quinta-feira, 19 de novembro de 2009

SMS 337. Os deputados que elegemos



19 Novembro 2009

Estão instalados, uns conheciam já os cantos da casa, outros rapidamente os memorizaram, este e aquela foram para a comissão parlamentar X, esta e aquele passaram a integrar a delegação internacional Y, aqueloutro ou ainda fulana vão dedicar-se à área de especialização Z com o aval do respectivo partido, enfim, os deputados eleitos pelo Algarve (como todos os outros eleitos pelos outros círculos) estão todos nos seus assentos preparados para o que der e vier. É claro que, enquanto isto, lá se preparam para fazer os seus registos de interesse que não é propriamente um pró-forma e é bom ou aconselhável que o façam quanto antes. Até agora os deputados eleitos pela lógica das listas são todos efectivos, ninguém compreendendo que tão cedo solicitassem ou possam já solicitar a suspensão ou renúncia de mandato dando a vez a suplentes, pois ninguém subiu para funções governativas ou foi destacado imperativamente para cargo de salvação da pátria.

Dos cabeças de lista que o Algarve fez o favor de eleger sem que politicamente tivessem alguma coisa a ver com o Algarve, é evidente que o eleitorado nem vai exigir muito nem tem que exigir alguma coisa. Refiro-me naturalmente ao PS e ao PSD. João Soares tem o seu percurso político próprio e, como ele será o primeiro a reconhecer, não será nem poderá ser o D. Sebastião que grande parte do PS da região reclama, não só com fortes razões mas também com sobejos motivos. E quanto a Jorge Bacelar Gouveia que caiu no Algarve de pára-quedas, primeiro tem que aprender a usar o pára-quedas, segundo, independentemente de aprender isso ou não, não conta politicamente para a região, mas toda a gente lhe perdoa. E perdoa porque também toda a gente sabe que, pela lei, os deputados representam todo o País, e não os círculos por que são eleitos, embora pelo aceitável costume e pelas justas expectativas e anseios que estão no cerne da democracia, os deputados do círculo fazem ondas no círculo e é no círculo que alguma vez terão de prestar contas.

Na verdade, os deputados, e no que toca ao Algarve os oito por aqui eleitos, sabem de antemão que, mais do que nunca, vão ser escrutinados e estão a ser observados. A sociedade mudou, a intervenção cívica apurou-se, os meios de comunicação ampliaram-se, a qualidade das críticas difundidas pelos interessados na coisa pública é um facto, ou seja, cada vez há menos gente que não saiba responder quando alguém ouse atirar-lhe areia para os olhos.

Os eleitores não vão olhar tanto para o número de requerimentos, ou para a quantidade de pedidos de informação ao governo, ou para o eventual fogo de artifício de reclamações populistas, ou para a actividade de oposição apenas para oposição, ou de encómios à acção governativa apenas por proselitismo de situação. Os eleitores vão apenas tentar responder à pergunta que eles mesmos formulam, independentemente de em quem votaram, do partido de simpatia ou mesmo de militância: afinal para que é que a gente elegeu estes oito?

Carlos Albino

    Flagrante saudação: Impõe-se uma saudação a João Guerreiro pela sua eleição (na terça-feira pelo Conselho Geral) para reitor da Universidade do Algarve que a região ou a sociedade algarvia deve assumir em definitivo como o seu bilhete de identidade, ou não seja também verdade aquela adaptação do dito – diz-me a universidade que tens, dir-te-ei quem és…

Sem comentários: