28 Maio 2009
Sobretudo os do poder, clamam contra o darem-se apenas as “más notícias” com isso pretendendo dizer-se que as “boas notícias” são omitidas ou deliberadamente omitidas. Sem talvez disso se aperceberem, esses que clamam estão a assumir o princípio fundador de qualquer censura prévia e que tem a ver, obviamente, com aquilo que leva a que uma notícia possa ou deva ser considerada como má ou como boa, o que varia radicalmente entre quem governa ou administra e quem é governado e administrado – má para aqueles por amor a estes ou má para estes por amor àqueles tais. É por isso que nos regimes autoritários de censura prévia, há listas ou critérios para determinar quando uma notícia é má e quando ela é boa, chegando-se tanto mais ao ridículo quanto mais o regime político entrar no ridículo – uma notícia de mau tempo, por exemplo, sendo má, passa a ser proibida, como já infelizmente aconteceu aqui e além neste pobre mundo. É claro que, num regime democrático, quem clama contras as “más notícias” ainda não chegou ao ponto de querer proibir ou contrariar notícias sobre o mau tempo, como acontece na Coreia do Norte, quanto “más notícias” serão apenas aquelas tais que visam quem assim protesta ou o grupo onde quem protesta se insere, sendo “boas notícias” todas aquelas que consegue fazer divulgar visando o adversário político, o concorrente económico ou o pressuposto inimigo na escala da saloice social. Apenas não chegam à Coreia do Norte porque a democracia ainda tem corda, o que já por si é uma boa notícia ainda que seja uma das poucas boas notícias numa terra onde em doze notícias más é uma sorte haver uma boa e mesmo esta, para ser deveras boa, tenha que elogiar em algum parágrafo quem se julga na legitimidade de fazer a lista ou traçar os critérios do que seja mau ou bom numa notícia – na saúde, na segurança, no emprego, na economia, por aí fora incluindo o turismo que foge das más notícias como o diabo da cruz quando tem os tiques do diabo. Daí que, boa notícia no Algarve, obviamente, é a da subida do Olhanense, ou, para descarregar a alma de vez em quando, que foi distribuída ao almoço bastante comida a meia-dúzia de pobrezinhos porque para uma dúzia a comida seria já pouca e, sabendo-se isso, corria-se o risco de ser má notícia.
Carlos Albino
- Flagrante apelo: Votem no dia 7 porque a Europa não tem culpa.
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