Não é difícil perceber que, no rescaldo deste arrastado ciclo eleitoral (europeias, legislativas e autárquicas) que consumiu metade do ano, muito vai mudar sobretudo nos partidos onde muita gente não soube envelhecer, e, pior do que isso, onde alguns julgando-se insubstituíveis não conseguiram entender que o protagonismo exacerbado é o doença prolongada da política. Não estou a falar de um partido em especial, estou a falar de todos, os grandes e os pequenos, os que têm tido penacho parlamentar e os que nem isso.
As três eleições e particularmente as autárquicas que se desdobram em três sufrágios distintos (assembleias, câmaras e juntas) deram resultados tais que nenhum dos partidos se pode gabar de não ter progredido como os caranguejos – avançaram às arrecuas… - como também nenhum deles, quer por via das insípidas europeias ou das confinadas autárquicas, quer por via das desvirtuadas legislativas (círculo eleitoral desvirtuado, direcções regionais desvirtuadas, programas e compromissos eleitorais secundarizados em benefício dos apetites dos inúmeros líderes nacionais que se atropelaram), pode hoje dizer que debitou um contributo de liderança para o escol de líderes de que o Algarve carece. E aqui é que bate o ponto.
Na Europa, o Algarve perdeu ou não obteve um lugar, uma presença natural, o que só conseguiria impor por mérito de alguém suportado por eventual e incontornável força política dentro dos partidos; nas legislativas, os directórios políticos regionais deixaram-se ultrapassar pelos directórios de Lisboa que, na prática e apesar da fama de nacionais, são os directórios mais provincianos que o país tem e onde o Algarve não contou mesmo na sua parte mais provinciana; e nas autárquicas, além do apreciável número de chefes locais em fim de carreira por imposição legal ou movidos pela perspectiva de cálculo de reforma (também conta, mesmo a nível de freguesia) pouco ou nada, de Aljezur a Alcoutim e de Vila do Bispo e Vila Real, poderia emergir para o patamar de liderança regional, embora em Faro tenha sido levantada por mero exercício populista a questão da «Capital do Algarve», como se esta questão dependesse de postura municipal ou de subjugação das restantes 15 capitais como no fundo querem ser, à excepção de Alcoutim que é a terra mais pobre do país e de Monchique que é um Algarve à parte.
Mais? Fica para a semana.
Carlos Albino
- Flagrante evidência: Uma palavra para o elevado nível de um bom número de blogues algarvios neste ciclo eleitoral. Muita coisa por aí fraca, dispensável e até sem padrão de ética política; mas também um bom número que dá esperança pois foram prova de cidadania, dês escrutínio acutilante e, sobretudo, de saber.
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