13 Agosto 2009
À falta de partidos regionais que a lei impede e em certo sentido muito bem, as listas de candidatos por círculos eleitorais deveriam satisfazer os objectivos e as condições de representatividade regional. E assim é mais ou menos à excepção do círculo eleitoral de Faro cujos limites coincidem com a almejada região. À primeira vista, nos restantes círculos candidata-se quem é «da terra» ou que à evidência se identificou com a terra por palavras, obras e actos e não apenas pelo oportuno desempenho de cargos, mas no círculo de Faro aí temos de tudo, com os principais partidos a terem no Algarve as convenientes barrigas de aluguer para gerarem deputados que noutros ventres eleitorais não vingaram ou não vingariam. Na verdade, não há conhecimento de alentejanos do coração concorrerem em Viseu, de algarvios dos costados se apresentarem em Évora ou em mesmo aqui ao lado em Beja. Estamos em crer que nenhum beirão aceitaria um constitucionalista do Cachopo não por ser constitucionalista mas por ser do Cachopo, acontecendo o mesmo caso o homem do Cachopo, não sendo constitucionalista, tivesse sido presidente da Câmara de Lisboa e candidato a Sintra.
Ao fazerem do Algarve uma barriga de aluguer, os dois principais partidos em nada contribuíram para se restaurar a representatividade democrática posta em crise por jogos de interesses que excedem as marcas e por entendimentos em que o oportunismo político faz tábua rasa dos reclamados valores da democracia. O PSD, que até poderá eleger três deputados, não precisava disso ou quando muito punha isso em quarto ou quinto lugar. Quanto ao PS excedeu-se pois, sendo muito difícil que eleja também mais que três deputados, o círculo será de Lisboa, de Évora/Bruxelas ou da Guarda e de Faro só por adopção. É claro que com isto se deixa sugerido que a CDU voltará certamente a ter um deputado pelo Algarve em S.Bento onde o BE se estreará quase pela certa também com um representante. Vejam no que as barrigas de aluguer dão.
Carlos Albino
- Flagrante complexo: O dos candidatos e dirigentes políticos “algarvios” que nos currículos públicos omitem a terra de naturalidade…
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