freitas, as enormes perdas do PS do Algarve foram, em análise séria, perdas no Algarve, e se, globalmente no país, o PS tivesse seguido o comportamento do eleitorado algarvio teria o destino traçado: em vez dos 96 mandatos até agora obtidos, teria metade dos de 2005: apenas 60… Naturalmente que a lassidão de comando e arrastamento acrítico do PS do Algarve nos últimos anos, conduziu a isto.

Quanto a Mendes Bota, enfim, teve tudo contra – perfil da líder nacional do partido, perfil da lista, perfil circunstancial do CDS que fez à vontade e sem transtorno o tal trabalho de sapa que o mar faz nas falésias da região hidrográfica.

Carlos Albino

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

SMS 329. Quase roçou o insulto

24 Setembro 2009

Deve-me ter escapado algum depoimento mas julgo ter lido praticamente todas as declarações por palavras que não voam, i.e. imprensas em papel de jornal, ditas pelos cabeças de lista do círculo eleitoral de Faro. Todos eles, sobretudo os que se reputaram com a fama de elegíveis, não sendo oriundos do Algarve (o que é de somenos importância) nem tendo histórico político identificado com o Algarve a ponto de a legitimidade de o representar coincidir com a credibilidade cívica da ligação aos eleitores (e isto é que está em causa), pois todos eles se esforçaram por ou atenuar ou secundarizar a forma como tomaram ou tiveram que tomar cada um o seu comboio para o Algarve e em alta velocidade. Com particular curiosidade segui os depoimentos de Bacelar Gouveia (de Lisboa, PSD), João Soares (de Lisboa em parte por via da Fuzeta, PS), Cecília Honório (de Cascais, BE), Paulo Sá (de Guimarães, PCP) e Artur Rêgo (de Luanda, CDS). Cada um disse o que pensava sobre as questões essenciais do Algarve, tudo bem, são responsáveis, de maior e vacinados.

Mas há um depoimento que deveras me chocou e até me entristeceu. Foi o de Bacelar Gouveia. Para justificar a sua falta de ligação ao Algarve respondeu que há pessoas de referência da região que não são algarvias, dando como exemplos o bispo do Algarve (transmontano) e o treinador do Olhanense (do Porto), reduzindo depois essa questão a um «aproveitamento bairrista». Ora, Bacelar Gouveia adulterou o fundo da questão e as analogias que estabelece entre a eleição do principal representante da região no parlamento e o bispo do Algarve ou treinador do Olhanense, roça o insulto a quem vê a política e espera da política mais do que uma missa ou um pontapé na bola.

É claro que não basta dizer que se conhece o Algarve (o da vida diurna? nocturna? O dos golfes? o dos iates?) para daí se concluir que há uma identificação política – política, repita-se, na dignidade da palavra ou na dignidade que ela devia ter sempre – com o eleitorado, com os cidadãos que do Algarve fazem a sua vida e dele dependem. Também não basta ter-se nascido no Algarve para se ser algarvio, nem é preciso repetir a Bacelar Gouveia que alguns, e não são poucos, nasceram no Algarve mas são politicamente um erro da natureza. Não há qualquer «aproveitamento bairrista» exigir-se aos que se propõem representar o eleitorado algarvio no parlamento um perfil de identificação cívica e política com a vida algarvia, a que reside aqui, aqui trabalha e aqui vai morrendo em cada segundo que passa, e não a que para aqui vem em calção curto, começando o Algarve no Mar-e-Guerra e terminando no Patacão, cabendo num circuito do Minibus de Faro.

Bacelar Gouveia obviamente desconhece que os algarvios sabem muito bem o que é o bairrismo, sabendo melhor que o senhor bispo de Faro, por melhor transmontano que seja, dificilmente treinará bem o Olhanense, assim como se duvida que o treinador deste clube, treine ele melhor que ninguém, diga melhor missa e faça homilia mais excelente que o bispo. É preciso continuar?

Carlos Albino

    Flagrante naturalidade: Por acaso, João Soares até conseguiu fazer-se mais algarvio em oito dias do que o n.º 2 e a n.º 3 da lista do PS durante anos.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

SMS 328. Em função dos líderes



17 Setembro 2009

Como se esperava pelos critérios e tropelias das listas, a campanha para as legislativas depende dos líderes dos partidos, cada um deles por sua vez cabeça de lista de outros círculos (José Sócrates pela Beira Baixa de Castelo Branco, e tanto Ferreira Leite como Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã por Lisboa com ou sem TGV, já que o sulismo é o diabo para Paulo Portas além do Sul não ter grande lavoura e os nossos mercados haver mais peixe que peixeirada). A lassidão dos dirigentes partidários regionais, alguns deles já de si algarvios por adopção ou, melhor, por usucapião, somada à fraca preparação política ou, se ela existe, ao seguidismo dos militantes que se escondem acriticamente nas trincheiras concelhias, permitiram ou facilitaram o uso do círculo eleitoral de Faro como barriga de aluguer, voltando à expressão aqui usada há semanas e que se volta a reiterar para responder a protestos de consciências pesadas. E porque a campanha, melhor, o voto depende mais dos líderes do que das listas, eles aqui vieram, e num caso até mesmo fora do dia de baile para que a tampa não se notasse tanto. Portanto, tudo funcionou e funciona como se as eleições fossem para eleger o primeiro-ministro, e não apenas e só representantes por círculos que se juntarão aos restantes representantes dos outros círculos ditando uma determinada maioria e umas quantas minorias de cujo voto colegial dependerá o próximo governo. Portugal não tem um sistema de governo de chanceler mas, desvirtuando o regime de parlamentarismo e semi-presidencialismo, aqui vamos cantando e rindo como se a finalidade de 27 de Setembro fosse eleger um chanceler.

Numa coisa Jerónimo de Sousa tem razão, deixem lá o homem ter razão ainda que seja numa, embora isto mais pareça ser uma observação do nosso caro Watson para Sherlock Holmes: as eleições legislativas não são para eleger o primeiro-ministro, são para eleger deputados em listas por círculos…

Todavia, apesar de no círculo de Faro não estar directamente em causa a eleição de José Sócrates, Ferreira Leite, Louçã, Jerónimo ou Portas como deputados, a propaganda, a actividade dos partidos e a enorme pressão oportunista exercida sobre o eleitorado relegou para segundo plano os candidatos genuínos que, bons ou maus, serão eleitos ou postergados em função dos respectivos líderes que, de resto, os colocaram impositivamente na barriga de aluguer. Isto não justifica a abstenção, apesar do desvirtuamento das regras democráticas acabar por ser uma sorte grande para os três primeiros de cada lista.

Carlos Albino

    Flagrante sintoma: O esforço para prova de ter alguma coisa a ver com o Algarve, como se isto fosse questão de raça. Se até os marroquinos adoptivos e os cães de caça têm, porque é que angolanos remotos, lisboetas de gema, beirões reciclados e minhotos in vitro não hão de ter?

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

SMS 327. Não há explicação



10 Setembro 2009

Descontado algum caso de manifesto favor ou compensação política não justificada (não vamos entrar por aí porque daria pano para mangas), acerca das listas dos partidos para as legislativas no Algarve, pouco ou nada há para dizer que já não tenha sido dito: não há explicação aceitável para que os cabeças de lista não sejam figuras da região, figuras para a região ou figuras que provadamente e com identidade algarvia tenham capacidade, sensibilidade e conhecimento para representar a região. Se as alas regionais dos partidos aceitaram isso, o problema naturalmente que em primeira linha é dos partidos. Mas veremos como o eleitorado reagirá, muito embora os partidos já se tenham encarregado, há muito, de deixar sugerido que o melhor eleitorado é um eleitorado que, acéfalo e acrítico, se deixe conduzir ou moldar não pelas ideias mas pela propaganda, tal como já moldaram o cidadão algarvio para a inevitabilidade da descaracterização dos tons, valores e responsabilidades regionais.

Os partidos, designadamente quando estão no poder, têm tratado o Algarve como se isto aqui fosse uma caldeirada entregando a meros emigrantes de luxo instalados na região responsabilidades e competências a que nas suas terras de origem jamais ascenderiam. É também mais do que verdade que os algarvios, a começar pelas suas chamadas forças vivas que deveras estão mortas, consentem isso, toleram isso e por vezes até gostam disso por perverso exercício de represália contra um concorrente conterrâneo.

O mal dos que têm conduzido ou conduziram a política no Algarve é o de, desde há muito, desde o 25 de Abril digamos sem ofensa, serem de uma extrema subserviência para qualquer poder de Lisboa (do partidos ou do Estado) e, ao mesmo tempo, de uma extrema arrogância para os algarvios que estão ao lado, um pouco acima ou um pouco abaixo, sendo a arrogância maior caso estejamos perante um algarvio mal amanhado.

Carlos Albino

    Flagrante sabedoria: O ministro do Ambiente quer multar os banhistas… Pouco faltará para multar os safios, as bogas, os camarões, as ferreirinhas, as lapas, enfim, todos esses seres responsáveis pelos crimes ambientais cometidos na costa algarvia por acção ou omissão, sobretudo as bogas e as ferreirinhas.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

SMS 326. Arquive-se?



3 Setembro 2009

A Procuradoria abriu um inquérito-crime sobre a tragédia da praia Maria Luísa, mas, curiosamente, as declarações de isenção de responsabilidade continuaram como se não houvesse inquérito. Além disso, a atribuição de louvores não se fez esperar como se o inquérito já tivesse terminado e as conclusões permitissem louvores. Nada permite duvidar das intenções e da actuação da Procuradoria muito embora seja lícito pensar que eventuais culpados terão todo o interesse em esvaziar, por esta ou aquela via, a iniciativa legal. Isso mesmo já tem acontecido noutros casos e mais um não admiraria que viesse a terminar com o tal carimbo do «Arquive-se».

Mas admitindo-se que há inquérito sério e sem a intenção política do «Arquive-se» a ruir sobre as conclusões em fuga atempada, há duas perguntas inevitáveis. Por acaso foram exigidos os relatórios dos célebres estudos que responsáveis garantiram ter sido feitos pouco tempo antes da tragédia e que permitiram concluir que o risco «não era iminente»? E por acaso foi questionada em sede de inquérito a oportunidade da demolição do trágico penhasco da praia e a importância dessa iniciativa para a conservação e avaliação de provas – ou seja, a demolição foi feita com prévia consulta e anuência da Procuradoria?

Voltaremos ao assunto as vezes que forem necessárias.

Carlos Albino

    Flagrante cálculo: A avaliar os cálculos dos responsáveis pelos cinco partidos com expectativas de ganho regional nas legislativas, o círculo de Faro elegeria 14 deputados e não apenas os oito que lhe cabe em sorte… Aguardemos calmamente o final de Setembro e, até lá, alguns humoristas da política que vieram parar ao Algarve podem dizer tudo e até atirar foguetes e apanhar as canas.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

SMS 325. Acabemos com as desculpas


27 Agosto 2009

Tem toda a razão João Palma, presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público ao afirmar que a Procuradoria-Geral da República «tem necessariamente que abrir um inquérito-crime» pelo que ocorreu na Praia Maria Luísa. Estranho seria que o Ministério Público assim não proceda sem mais delongas. Há onze entidades implicadas na gestão da orla costeira, designadamente na intervenção e prevenção em arribas, mas no caso da praia de Albufeira há uma ou duas mais responsáveis que outras e é chocante que até agora apenas tenha havido declarações de isenção de responsabilidade, tratando-se de um local público, cuja frequência se incita e se transformou em cartaz apelativo, sabendo as autoridades que não são poucos os que visitam a Algarve das arribas sem alguma vez terem visto o mar e muito menos sabendo qual a verdadeira natureza das falésias e penedos de areia conglomerada.

Também o que pelo menos dois presidentes de câmara, o de Albufeira (Desidério da Silva) e o de Portimão (Manuel da Luz) afirmaram, aponta para a urgência de se identificarem eventuais responsabilidades por negligência ou incúria, independentemente do ministro do Ambiente ter garantido que arriba em causa tinha sido observada uma semana antes da tragédia e que não fora detectado «risco de acidente a curto prazo». Quem observou teve em conta todos os factores, designadamente abalos mesmo pequenos? E o que é esse curto prazo? Quem ou por qual carga de ciência pode determinar prazos curtos, médios ou longos para as «arribas instáveis» do Algarve? Acabemos com as desculpas e o Ministério Público deve acabar, neste caso, com o jogo de pingue-pongue entre as onze entidades que por este ou aquele fundamento legal têm pé naquela praia mas rapidamente se isentam quando há esturro

Um inquérito-crime é o mínimo que espera do Ministério Público e com a maior rapidez possível para que eventuais inocentes não vivam muitos dias com a fama de culpados. Não é a culpa pelo desmoronamento que está em causa, o que está em causa é como continuadamente se autoriza a abertura de uma praia ao público e quem por isso é responsável, sem se estabelecer limite de lotação, sem demarcações de segurança inequívocas e, como sabia qualquer pescador antigo nunca tendo chegado a ministro, com arribas e penedos que são deveras riscos de acidente sem prazo marcado onde quer que se encontrem e em qualquer semana em que sejam observados.

As brincadeiras podem ter graça apesar de brincarem com a tragédia, mas desta vez não foi o tal tsunami da GNR e da capitania de porto e que rapidamente ficou apenas lembrado onde pode assim estar – no anedotário. Desta vez o caso foi sério, pode repetir-se – acabemos com as desculpas.

Carlos Albino

    Flagrante evidência: Qual é o algarvio da serra ou do barrocal que sem ser geólogo não sabe que houve tremor quando rebolam as pedras dos valados e que quanto maior foi o tremor mais pedras rebolam?

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

SMS 324. Até agora, coisas vazias


20 Agosto 2009

As listas para o parlamento são o que são – listas pobres, com uma gente estranha e outra gente que faz da política um emprego – e quanto a programas eleitorais para consumo do círculo também não se espera grande coisa para além das tiradas da regionalização, meta que, por este ou aquele motivo ou pretexto, ficou desacreditada aos olhos dos eleitores. As listas para as câmaras e freguesias também não vão politicamente além do sofrível com rotundas a serem feitas por aí à última hora, com festivais a cheirar a últimos cartuchos mas na expectativa de que o povo agradeça, enfim com crónicas do poder nos jornais que por tão óbvias acabam por se revelar peças humorísticas certamente contra a vontade dos autores, e com as oposições, uma aqui de uma espécie, ali de espécie contrária, a usarem exactamente ou a baixa política de estreita visão localista ou os verbos abstractos do mais aberrante bairrismo no infinitivo: refazer, relançar, reganhar, reconquistar, restituir… Até agora, coisas vazias.

Os cartazes já vão estando nas ruas e praças embora apenas lá para meio de Setembro é que entrará para dentro dos olhos que legislativas e autárquicas vão ser uma única molhada apesar dos sufrágios decorrerem em dias diferentes. Mas apesar de molhada, os eleitores não vão confundir umas com outras. Por um lado, como raramente aconteceu desde a instauração do regime democrático e ultrapassada a era das figuras carismáticas regionais que discursaram muito e pouco fizeram, os grandes partidos não dispõem no Algarve de escóis regionais – o escol de cada partido ou próximo de cada partido pôs-se à margem e isentou-se, deixando praticamente dentro dos partidos apenas elites constituídas por gente funcionária que exerceu cargos altos e baixos por nomeação e que mais não podem oferecer do que a ideologia funcionária que receberam – são elite e vestem bem, sim senhor, mas estão longe de ter a categoria de escol que, se é escol, não depende da camisa ou dos folhos do vestido. E não ter escol é o drama do Algarve que os principais partidos converteram em tragédia e os que os partidos secundários representam sob a forma de farsa. A corrosão da democracia começa a dar sinais por aí como a ferrugem no ferro.

Carlos Albino

    Flagrante conversa de café: Ninguém vai votar apenas para que o número dois de uma lista ou o número quatro de outra seja eleito. A não ser às cegas.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

SMS 323. Barrigas de aluguer



13 Agosto 2009

À falta de partidos regionais que a lei impede e em certo sentido muito bem, as listas de candidatos por círculos eleitorais deveriam satisfazer os objectivos e as condições de representatividade regional. E assim é mais ou menos à excepção do círculo eleitoral de Faro cujos limites coincidem com a almejada região. À primeira vista, nos restantes círculos candidata-se quem é «da terra» ou que à evidência se identificou com a terra por palavras, obras e actos e não apenas pelo oportuno desempenho de cargos, mas no círculo de Faro aí temos de tudo, com os principais partidos a terem no Algarve as convenientes barrigas de aluguer para gerarem deputados que noutros ventres eleitorais não vingaram ou não vingariam. Na verdade, não há conhecimento de alentejanos do coração concorrerem em Viseu, de algarvios dos costados se apresentarem em Évora ou em mesmo aqui ao lado em Beja. Estamos em crer que nenhum beirão aceitaria um constitucionalista do Cachopo não por ser constitucionalista mas por ser do Cachopo, acontecendo o mesmo caso o homem do Cachopo, não sendo constitucionalista, tivesse sido presidente da Câmara de Lisboa e candidato a Sintra.

Ao fazerem do Algarve uma barriga de aluguer, os dois principais partidos em nada contribuíram para se restaurar a representatividade democrática posta em crise por jogos de interesses que excedem as marcas e por entendimentos em que o oportunismo político faz tábua rasa dos reclamados valores da democracia. O PSD, que até poderá eleger três deputados, não precisava disso ou quando muito punha isso em quarto ou quinto lugar. Quanto ao PS excedeu-se pois, sendo muito difícil que eleja também mais que três deputados, o círculo será de Lisboa, de Évora/Bruxelas ou da Guarda e de Faro só por adopção. É claro que com isto se deixa sugerido que a CDU voltará certamente a ter um deputado pelo Algarve em S.Bento onde o BE se estreará quase pela certa também com um representante. Vejam no que as barrigas de aluguer dão.

Carlos Albino

    Flagrante complexo: O dos candidatos e dirigentes políticos “algarvios” que nos currículos públicos omitem a terra de naturalidade…

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

SMS 322. Costelas verdadeiras e falsas costelas

6 Agosto 2009

E aí temos as listas de candidatos a deputados pelo Algarve. Como é óbvio, cada partido tem a legitimidade de apresentar ao eleitorado o que entender, bom ou mau, competente ou incompetente, algarvio ou não. Ninguém de fora de cada partido tem o direito de se intrometer nas propostas porque o sufrágio é que vai ditar a sorte e o eleitorado não é tão burro como muitos presumem e mesmo quando come cardos é porque tem conveniência nisso. Mas todos – os de dentro e os de fora dos partidos – temos o direito de avaliar eventuais casos de política enganosa.

Numa democracia deveras representativa, naturalmente que só faz sentido haver candidatos pelo círculo eleitoral de Faro se tais candidatos tiverem dado provas e tenham exibido perfil de defensores dos interesses do círculo, de conhecedores dos problemas, de portadores de soluções e de zeladores do bem dos eleitores que se propõem representar que são os eleitores algarvios e não propriamente os turistas ou os comerciantes nómadas. Para tal não é necessário ser algarvio de nascença mas, sim, ter espírito algarvio e provada história individual de ter defendido o Algarve, os eleitores do Algarve, o povo algarvio. Na verdade, pode haver algarvios de nascença que politicamente não passem de erros da natureza (até há bastantes desta natureza), como também pode dar-se o caso de gente vinda fora que também politicamente acaba por ser uma dádiva caída do céu para o berçário do Algarve (também há bastantes dádivas destas). É claro que a qualidade política que deve existir num representante do Algarve não depende da mãe, do pai ou do local de parto. Depende do espírito, das provas e da história. Quanto ao espírito, ou se tem ou não se tem e não se tem isso por via do sangue; quanto às provas, não é em dois meses que elas surgem e, além disso, tais provas não são aceitáveis por exercícios de cargos; e quanto à história, não é com oportunismo político e calculismo de compensação que se pode convencer os outros a comer até cardos.

O que é que isto tem a ver com as listas do PSD e do PS, fica para a semana mas não se evita desde já um flagrante reparo, e o que tem a ver com as listas do BE e da CDU fica para final de Setembro…

Carlos Albino

      Flagrante reparo: Erro foi o do PS não ter colocado Jamila Madeira como cabeça de lista. Pelo espírito, pelas provas e pela história.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

SMS 321. A casa que devia dar exemplo



30 Julho 2009

O que se passou no parlamento já foi suficientemente comentado. Refiro-me ao debate sobre o estado da nação, a todo o debate e não apenas ao episódio de Manuel Pinho. No entanto, nunca será demais repetir que pior do que as cenas de S. Bento é a previsível imitação desse tom ou espécie de fazer política, das assembleias de freguesia às assembleias municipais, para não falar das assembleias de clubes, de escolas, etc.

Mal está a política quando os deputados abrem a boca e não medem as palavras, perdem a dignidade, entram pelo insulto e com uma máscara de combate a roçar o ódio dissimulam a fraqueza ou ausência de ideias e a incapacidade de exercício de crítica fundamentada. Mas enfim, as que se fazem em S. Bento, em S. Bento se paga. O pior é com os imitadores de que o país não se livrará, por certo, não sendo despropositado referir que o Algarve um campo propício a tais imitadores.

Nas eleições europeias já tinham aparecido sinais preocupantes da perda de qualidade da política, do debate e do confronto de ideias. Com a aproximação das legislativas e das autárquicas, não há apenas sinais, há dados objectivos, há provas de que afinal são os próprios candidatos que na mira dos votos cultivam e estimulam esse deslizar da política para o fundo. Não ganharão muito porque todos perderemos, sobretudo no Algarve onde a tradição da excelência política não existe ou se existe é coisa muito pontual e depende mais dos padrinhos do que do mérito próprio.

Carlos Albino

    Flagrante surpresa: Macário a ser educado em Faro por Alberto João Jardim, ele que até parecia politicamente educado.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

SMS 320. A região do barulho

2 Julho 2009

O barulho está a transformar-se no Algarve numa arma de destruição maciça. As câmaras concedem licenças a bares sem condições para o que dizem ser espectáculos de música ao vivo; a autoridade policial quando muito faz uma discreta intervenção; a ASAE que anda por aí a indagar qual a empregada de balcão que tem brinco na orelha, fecha os olhos, e algumas zonas de diversas cidades e vilas do Algarve são verdadeiros infernos. Chega agora o barulho às praias, com algumas esplanadas, até nas horas de sol, a apontarem o batuque para o cidadão que lá foi para ouvir o mar, inebriar-se com o azul do céu e descansar do mundo.

O curioso é que este mesmo Algarve feio e mau também parece estar sedento de silêncio, investindo verbas apreciáveis para aparentemente minorar o ruído. É o caso das câmaras que mal conseguem uma circular ou uns escassos quilómetros de estrada nova, não hesitam com uma rapidez espantosa colocar painéis contra o barulho ao longo dos mesmos quilómetros para quando muito protegerem apenas cinco ou seis ouvidos no descampado ou meia dúzia de casotas de cão novas apresentadas como novas vivendas. No entanto as mesmas câmaras nada fazem para impedir a poluição sonora dentro das cidades e vilas que tutelam, e nessa indolência e permissividade são gloriosamente acompanhadas ou secundadas pelas autoridades policiais mesmo que sejam solicitadas para acabar abusos, provocações e impunidades.

É claro que o Turismo é algo demasiado sério para que presidentes de câmara e autoridades o possam invocar em vão. O turista não vem ao Algarve para encontrar barulho a todos os cantos – há sítios apropriados para isso, há um enquadramento legal para a actividade de discotecas e de bares, há regras que definem as fronteiras entre a poluição sonora e o som que cada um quer comprar.

Carlos Albino

    Flagrante advertência: Há entusiasmos que irritam porque não correspondem bem à verdade e apatias que causam repugnância porque toda a gente gostaria que não correspondesse bem à mentira.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

SMS 319. A grande expectativa


24 Junho 2009

Depois dos resultados das “europeias” (entre aspas porque a Europa ficou entre aspas) naturalmente que a grande expectativa dos algarvios vai para as listas de candidatos que os partidos preparam ou reformulam para as legislativas, pois para as autárquicas o figurino está traçado – há candidatos que seguramente ganharão porque já ganharam e candidatos que apenas vão fazer o favor de se apresentarem como a solução local menos pior possível e pouco mais, descontada a vergonha política por algum lugar prometido por tal sacrifício. Todavia, por diferentes motivos, é bem possível que PS e PSD estejam a reformular os esboços de Janeiro/Fevereiro, com umas tantas figuras a saltar do barco e outras tantas a querer entrar.

No PS/Algarve, que se supõe ter aprendido amargamente que não há lugares garantidamente elegíveis, os nomes de deputados pela região têm que ser pensados um a um, nenhum pode estar associado a um escândalo por pequeno que seja e os cabeças de lista (nºs 1, 2 e 3) devem ser identificados mais por uma ideia ou um projecto em que o eleitorado acredite, do que por mero empenho nos empregos políticos que a maioria absoluta transformou em rotina. Se o PS não conseguir ou pura e simplesmente recusar fazer esse exercício de selecção que exige alguma purga, pior será.

No PSD/Algarve, que atravessou as europeias com temas cruciais lá muito bem escondidos ao fundo (a regionalização, por exemplo…) e que colheu os frutos do seu principal candidato nacional tudo ter feito para salvar a líder e não, como aconteceu no PS, ter-se visto o líder a tentar salvar o candidato, foi notório que, mal conhecidos os resultados, apareceu inesperadamente gente a forçar, a querer ou a sugerir uma entrada na lista, ligando lá para cima e aparentemente passando ao lado da estrutura regional. Se o PSD, mais uma vez, se apresentar como uma passadeira do oportunismo, também pior será.

O Bloco, a CDU e o CDS, certamente que, por esta ordem, beneficiando mais dos erros alheios do que dos méritos próprios, poderão mesmo entrar pelo Algarve no próximo parlamento e por aquela mesma ordem. Para o Bloco seria histórico, para a CDU seria um corolário e para o CDS seria, enfim, alguma prova de que não é um partido SCUT – ou seja, um partido que viaja em auto-estradas sem cobrança de portagem como parece viajar.

Carlos Albino

      Flagrante falha de autoridade: Muita gente já gastou o que não devia ter gasto nesta confusão dos furos (nos laboratórios de análises, então, com ou sem IVA…). A Administração da Região Hidrográfica do Algarve não tem uma explicação a dar com cinco cavalos de humildade, depois da nota informativa do ministro?

quinta-feira, 18 de junho de 2009

SMS 318. Tristeza e mau presságio



18 Junho 2009

As eleições para a Europa foram uma tristeza. O debate político foi paupérrimo e até deprimente, na sua grande maioria os candidatos tiveram tudo menos de europeus e não passaram de uns sorridentes provincianos com cara de paraíso garantido, muitos dos eleitores conscientes do que está em jogo neste Velho Continente ficaram atónitos e os restantes nem se aperceberam de que esteja alguma coisa em jogo. E como se previa, o Algarve que não teve um único candidato em lugar seguramente elegível em qualquer das listas, passou ao largo ou limitou-se a ver as alegres caravanas passar. O resultado é o que está à vista e, embora seja saudável cultivar o optimismo, não é de rejeitar a ideia de que estas eleições para a Europa, em vez de terem funcionado como alavancas para as legislativas e autárquicas, foram as primeiras que deixaram um sinal de profunda descrença na forma como os partidos usam o sistema de escolha colectiva. Oxalá que assim não seja, mas é aconselhável não assobiar para o lado.

Aliás, o Algarve não teve um candidato europeu que se impusesse nos jogos internos dos partidos porque também não tem líderes regionais com projecto na cabeça, plano nas mãos e força nos pés – o Algarve não tem líderes regionais, tem apenas funcionários regionais, zelosos e ciosos é certo, mas que por serem funcionários apenas funcionam como os mandam funcionar. E não tem líderes porque também não há contributos para uma ideia estruturada, não existe um debate sustentado e de finalidade digna, não há ânimo que desinteressadamente trace a rota do bem comum – o que não se consegue por decreto, por nascente da terra ou lembrança divina… Há na verdade militantes que se transformarem em profissionais da política e políticos que se treinaram nas técnicas de sobrevivência dentro dos partidos, a que se acrescenta uns poucos cuja reclamada independência dos partidos mais não é do que ressaibo trajado de movimento de cidadania. Estas espécies jamais evoluem para líderes.

Estas eleições europeias foram uma tristeza, e para o Algarve foram um mau presságio.

Carlos Albino
      Flagrante evidência: A regra do vale-tudo já começou para as autárquicas.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

SMS 317. Secretários do Peneco



4 Junho 2009

Para a inauguração de um elevador, o da Praia do Peneco, dois secretários de estado à frente de um batalhão de gente. Desceram, subiram, tiraram a bandeirinha da placa que eterniza nomes e egos, discursaram e, naturalmente, segundo testemunham as gazetas, muito público para o espectáculo, além da habitual tribo nómada de funcionários que não perdem uma coisa destas para se fazerem notados.

Vem de longe e de muito alto, esta prática de inaugurações, placas e discursos seja a que pretexto for, parecendo que nada de novo começa a funcionar neste país, nem que seja um elevador, sem inauguração, placa, discursos e sobretudo sem gente da mais alta soberania possível na agenda do momento. Ora, o que se passava antes da instalação do regime democrático, causava náuseas e dava-nos o sentimento de pertença de um país condenado ao atraso e ao provincianismo mental. Pessoalmente senti essa repulsa em dois momentos, antes de 1974: um, quando, tive que reportar a inauguração das escadas rolantes da estação de Metro do Parque Eduardo VII pelo chefe de estado de então (Américo Tomás); outro, quando igualmente tive de reportar a inauguração das lavandarias do hotel Sheraton pelo mesmo presidente da República. Chegou-se a isto – um presidente da República a inaugurar escadas rolantes e lavandarias de hotel, também com discursos, muito público e, obviamente, perante a coeva tribo nómada que nada perdia para se fazer notada.

Nos últimos meses, por aí tem havido inaugurações atrás de inaugurações, puxando gente do governo, algumas vezes não passando de projectos longe de obra, planos de obra apressada ou meros anúncios de obras para o tempo da Maria Cachucha. Algumas dessas inaugurações – poucas, diga-se – justificam-se. Mas a generalidade dessas façanhas volta a dar-nos esse tal sentimento de provincianismo mental de quando o presidente da República se apresentava como presidente das Escadas Rolantes ou como presidente das Lavandarias de Hotel. O que se diz sobre o elevador do Peneco, vale para o resto.

Carlos Albino
      Flagrante injustiça: O facto de Manuel Pinho, da parte dos 16 municípios algarvios, apenas ter recebido de Loulé a Medalha de Mérito Municipal Grau Ouro. Os restantes 15 municípios algarvios deviam encher aquele peito de medalhas, além de colocarem o nome em praças e ruas, avenidas e travessas.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

SMS 316. Então venham as boas notícias



28 Maio 2009

Sobretudo os do poder, clamam contra o darem-se apenas as “más notícias” com isso pretendendo dizer-se que as “boas notícias” são omitidas ou deliberadamente omitidas. Sem talvez disso se aperceberem, esses que clamam estão a assumir o princípio fundador de qualquer censura prévia e que tem a ver, obviamente, com aquilo que leva a que uma notícia possa ou deva ser considerada como má ou como boa, o que varia radicalmente entre quem governa ou administra e quem é governado e administrado – má para aqueles por amor a estes ou má para estes por amor àqueles tais. É por isso que nos regimes autoritários de censura prévia, há listas ou critérios para determinar quando uma notícia é má e quando ela é boa, chegando-se tanto mais ao ridículo quanto mais o regime político entrar no ridículo – uma notícia de mau tempo, por exemplo, sendo má, passa a ser proibida, como já infelizmente aconteceu aqui e além neste pobre mundo. É claro que, num regime democrático, quem clama contras as “más notícias” ainda não chegou ao ponto de querer proibir ou contrariar notícias sobre o mau tempo, como acontece na Coreia do Norte, quanto “más notícias” serão apenas aquelas tais que visam quem assim protesta ou o grupo onde quem protesta se insere, sendo “boas notícias” todas aquelas que consegue fazer divulgar visando o adversário político, o concorrente económico ou o pressuposto inimigo na escala da saloice social. Apenas não chegam à Coreia do Norte porque a democracia ainda tem corda, o que já por si é uma boa notícia ainda que seja uma das poucas boas notícias numa terra onde em doze notícias más é uma sorte haver uma boa e mesmo esta, para ser deveras boa, tenha que elogiar em algum parágrafo quem se julga na legitimidade de fazer a lista ou traçar os critérios do que seja mau ou bom numa notícia – na saúde, na segurança, no emprego, na economia, por aí fora incluindo o turismo que foge das más notícias como o diabo da cruz quando tem os tiques do diabo. Daí que, boa notícia no Algarve, obviamente, é a da subida do Olhanense, ou, para descarregar a alma de vez em quando, que foi distribuída ao almoço bastante comida a meia-dúzia de pobrezinhos porque para uma dúzia a comida seria já pouca e, sabendo-se isso, corria-se o risco de ser má notícia.

Carlos Albino

      Flagrante apelo: Votem no dia 7 porque a Europa não tem culpa.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

SMS 315. Pressões altas e baixas pressões



21 Maio 2009

Há um lado da sociedade que, no que toca a defender interesses, volta a considerar-se acima de qualquer regra, isenta de qualquer lei e à margem de qualquer comando colectivo. Tais interesses obviamente que não são interesses gerais mas apenas interesses pessoais ou, de quando em quando, interesses de grupo ou de bando, como se queira. E nem pertencendo tais interesses sequer à esfera do interesse geral, mais longe estão do que se costuma designar por bem comum. Os que se acolheram nesse lado da sociedade e actuam no livre arbítrio, para sobreviverem, necessitam todavia de poder, de qualquer poder, de qualquer porção ou qualidade de poder, nem que seja um ridículo poder de fatela. Só com poder é que essa gente de excepção sediciosa desenvolve força de pressão para voar acima das regras, se isentar das leis e marginalizar-se solenemente dos comandos colectivos impondo à consideração geral o seu livre arbítrio. Sem dúvida que um regime autoritário é por definição o exemplo acabado de uma sociedade submetida ao arbítrio de tal gente, mas um regime democrático não está livre dela sobretudo quando atribui ou distribui poder sem escrutinar quem o exerce e a forma como o exerce. Aliás essa gente espúria num regime democrático e que, pela lógica que lhe é própria, se crava como o espinho de pita em qualquer partido ou força democrática, destina a sua primeira e permanente atenção a tudo o que possa impedir o desenvolvimento do livre arbítrio, o benefício da isenção das regras e a vivência à margem dos comandos colectivos. É assim que amiúde contaminam o procedimento administrativo, é assim que perturbam o sistema de partidos dissimulando em fonte de admiração o que, numa sociedade em normalidade, não passaria de delinquência, é assim que interferem nos actos de autoridades legítimas que se lhe oponham ou que surpreendam o tal flagrante delito, é assim que moldam a justiça quando esta se deixa reduzir ao barro modelável dos adiamentos, dos recursos, da invocação torcida do número tal retorcido pela tal alínea visando o arquivamento da perna que ficou de fora, é assim que soterram a moral política. E a coisa revela-se tanto pior quanto mais cá por baixo do poder o fenómeno se nota. Tenho verificado que a própria GNR já recua na autuação perante um cartão de chefe municipal de terceira ordem colocado no vidro dianteiro do carro… As altas pressões começam por aqui.

Carlos Albino

      Flagrante avaliação: O mínimo que se esperava é que, antes de mais um Allgarve, se apresentassem as contas e a avaliação do Allgarve anterior – se vale, como valeu e quem beneficiou, a quem e quanto se pagou, se foi encomendado um estudo de avaliação e se por acaso as conclusões foram publicadas e acolhidas, enfim, se compensa um ministério da Economia substituir-se ao ministério da Cultura como se o ministério da Economia fosse o mecenas ou o adequado representante sindical dos mecenas.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

SMS 314. Mudar esses hábitos



14 Maio 2009

O primeiro desses hábitos – Cada um na sua terra julga-se no centro do mundo e da sua terra não sai mesmo que na terra ao lado ou quase ao lado haja um colóquio, uma exposição, um concerto, um teatro, um debate, um encontro, por aí fora sabendo-se de antemão que se trata de coisa de elevada qualidade. Sair de Faro para em Portimão usufruir do que não acontece ou não há em Faro é um sacrifício, rumar de Portimão para Lagos faz envelhecer a não ser que a coisa em Lagos seja de um primo, compadre ou ex-credor e da foz do Arade até Faro será de todo impensável, ir de Tavira a Faro será quase o mesmo que uma circunvalação da terra, alguém de Faro deslocar-se a Loulé só empurrado pelo avanço do mar uns 15 quilómetros terra adentro… Resulta assim que o que de bom e até de muito bom vai acontecendo uma vez por outra aqui e ali no Algarve, tenha pequenos públicos que por vezes nem chegam a formar públicos mas grupos de almas cheias de piedade para as coisas da Cultura ou, por narcisismo, para as coisas de si próprias. Há deveras um défice de Algarve na participação em actividades culturais porque é destas que falamos e se não fossem os festivais de sardinhas, mariscos e cerveja os pobres seres que têm mais barriga que olhos, cada terra algarvia seria mais ilha do que cada ilha dos Açores. Há que mudar este péssimo hábito do isolamento altaneiro que mais não é do que localismo pífio provocado pelo vírus da gripe do provincianismo mental que se propaga pelos espirros – provoquem os espirros de Faro ou de Portimão e verão se a gripe cultural não contaminará todo o Algarve.

O segundo de tais hábitos – Passou a ser regra que sessão pública que se preze tenha de ser presidida por autoridade do mais alto possível. Compreende-se que na política assim possa ser e nalguns casos até deva ser porque na política há suseranias e vassalagens, já mais difícil de aceitar será que essa «presidência da autoridade» tenha que ocorrer na cultura e nos debates de ideias sem vassalagem. Mas isso suporta-se e muitas vezes até se deve agradecer a deferência da autoridade. O que já não se suporta e menos se aceita é que autoridade aceite presidir e das duas uma: ou se faz representar por alguém a fazer figura de autoridade, ou está presente nos cinco minutos iniciais para uma intervenção de sua majestade pirando-se da sala logo a seguir a pretexto de ter de cumprir acto de agenda há muito programado… Este hábito começou primeiramente lá em cima, foi descendo por aí abaixo, já chegou ao presidente de junta de freguesia e chegaria ao regedor se regedores houvesse declaradamente por lei, porque de facto mais não temos do que regedores nas autoridades que por aí andam a aparecer como que a cumprir aparições divinas. Também há que mudar este péssimo hábito: quem não pode ir, não delega; quem não pode estar até ao fim, não vai; quem não tem tempo ou paciência para aturar coisas chatas da cultura ou das ideias, demite-se da coisa pública e nem espera pela exoneração.

Carlos Albino

      Flagrante dúvida: E quem deve declarar como fossas as praias que amiúde e inesperadamente ficam transformadas em fossas porque fossas são?

quinta-feira, 7 de maio de 2009

SMS 313. A classe da classe política



7 Maio 2009

Desta feita esperava-se que os políticos algarvios, ou políticos do Algarve ou políticos que por acaso e conveniência estão no Algarve, ao lhes ser proporcionado espaço em jornais (sobretudo em jornais porque na rádio a voz pode falhar e em sempre é bonita de se ouvir) mostrassem classe, abordassem temas de teor directo e útil para a sociedade e, enfim, recobrissem os espinhos das polémicas perturbadoras com o veludo da confiança, ou seja, que mostrassem a classe da classe política. Esperava-se assim que nesta fase pré-eleitoral (pré das autarquias e pré dos lugares elegíveis das legislativas), os políticos elevassem a imprensa da região para aquele patamar onde o debate casa indissoluvelmente com a inteligência em regime de comunhão de conhecimentos adquiridos. Mas não! Vem um e fala dos passarinhos que fazem os ninhos nos beirais dos telhados, chega outro e escreve sobre a figura da mãe que é o tema mais estafado desde que a Eva escolheu essa nova oportunidade, outro ainda pronuncia-se sobre esse tema da política regional que é o da subida do Olhanense, outro mais avança com uns parágrafos sobre coisas mais que evidentes da Europa do género dois-mais-dois igual a qualquer coisa, e por aí fora, prevendo-se já que, nos próximos dias, algum autarca escreva sobre o 13 de Maio, outro sobre o problema da eventual invasão de alforrecas, mais outro sobre a forma como o governo está proteger a produção de mel e a proceder à medição das ondas como nenhum governo até hoje ousou – como se verifica, temas da mais elevada importância para os algarvios.

Aos políticos com a classe de políticos que temos, obviamente que não interessa a abordagem frontal dos problemas que afligem as populações, porquanto interessa-lhes apenas aparecer, melhor será se o aparecimento for regular ou periódico, sendo o ideal com fotografia como que a fazer uma espécie daquela prova de vida aos balcões da Caixa Geral de Depósitos. Interessa-lhes apenas dizer aquele «estou vivo», este «estou aqui» e «esta é a minha cara». Portanto, para quê mais do que os ninhos dos passarinhos, os filhos da mãe, o óbvio da Europa, a invasão de alforrecas? Não será verdade que para o grosso dos políticos que temos vindo a conhecer no Algarve as ideias não são mais do que «o combate do adversário» a tal ponto que não teremos políticos mas apenas grandes combatentes?

Carlos Albino


      Flagrante troço: Apolinário desafia Macário, que ainda está em Tavira, para debate das contas de Faro, falta Macário desafiar Apolinário para debate das contas de Tavira. Daqui se conclui que a 125 já está requalificada no troço Faro-Tavira.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

SMS 312. Cocktail eleitoral



30 Abril 2009

Pelo que se verifica, há duas campanhas eleitorais em marcha – uma, formalmente e com o calendário já determinado pela Comissão Nacional de Eleições, é para o parlamento europeu; outra, à socapa mas com evidente calendário selvagem é para as autarquias. Pelo meio ou entre parênteses ficam as legislativas com os principais partidos à espera dos resultados das europeias, as quais, à excepção dos belos cartazes, de Europa pouco têm, porquanto os temas que até agora subiram à cabeça dos cabeças de lista têm sido temas nacionais ou temas mais adequados para as legislativas. E muito embora a campanha comece a rigor a 25 de Maio, a obrigatoriedade de proporcionar igualdade de oportunidades e de tratamento das candidaturas, de observar os princípios da neutralidade e imparcialidade, tal como a proibição da propaganda política feita, directa ou indirectamente, através dos meios de publicidade comercial, já entrou em vigor desde 24 de Março, sem grande cumprimento como se tem observado.

Sem grande relação ou mesmo sem qualquer relação com as europeias e enquanto não se eleva o balão das legislativas com o ar quente de eventuais punições ou agraciamentos do eleitorado, a campanha para as autárquicas todavia já começou com os candidatos locais a usufruírem tanto quanto possam destes meses em que não há obrigatoriedade de oportunidades e de tratamento das candidaturas, em que os princípios da neutralidade e imparcialidade não contam e em que a não há proibição da propaganda política comercial, sobretudo a indirecta. E para isto tudo vale ou tudo conta quer para os que estão no poder do poder local, quer para os que se julgam no dever de derrubar localmente tal poder – do jantar ao artigo de jornal, da confraternização de compadres ao passeio na rua onde o máximo número de eleitores veja quem vai de proa ou de vento em popa, para não se falar dos acordos informais com os que, sem escrúpulos, já descobriram que as eleições são excelentes oportunidades para informalmente se contornar a lei.

É curioso este cocktail eleitoral das europeias com as autárquicas. Para as europeias, como se vê pelas listas, o Algarve nada contou até porque muito pouco fez para contar ou escassa força política moral terá para ser levado em conta. Para as autarquias, como se nota já nesta fase informal da campanha, o Algarve também pouco conta, contando apenas os quintais e a política de quintal contra quintal.

Carlos Albino

      Flagrante canonização: Depois do Condestável, santo seria Vital Moreira se agora surgisse e defender a criação da região piloto do Algarve.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

SMS 311. Assim vai a política



23 Abril 2009

No Algarve, as listas para a Europa não provocaram qualquer alarido, parece que, das duas uma, ou estão todos contentes ou todos estão profundamente indiferentes. À excepção de Jamila Madeira que lá conseguiu um lugar sem garantia de eleição, certamente na expectativa de uma desistência, duas renúncias e meia suspensão, o Algarve é um zero à esquerda e à direita da Europa. Mais do que nunca o Algarve é uma periferia, um local sem importância nas excursões para Bruxelas/Estrasburgo.

Nas listas para as autárquicas, de modo geral quem está no poder recandidata-se e para quase todos os que se recandidatam só por grande asneira ou falta de destreza é que a vitória lhes fugirá das mãos. E diga-se que alguns dos futuros derrotados até desejarão paradoxalmente ser derrotados, na expectativa de usufruírem o pagamento político pelo facto de terem aceitado o imenso sacrifício de se candidatarem sabendo que iriam ser derrotados – o Arco da Vila de Faro tem alguma tradição de acolhimento destes desventurados, e se não for o Arco, o turismo terá lugar.

Nas listas para as legislativas que ainda vão relativamente longe mas já provocam despique de nomes – nomes que também na generalidade não passam de nomes, não se conhecendo desses nomes uma ideia sólida, um projecto de alcance ou um golpe de asa que dê esperança. É claro que citar alguma excepção que poderia ser citada apenas confirmaria a regra, mas nunca o Algarve teve tanto nome com voz do dono e para agradar ao dono.

Carlos Albino

      Flagrante slogan: Nós, Desgraçados.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

SMS 310. Assaltos e mais assaltos



16 Abril 2009

É claro que as notícias são más e o resto nem se sabe, porquanto não tem contagem o que não é participado às autoridades – para quê? pergunta-se – e a grande parte do que é participado não chega ao conhecimento público pois os jornais da especialidade, sem indagar as causas profundas, apenas vão dando no dia a dia o que tenha mais sangue, o que selectivamente provoque maior escândalo moral e o que mais choque em função dos montantes de euros como rendimento do crime. A televisão, designadamente a pública que é paga mesmo por quem não a queira pagar, dá de passagem as coisas que não pode omitir, anda alegre e obsessivamente entre um clube do Porto e dois de Lisboa concedendo interminável tempo de antena nacional ao problema da clavícula do futebolista Bóbó, e quando não há Fátima que comova, enfim, lá despeja explicações do governo com uns atalhos de visível satisfação pois a oposição tida como voz mais pesada não presta, e na verdade pouco faz para que acredite que preste. E o que essa mesma televisão, designadamente a pública que é suportada mesmo por quem deste jeito a não queira suportar, diz do resto do mundo parece ser apenas para que se tenha a ideia de que Portugal, apesar de tudo, é um país de brandos costumes e que lá fora é pior seleccionando-se em cada dia que passa o pior desse resto do mundo para que nos esqueçamos do que aconteceu ao virar da esquina.

O que, quanto à criminalidade, está a acontecer no Algarve é desde há muito o suficiente e já demais para que não nos interroguemos seriamente não só sobre as más notícias mas acima tudo sobre o que acontece e não chega a ser notícia sendo no somatório mais grave e coloca as populações em alarme e até justificadamente em pânico. Terão as autoridades policiais condições e meios, terão efectivos suficientes e serão pagos com a mínima dignidade em função do risco? Que prevenção da criminalidade há, que programas específicos e que planos que dêem o mínimo de confiança às populações? Como funciona a justiça na região que para também para grande parte da justiça é local de passagem, entre o estágio e a sinecura, assim sendo com decisões que deixam o cidadão comum atónito?

Carlos Albino


      Flagrante tema de crónica: Os presidentes de câmara que por andam a fazer crónicas e que já falaram da subida do Olhanense, das gaivotas com o mar azul ao fundo e do excelente mel da serra, têm um bom tema sobre o qual ninguém escreveu – como cantam os canários nas gaiolas da sua terra…

quinta-feira, 9 de abril de 2009

SMS 309. Teremos voz na Europa?


9 Abril 2009

O Algarve tem tido mais ou menos uma presença na Europa, embora nem sempre brilhante, nem sempre a deixar o eleitorado convencido de que vale a pena escolher alguém para o corrupio de Bruxelas-Estrasburgo. É claro que o Parlamento Europeu de 1986 é diferente deste que vamos eleger a 7 de Junho e se o novo Tratado Europeu vingar mais diferente será esbatendo a ideia de turismo político e de exílio dourado que a «representação» dos europeus tem sugerido.

Recapitulando, antes mesmo de eleições europeias, Luís Filipe Madeira foi um dos nomeados em 1986 e em 1987, nas primeiras eleições, foi o número dois da lista do PS encabeçada então por Maria de Lurdes Pintasilgo. Em 1989, foi José Mendes Bota a pontuar pela região pela banda do PSD, enquanto, pela banda do PS, algum cheiro a Algarve poderia exalar, enfim, a eleição de João Cravinho, pois José Apolinário teria de aguardar uns quatro anos para, em Janeiro de 1993, marcar presença e ganhar direito a um lugar elegível nas eleições de 1994 mantendo-se até Outubro de 1998, uns quatro meses depois de José Mendes Bota, que não fora directamente eleito, ter regressado a esse terreno. Nas eleições de 1999, o Algarve continuou a ter aparentemente voz na Europa, porquanto o PS fez eleger Joaquim Vairinhos e, por aquele mecanismo do sai efectivo entra suplente, também Joaquim Piscarreta em 2001 lá foi para o corrupio. Nas eleições mais recentes, as de 2004, o Algarve resumiu-se e bem a Jamila Madeira. Para as próximas eleições de 7 de Junho, não se sabe ao certo o que os partidos vão conceder ao Algarve, se concederem, porquanto a questão de presença europeia ou não, tem andado arredada do frágil debate político regional dominado pelas autárquicas que ainda vão relativamente longe. A reclamação dessa presença não tem sido visível ou audível por parte dos partidos na região, quase parecendo que a Europa não faz parte da agenda política algarvia. E se calhar não faz, pois a agenda política algarvia também se resumirá, quanto à Europa, a duas ou três agendas pessoais e só deus sabe o conteúdo europeu e finalidades europeias de tais agendas.

Carlos Albino

      Flagrante raciocínio: Diz Apolinário que já ninguém ousa chamar «elefante branco» ao Estádio Algarve por causa de uma final de taça e de um rally. Passou a ser um elefante incolor.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

SMS 308. Eles juram cumprir o mandato



2 Abril 2009

Dos oito deputados eleitos no Algarve, apenas metade pode dizer que cumpriu o mandato inteiro de uma ponta à outra, embora a dois tenhamos que descontar uns breves hiatos.

Presentemente e já na recta final da legislatura, no PSD aí temos como efectivos Mendes Bota de cuja algarviandade não se duvida e ainda José Pereira da Costa que foi membro da Assembleia Municipal da Figueira da Foz, vereador dai também em 2001 e antes desta apostólica descida ao sul fora secretário de Estado da Defesa e dos Antigos Combatentes. Ainda no PSD, Carlos Silva e Sousa, Luís Gomes e Ofélia Ramos Costa tiveram ocasião de passar por S. Bento como suplentes.

No PS houve mesmo dança. João Cravinho que foi cabeça de cartaz político renunciou em Janeiro de 2006 pelas razões que se sabe ou se supõe, três meses depois Luís Carito fez o mesmo após de uns meses de suspensão do mandato, depois de José Apolinário outro peso-pesado do mesmo partido ter igualmente renunciado em 2005 pelos motivos que sobretudo Faro conhece. Miguel Freitas, o líder distrital, esteve em S. Bento entre Março de 2005 e Setembro de 2006, suspendendo o mandato para se tornar funcionário da representação permanente de Portugal em Bruxelas seguindo o Comité Especial de Agricultura e nesse contexto assumindo a coordenação de Agricultura e Pescas. Jovita Ladeira e Aldemira Pinho são quem da banda do PS pode dizer que não jurou em vão cumprir o mandato para foram eleitas, porquanto, em função da expedita ginástica regulamentar de S. Bento, Hugo Nunes começou como suplente, subiu a efectivo temporário e tornou-se efectivo definitivo, o mesmo acontecendo com Esmeralda Ramires, David Martins, pois Manuel José Rodrigues ainda está no escalão dos efectivos temporários, e Paulo Morgado que pisou o chão de S. Bento como suplente em Março de 2005, suspendeu o mandato desde Janeiro de 2007.

Naturalmente que, em 2005, cabeça de lista e principais figuras da lista do PS, ou fizeram esse papel par dar nome ao partido ou para o partido lhes dar nome, e se outra explicação pode haver (há certamente mas não a dizemos), ela apenas apenas descredibiliza a figura do deputado aos olhos do eleitor defraudado pelas rifas que saem aos suplentes.

Carlos Albino

      Flagrante adjectivo: Disse Miguel Freitas que o objectivo do PS é voltar a ser «o maior partido autárquico da região». E anda toda a gente convencida que o PS é um partido nacional e que não há nem pode haver partidos autárquicos…