16 Abril 2009
É claro que as notícias são más e o resto nem se sabe, porquanto não tem contagem o que não é participado às autoridades – para quê? pergunta-se – e a grande parte do que é participado não chega ao conhecimento público pois os jornais da especialidade, sem indagar as causas profundas, apenas vão dando no dia a dia o que tenha mais sangue, o que selectivamente provoque maior escândalo moral e o que mais choque em função dos montantes de euros como rendimento do crime. A televisão, designadamente a pública que é paga mesmo por quem não a queira pagar, dá de passagem as coisas que não pode omitir, anda alegre e obsessivamente entre um clube do Porto e dois de Lisboa concedendo interminável tempo de antena nacional ao problema da clavícula do futebolista Bóbó, e quando não há Fátima que comova, enfim, lá despeja explicações do governo com uns atalhos de visível satisfação pois a oposição tida como voz mais pesada não presta, e na verdade pouco faz para que acredite que preste. E o que essa mesma televisão, designadamente a pública que é suportada mesmo por quem deste jeito a não queira suportar, diz do resto do mundo parece ser apenas para que se tenha a ideia de que Portugal, apesar de tudo, é um país de brandos costumes e que lá fora é pior seleccionando-se em cada dia que passa o pior desse resto do mundo para que nos esqueçamos do que aconteceu ao virar da esquina.
O que, quanto à criminalidade, está a acontecer no Algarve é desde há muito o suficiente e já demais para que não nos interroguemos seriamente não só sobre as más notícias mas acima tudo sobre o que acontece e não chega a ser notícia sendo no somatório mais grave e coloca as populações em alarme e até justificadamente em pânico. Terão as autoridades policiais condições e meios, terão efectivos suficientes e serão pagos com a mínima dignidade em função do risco? Que prevenção da criminalidade há, que programas específicos e que planos que dêem o mínimo de confiança às populações? Como funciona a justiça na região que para também para grande parte da justiça é local de passagem, entre o estágio e a sinecura, assim sendo com decisões que deixam o cidadão comum atónito?
Carlos Albino
- Flagrante tema de crónica: Os presidentes de câmara que por andam a fazer crónicas e que já falaram da subida do Olhanense, das gaivotas com o mar azul ao fundo e do excelente mel da serra, têm um bom tema sobre o qual ninguém escreveu – como cantam os canários nas gaiolas da sua terra…
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