sábado, 31 de março de 2007

SMS extra. Obviamente, se não é plágio de ideia, o que é?

Marca da "campanha" de 2007, dada como original:


Marca do site http://www.allgarve.biz/ desde 2003:


Registe-se que, após estalar a polémica sobre o plágio da ideia, e apenas depois disto, foi introduzido no site o seguinte anúncio: «ALLgarve.biz is for sale... Interested? Put your offer on mail...here» É caso para se admitir que o copiador possa estar interessado no original...

quinta-feira, 29 de março de 2007

SMS 203. Falta-te o salto necessário

29 Março 2007

Meu caro Jornal do Algarve,

É inevitável que, na ocasião em que tu, Jornal do Algarve, perfazes 50 anos, eu fale da Imprensa algarvia, tal como hoje se apresenta e sobre que perspectivas tem. Entra pelos olhos, meu caro, que, de modo geral, os jornais, e por entre eles tu, melhoraram face ao que havia há escassos anos atrás – melhoraram no aspecto, nas equipas e nas intenções editoriais, embora impressos longe da região, velha pecha que os tolhe em muito na autonomia, na actualidade e na competitividade, e embora também a relutância à leitura seja a mesma de sempre porque a leitura de jornais continua confinada às bandeiras concelhias, tirando aqui, pondo ali ou pintando a manta.

Além disso, alguma boa dúzia de jornais corre com velocidade aparentemente sustentada em pelotão, como nas voltas iniciais das corridas longas em pista – de vez em quando lá há um que faz uma fuga para a frente, mas o pelotão absorve-o sobretudo quando a fuga é devida àquele doping que, paredes meias com a publicidade expressa ou disfarçada e em parcerias difusas, nada tem a ver com a Imprensa e com a verdade das empresas jornalísticas, por pequenas que sejam.

E é natural que, quando a corrida está na fase do pelotão, haja cotoveladas entre os competidores, possivelmente algumas rasteiras ou até mesmo derrubes de intencionalidade disfarçada, mas à parte tais episódios que ocorrem nas curvas, o pelotão lá vai rolando, com os mais afoitos e criativos a adaptarem-se ao on-line e ao virtual como instrumentos de dissimulação da enorme dependência noticiosa de que todos padecem e têm que padecer. Mas chegará o dia em que o salto se revele necessário e incontornável. Pois, então, que salte o melhor e o que tenha a independência como cultura de génese.

Mas porque te conheço desde há muito e porque privei com as várias gerações que te têm dirigido, ninguém me levará a mal se eu desejar que sejas tu, Jornal do Algarve, a saltares e a assumir que o território do papel que é o teu, desde que associado ao dos meios de comunicação instantânea (um sem o outro será uma eutanásia, para ti e para qualquer outro) seja o território que o Século XXI, mais que provavelmente, proclamará como insubstituível para se chamar os nomes às coisas. E o Algarve precisa desse salto, que deverá ser dado não com espertezas, mas com inteligência que é a única coisa à qual os leitores se rendem, deixando de ser relutantes.

Com cordialidade, parabéns, Jornal do Algarve, e não dês cotoveladas!

Carlos Albino


Flagrante coincidência: O ministro Manuel Pinho perguntar a ilustre personagem allgarvia – o teu banco não é meu?

quinta-feira, 22 de março de 2007

SMS 202. Os iletrados no poder

22 Março 2007

O ministro Manuel Pinho agrediu o Algarve e os Algarvios. O caso de Allgarve já se transformou num vasto anedotário nacional que ombreia, em êxito, com aquele velho chavão racista segundo o qual algarvios, marroquinos e cães de caça são todos da mesma raça, aliás acordou o chavão. E com essa agressão, segundo creio, colocou mal deputados socialistas e eleitos locais socialistas que, de modo geral, ficaram sem palavras, pois se viessem com palavras a favor dessa brincadeira de analfabetos e iletrados do marketing irresponsável, ficariam ainda mais mal colocados do que no silêncio em que se fecharam a sete copas. Ainda me recordo do humorístico barulho do PS quando se alterou a placa de Poço de Boliqueime para Fonte de Boliqueime (como sempre foi, de resto, pelo que aí sim deviam ter-se calado). Agora é pena que, perante este Allgarve de iletrados, se tenham fechado em copas, perdendo uma excelente oportunidade para provarem que não estão apenas em bons empregos políticos ou vivendo à sombra da política, mas sobretudo que estão em funções políticas com o sentido da responsabilidade.

Na verdade, eu não gostaria de ter de concordar tantas vezes seguidas com Mendes Bota, preferia concordar com Miguel Freitas, como Mendes Bota sabe. Mas tenho de concordar com Mendes Bota. E mais: agradecer. Mendes Bota, como deputado eleito pelos Algarvios fez o que tinha a fazer contra a apreciável aplicação dos dinheiros públicos numa campanha que vai desvirtuar o nome do Algarve em redor do mundo – mundo este onde o nome do Algarve não precisa de ajudas do ministro Pinho para ser conhecido, quando precisaria era das suas ajudas, como ministro da Economia, para se tornar numa Região melhor e com mais meios e instrumentos de desenvolvimento e progresso. Eu sei que aos marroquinos e aos cães de caça tanto faz que seja Algarve como Allgarve ou ainda Alarve. Mas aos Algarvios isso não é indiferente porque tem a ver com a nossa indesmentível identidade, com a nossa inquestionável sensibilidade e com a nossa legítima dignidade.

Mas o caso é mais grave porque, segundo parece, a ideia proclamada por Pinho teve o apoio de responsáveis da RTA. Gostaria de me enganar - a RTA não tem nenhuma legitimidade para se pronunciar sobre a alteração abusiva do nome histórico da Região para fins de eficácia duvidosa e com efeitos nefastos no que de nós fica na memória mundial, porque fica se a campanha não for de imediato cancelada, como se reclama, como se exige e como se torna imperativo antes que surja um movimento consolidado de repulsa. Não nos conformamos com iletrados no poder.

Aliás, não basta cancelar. O Governo e alguém da RTA têm que pedir desculpa e pedra sobre o assunto.
      Desculpe-me Luís Vicente, ainda não é desta que vou falar da ACTA e do seu magnífico Ricardo III, por razões óbvias. Os Ricardos III vivos, têm prioridade mesmo sobre um Ricardo III magistralmente representado.
Carlos Albino

Flagrante profecia: A previsão do secretário da Justiça, Conde Rodrigues, de que o Algarve é um alvo preferencial do terrorismo islâmico, cumpriu-se: o ministro Pinho bombardeou o secular nome do Algarve e fez estoirar a nossa paciência com a marca-armadilha da sua inteligência e espertezas conexas.

quinta-feira, 15 de março de 2007

SMS 201. Os tristes 50 anos da RTP

15 Março 2007

A RTP por aí anda num delírio diário a celebrar acriticamente 50 anos, como se tivesse sido um deus a quem todos e de joelhos devem agradecer o milagre de que se autoproclama. Todavia, mesmo esses 50 anos de vida mal aproveitada não são devidos a mérito próprio mas sim ao mérito do Orçamento do Estado e dos manietados contribuintes aos quais a RTP soberanamente desliga o botão quando o botão não interessa ao poder político do momento a que acaba sempre por se render, dissimulando a subserviência com muito, muito futebol, o mais possível Fátima, uns fados, overdoses de piroseira e de imposto provincianismo a começar pelo provincianismo do debate político tal como o proporciona no fervor dos actores secundários dos partidos que engravata como heróis maquilhados do centralismo.

No caso do Algarve, a RTP falhou e não há motivos para celebração. Pois o que foi a RTP ao longo de 50 anos no Algarve, o que é hoje a RTP no Algarve e o que se há-de esperar da RTP para os próximos anos? Pouco como RTP e nada como RTP/Algarve. Aliás, se a RTP se recorda do Algarve até tem sido mau sinal neste últimos 50 anos e é de crer que para os próximos 50 continue a ser mau sinal – ou é grande incêndio na serra, afogamento em massa no Arade, mais um presidente a jogar golfe na 125 ou o desmoronamento de 600 metros de falésia sobre as cabeças de quatro famosos, ouvindo-se sobre qualquer um destes casos, um velhote, se possível desdentado e, ainda melhor, se sangrar das gengivas, para se apresentar «a versão dos locais» ou «o outro lado».

Carlos Albino
Flagrante omissão: Faro orgulhar-se da geminação com Tânger, e não ter apoiado já, formal e oficialmente, a candidatura de Tânger à EXPO’ 2012, designadamente convidando o Wali de Tânger para uma apresentação da candidatura na capital algarvia.

quinta-feira, 8 de março de 2007

SMS 200. O Algarve precisa

8 Março 2007

A ACTA, Companhia de Teatro do Algarve, esteve em Lisboa com o seu espantoso Ricardo III e fiquei sem palavras - foi dos melhores momentos de teatro a que assisti, desde há muitos anos, na capital, digo-o sem favores e sem aquele clássico de dissimulação de que não sou capaz. Mas não é da ACTA que falarei hoje, isso fica para um momento que não tarda. Por hoje, em breves linhas, as impressões que me foram surgindo no pára-arranca do regresso a casa, entre o que ficou nos olhos com a disputa do poder personificada naquele Ricardo III, e irreprimíveis perguntas sobre o que o Algarve precisa vindas da intimidade instintiva, até porque, verdade seja dita, o Algarve está cheio daqueles Ricardos da metáfora política do teatro de Luís Vicente – Ricardos dos negócios, Ricardos do ensino, Ricardos dos serviços públicos, Ricardos da política, Ricardos do jornalismo, Ricardos da justiça, Ricardos eleitos, Ricardos nomeados, Ricardos de ricardos, até Ricardos promovidos uns por antiguidade outros por contágio. E o Algarve precisará destes Ricardos? Sem qualquer hesitação, não. E mal estaremos quando se tem a sensação aceite de que se precisa de Ricardos ou, melhor, de que apenas os Ricardos singram, sinal de que não há solidez de instituições, solidez de procedimentos e solidez de escrutínio. E é desta solidez que o Algarve precisa. Como podem verificar, não é de teatro que estamos a falar.

Carlos Albino

Flagrante contraste: As promessas políticas para o Algarve que são o ópio do povo, e o narcotráfico disso.

quinta-feira, 1 de março de 2007

SMS 199. Mas porque será que Conde Rodrigues quer estoirar com o Algarve?

1 Março 2007

Na semana passada, para aqui dissemos cobras e lagartos do Director Nacional Adjunto da Polícia Judiciária e máximo responsável pela Direcção Central de Combate ao Banditismo da PJ, Teófilo Santiago, por lhe ter sido atribuída (incorrecta e indevidamente, como se vai ver) a afirmação de que «o Algarve é alvo preferencial de um ataque do terrorismo islâmico em Portugal». O caso chegou a dar manchete em matutino espampanante mas credível nestas coisas, correu e, naturalmente, foi alvo de reparos. Deveras, a afirmação foi proferida, mas como sempre, nesta sociedade que desejávamos responsável, o autor do genial disparate não reivindicou a autoria, o que devia ter feito mas não fez – calou-se, baixou à trincheira do silêncio, por certo à espera que o barulho da guerra que provocou, acabasse. O visado errado que explique a sua inocência, terá pensado quem de facto disse aquilo com direitos de autor que não abonam a glória.

Ora, assim acabou por acontecer. Cercado pela crítica injusta, designadamente a nossa, o alto responsável da PJ, encurtou o caminho e com evidente polidez e resguardo, escreveu-nos isto mesmo:

      «Relativamente ao assunto em epígrafe, convém esclarecer que a afirmação seria de facto irresponsável se tivesse sido por mim proferida como se refere. Só que tal não aconteceu como, de resto, já foi manifestado ao jornal Correio da Manhã, ficando a aguardar a devida correcção. Aquela afirmação, ou algo parecido, terá sido expressa por alguém na cerimónia de encerramento da Conferência, sendo que o signatário já nem sequer se encontrava presente.

      Fica o esclarecimento.
      Cumprimentos.
      Teófilo Santiago

E foi um alívio! De há muito, tínhamos pessoalmente, mas com cultivada discrição, o maior apreço pelas qualidades profissionais e nível intelectual de Teófilo Santiago, tendo sido uma surpresa dolorosa quando vimos atribuído um dislate daqueles, não a um cidadão vulgar, mas ao Director Nacional Adjunto da PJ, para mais responsável pela luta contra aquilo por todas as pessoas probas e de bem lutam – o banditismo.


Então quem foi? È a pergunta.

Bem! Quanto a isso, o esclarecimento acabou por nos chegar por outra via, a de quem presenciou e organizou a conferência «Globalização, Segurança e Terrorismo». E o que ficámos a saber? Que «tal afirmação foi de facto feita na dita conferência, mas não pelo Dr.º Teófilo Santiago, mas sim pelo Senhor Secretário de Estado Adjunto da Justiça, Dr.º Conde Rodrigues», acrescentando-se, por outras palavras, que este governante terá chegado àquela conclusão pelo raciocínio analógico sobre o que se ocorreu em complexos turísticos no Egipto e na Indonésia e, mais recentemente, com a preparação detectada de um atentado numa estância de desportos de Inverno em Espanha.

Não nos vamos alongar. Mas não se resiste dizer com clareza que Conde Rodrigues teria sido mais sensato se, pela mesma linha do raciocínio analógico que é a última coisa que a cabeça perde, afirmasse que o Algarve, tanto quanto se avalia, é seguro e está fora do alvo do terrorismo fundamentalista islâmico por não possuir estações de metro como Londres, terminais ferroviários como Madrid, até mesmo torres gémeas como Nova Iorque, e, argumento máximo, pelo facto das populações pobres do interior não serem uns sunitas contra os chiitas de passagem do litoral.

Aquela afirmação, fica-se a saber, proferida por Conde Rodrigues é mais uma a comprovar a banalidade e irresponsabilidade do discurso político em Portugal, nos tempos que correm. Fez uma figura triste.

E é triste.

Carlos Albino

Flagrante contraste: Conde Rodrigues (acima, na foto), em algum dia encalorado, a comer calmamente salmonete grelhado na Ilha de Faro , e directores de hotéis, turistas, músicos da Orquestra do Algarve, actores da Acta, as Nagragadas e até as crianças da Emergência Infantil a fugirem dele, contando comigo, claro, nessa fuga.