A ACTA, Companhia de Teatro do Algarve, esteve em Lisboa com o seu espantoso Ricardo III e fiquei sem palavras - foi dos melhores momentos de teatro a que assisti, desde há muitos anos, na capital, digo-o sem favores e sem aquele clássico de dissimulação de que não sou capaz. Mas não é da ACTA que falarei hoje, isso fica para um momento que não tarda. Por hoje, em breves linhas, as impressões que me foram surgindo no pára-arranca do regresso a casa, entre o que ficou nos olhos com a disputa do poder personificada naquele Ricardo III, e irreprimíveis perguntas sobre o que o Algarve precisa vindas da intimidade instintiva, até porque, verdade seja dita, o Algarve está cheio daqueles Ricardos da metáfora política do teatro de Luís Vicente – Ricardos dos negócios, Ricardos do ensino, Ricardos dos serviços públicos, Ricardos da política, Ricardos do jornalismo, Ricardos da justiça, Ricardos eleitos, Ricardos nomeados, Ricardos de ricardos, até Ricardos promovidos uns por antiguidade outros por contágio. E o Algarve precisará destes Ricardos? Sem qualquer hesitação, não. E mal estaremos quando se tem a sensação aceite de que se precisa de Ricardos ou, melhor, de que apenas os Ricardos singram, sinal de que não há solidez de instituições, solidez de procedimentos e solidez de escrutínio. E é desta solidez que o Algarve precisa. Como podem verificar, não é de teatro que estamos a falar.
Carlos Albino
Flagrante contraste: As promessas políticas para o Algarve que são o ópio do povo, e o narcotráfico disso.
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