A poeira das autárquicas começa a assentar e não é difícil perceber que as atenções, nos próximos tempos, vão virar-se para Faro. Na verdade é Macário Correia quem fica mais exposto aos olhos de todos, porque todos vão prestar enorme atenção aos pretextos que ele vai invocar quer para fazer isto quer não fazer aquilo.
Macário Correia não pode cair em argumentos provincianos já gastos e regastos ao longo destas décadas de experiências nas sucessões autárquicas, para tentar justificar o que não vai poder fazer, pois logo no primeiro momento em que decidiu trocar Tavira por Faro, como diria o outro, Faro não é Portimão, nem Albufeira, nem Loulé – Faro é Faro… Ou seja: Faro não é um concelho onde o ouro se cave e não fosse o aeroporto e uma dúzia de serviços administrativos a que se junta o governo civil, o fórum e o bispado, Faro seria menos que Faro.
Com isto não estamos a dar razão ao cartaz politicamente suicidário de José Apolinário (aliás, não foi Apolinário que falhou, foi a sua campanha que falhou) estamos apenas a dizer que Faro não depende de qualquer messias, pelo que se Macário Correia julgar, por um segundo que seja, que vai ser o messias de Faro, não só andará enganado como facilmente cairá na tentação de usar um argumentário de que será a primeira vítima no final do mandato, se não for antes, pois Faro gosta muito de sentir a iminência de intercalares – dá vida ao centro da cidade.
É que já está fora de moda esse pretexto das contas ou da situação financeira da câmara anterior se encontrarem invocadamente num caos, no fundo um pretexto para acautelar incumprimentos mais que certos por parte de quem isso denuncia – oxalá o ganhador em Tavira não use o mesmo expediente relativamente ao seu antecessor Macário pois sofreria as mesmas consequências que este sofrerá em Faro se cair na tentação desse choradinho típico do populismo.
Um político que o seja, quando se candidata ao comando de uma cidade com a simbologia que Faro possui, naturalmente que tem a obrigação de saber como é que estão as contas que não são segredo de estado. Não é no dia seguinte que delas toma conhecimento, é na véspera de se candidatar, e é para isso que existem os partidos aos quais compete o escrutínio constante. É geralmente sabido que a contabilidade é um jogo mas, mesmo como jogo, não deve perder a decência, caso se pretenda ir longe, ou pelo menos, um pouco mais além.
Carlos Albino
- Flagrantes lições: As lições gratificantes do PS em Vila do Bispo e Olhão (para bom entendedor…), têm muito a ver com as penosas lições do mesmo PS em Loulé e em Monchique.
Sem comentários:
Enviar um comentário