quinta-feira, 17 de setembro de 2009

SMS 328. Em função dos líderes



17 Setembro 2009

Como se esperava pelos critérios e tropelias das listas, a campanha para as legislativas depende dos líderes dos partidos, cada um deles por sua vez cabeça de lista de outros círculos (José Sócrates pela Beira Baixa de Castelo Branco, e tanto Ferreira Leite como Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã por Lisboa com ou sem TGV, já que o sulismo é o diabo para Paulo Portas além do Sul não ter grande lavoura e os nossos mercados haver mais peixe que peixeirada). A lassidão dos dirigentes partidários regionais, alguns deles já de si algarvios por adopção ou, melhor, por usucapião, somada à fraca preparação política ou, se ela existe, ao seguidismo dos militantes que se escondem acriticamente nas trincheiras concelhias, permitiram ou facilitaram o uso do círculo eleitoral de Faro como barriga de aluguer, voltando à expressão aqui usada há semanas e que se volta a reiterar para responder a protestos de consciências pesadas. E porque a campanha, melhor, o voto depende mais dos líderes do que das listas, eles aqui vieram, e num caso até mesmo fora do dia de baile para que a tampa não se notasse tanto. Portanto, tudo funcionou e funciona como se as eleições fossem para eleger o primeiro-ministro, e não apenas e só representantes por círculos que se juntarão aos restantes representantes dos outros círculos ditando uma determinada maioria e umas quantas minorias de cujo voto colegial dependerá o próximo governo. Portugal não tem um sistema de governo de chanceler mas, desvirtuando o regime de parlamentarismo e semi-presidencialismo, aqui vamos cantando e rindo como se a finalidade de 27 de Setembro fosse eleger um chanceler.

Numa coisa Jerónimo de Sousa tem razão, deixem lá o homem ter razão ainda que seja numa, embora isto mais pareça ser uma observação do nosso caro Watson para Sherlock Holmes: as eleições legislativas não são para eleger o primeiro-ministro, são para eleger deputados em listas por círculos…

Todavia, apesar de no círculo de Faro não estar directamente em causa a eleição de José Sócrates, Ferreira Leite, Louçã, Jerónimo ou Portas como deputados, a propaganda, a actividade dos partidos e a enorme pressão oportunista exercida sobre o eleitorado relegou para segundo plano os candidatos genuínos que, bons ou maus, serão eleitos ou postergados em função dos respectivos líderes que, de resto, os colocaram impositivamente na barriga de aluguer. Isto não justifica a abstenção, apesar do desvirtuamento das regras democráticas acabar por ser uma sorte grande para os três primeiros de cada lista.

Carlos Albino

    Flagrante sintoma: O esforço para prova de ter alguma coisa a ver com o Algarve, como se isto fosse questão de raça. Se até os marroquinos adoptivos e os cães de caça têm, porque é que angolanos remotos, lisboetas de gema, beirões reciclados e minhotos in vitro não hão de ter?

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