quinta-feira, 12 de novembro de 2009

SMS 336. Esse veneno do “jornalismo oficial”



12 Novembro 2009

Não existe jornalismo feito pelas câmaras, pelas juntas, pelas delegações de ministérios, pelas direcções regionais ou pelo governo civil. Também não é um atributo das empresas públicas, sejam elas tuteladas pelo estado ou pelos municípios, traçar limites para o exercício do jornalismo. A liberdade de expressão não pertence ao universo oficial dos assessores de presidentes, dos adjuntos ou dos porta-vozes de gabinetes executivos – a liberdade de expressão não é um item dos gabinetes municipais de comunicação aos quais, com legitimidade, são cometidas as tarefas de propaganda ou de explicação dos actos. Em resumo, ter 80 % por votos, ou ser delegado de quem tal percentagem obteve, não credencia ninguém para ser mentor de jornais, orientador dos directores de rádios e juiz do que livremente se submete à opinião pública ou desta emana sendo do conhecimento geral. Ou seja: não há jornalismo oficial. Oficial é o poder cujo exercício é escrutinado periodicamente com aquela mesma obrigatoriedade que é igualmente a salvaguarda da democracia, mas que também é, ou deve ser, escrutinado pelo jornalismo com finalidades distintas das da justiça – o jornalismo não pode nem deve condenar, mas sim revelar, interpretar, contrapor e interpelar e, sobretudo, impedir que o interesse público e o bem comum levem o enterro das coisas mortas.

Mal do município, direcção regional, instituição ou empresa pública, repartição ou organismo do estado que dividam o jornalismo em jornalismo a favor e jornalismo contra. Primeiro, porque não há jornalismo a favor (se passa com essa fama, não é jornalismo, é propaganda). Segundo, não há jornalismo contra (se intenta isto, leitores à partida, o regulador constantemente e, em último caso a própria justiça, punirão quem ultrapasse os limites éticos).

Ora, no Algarve, há por aí muita propaganda de facto (boa e má) que vilaniza o jornalismo, como também há por aí pressões e critérios selectivos que beneficiam o “jornalismo a favor” e penalizam o “jornalismo contra”, tal como ocorre nos regimes autoritários em que só o jornalismo oficial é infalível…

Carlos Albino

    Flagrante exercício: O do seguimento da actividade dos deputados eleitos pelo Algarve – a que é desenvolvida só para dar nas vistas como fogo de artifício, e a que, indo ao encontro dos anseios legítimos do eleitorado, decorre com fundamento de necessidades colectivas. Além disso, há quem não faça nada …

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