quinta-feira, 30 de julho de 2009

SMS 321. A casa que devia dar exemplo



30 Julho 2009

O que se passou no parlamento já foi suficientemente comentado. Refiro-me ao debate sobre o estado da nação, a todo o debate e não apenas ao episódio de Manuel Pinho. No entanto, nunca será demais repetir que pior do que as cenas de S. Bento é a previsível imitação desse tom ou espécie de fazer política, das assembleias de freguesia às assembleias municipais, para não falar das assembleias de clubes, de escolas, etc.

Mal está a política quando os deputados abrem a boca e não medem as palavras, perdem a dignidade, entram pelo insulto e com uma máscara de combate a roçar o ódio dissimulam a fraqueza ou ausência de ideias e a incapacidade de exercício de crítica fundamentada. Mas enfim, as que se fazem em S. Bento, em S. Bento se paga. O pior é com os imitadores de que o país não se livrará, por certo, não sendo despropositado referir que o Algarve um campo propício a tais imitadores.

Nas eleições europeias já tinham aparecido sinais preocupantes da perda de qualidade da política, do debate e do confronto de ideias. Com a aproximação das legislativas e das autárquicas, não há apenas sinais, há dados objectivos, há provas de que afinal são os próprios candidatos que na mira dos votos cultivam e estimulam esse deslizar da política para o fundo. Não ganharão muito porque todos perderemos, sobretudo no Algarve onde a tradição da excelência política não existe ou se existe é coisa muito pontual e depende mais dos padrinhos do que do mérito próprio.

Carlos Albino

    Flagrante surpresa: Macário a ser educado em Faro por Alberto João Jardim, ele que até parecia politicamente educado.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

SMS 320. A região do barulho

2 Julho 2009

O barulho está a transformar-se no Algarve numa arma de destruição maciça. As câmaras concedem licenças a bares sem condições para o que dizem ser espectáculos de música ao vivo; a autoridade policial quando muito faz uma discreta intervenção; a ASAE que anda por aí a indagar qual a empregada de balcão que tem brinco na orelha, fecha os olhos, e algumas zonas de diversas cidades e vilas do Algarve são verdadeiros infernos. Chega agora o barulho às praias, com algumas esplanadas, até nas horas de sol, a apontarem o batuque para o cidadão que lá foi para ouvir o mar, inebriar-se com o azul do céu e descansar do mundo.

O curioso é que este mesmo Algarve feio e mau também parece estar sedento de silêncio, investindo verbas apreciáveis para aparentemente minorar o ruído. É o caso das câmaras que mal conseguem uma circular ou uns escassos quilómetros de estrada nova, não hesitam com uma rapidez espantosa colocar painéis contra o barulho ao longo dos mesmos quilómetros para quando muito protegerem apenas cinco ou seis ouvidos no descampado ou meia dúzia de casotas de cão novas apresentadas como novas vivendas. No entanto as mesmas câmaras nada fazem para impedir a poluição sonora dentro das cidades e vilas que tutelam, e nessa indolência e permissividade são gloriosamente acompanhadas ou secundadas pelas autoridades policiais mesmo que sejam solicitadas para acabar abusos, provocações e impunidades.

É claro que o Turismo é algo demasiado sério para que presidentes de câmara e autoridades o possam invocar em vão. O turista não vem ao Algarve para encontrar barulho a todos os cantos – há sítios apropriados para isso, há um enquadramento legal para a actividade de discotecas e de bares, há regras que definem as fronteiras entre a poluição sonora e o som que cada um quer comprar.

Carlos Albino

    Flagrante advertência: Há entusiasmos que irritam porque não correspondem bem à verdade e apatias que causam repugnância porque toda a gente gostaria que não correspondesse bem à mentira.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

SMS 319. A grande expectativa


24 Junho 2009

Depois dos resultados das “europeias” (entre aspas porque a Europa ficou entre aspas) naturalmente que a grande expectativa dos algarvios vai para as listas de candidatos que os partidos preparam ou reformulam para as legislativas, pois para as autárquicas o figurino está traçado – há candidatos que seguramente ganharão porque já ganharam e candidatos que apenas vão fazer o favor de se apresentarem como a solução local menos pior possível e pouco mais, descontada a vergonha política por algum lugar prometido por tal sacrifício. Todavia, por diferentes motivos, é bem possível que PS e PSD estejam a reformular os esboços de Janeiro/Fevereiro, com umas tantas figuras a saltar do barco e outras tantas a querer entrar.

No PS/Algarve, que se supõe ter aprendido amargamente que não há lugares garantidamente elegíveis, os nomes de deputados pela região têm que ser pensados um a um, nenhum pode estar associado a um escândalo por pequeno que seja e os cabeças de lista (nºs 1, 2 e 3) devem ser identificados mais por uma ideia ou um projecto em que o eleitorado acredite, do que por mero empenho nos empregos políticos que a maioria absoluta transformou em rotina. Se o PS não conseguir ou pura e simplesmente recusar fazer esse exercício de selecção que exige alguma purga, pior será.

No PSD/Algarve, que atravessou as europeias com temas cruciais lá muito bem escondidos ao fundo (a regionalização, por exemplo…) e que colheu os frutos do seu principal candidato nacional tudo ter feito para salvar a líder e não, como aconteceu no PS, ter-se visto o líder a tentar salvar o candidato, foi notório que, mal conhecidos os resultados, apareceu inesperadamente gente a forçar, a querer ou a sugerir uma entrada na lista, ligando lá para cima e aparentemente passando ao lado da estrutura regional. Se o PSD, mais uma vez, se apresentar como uma passadeira do oportunismo, também pior será.

O Bloco, a CDU e o CDS, certamente que, por esta ordem, beneficiando mais dos erros alheios do que dos méritos próprios, poderão mesmo entrar pelo Algarve no próximo parlamento e por aquela mesma ordem. Para o Bloco seria histórico, para a CDU seria um corolário e para o CDS seria, enfim, alguma prova de que não é um partido SCUT – ou seja, um partido que viaja em auto-estradas sem cobrança de portagem como parece viajar.

Carlos Albino

      Flagrante falha de autoridade: Muita gente já gastou o que não devia ter gasto nesta confusão dos furos (nos laboratórios de análises, então, com ou sem IVA…). A Administração da Região Hidrográfica do Algarve não tem uma explicação a dar com cinco cavalos de humildade, depois da nota informativa do ministro?

quinta-feira, 18 de junho de 2009

SMS 318. Tristeza e mau presságio



18 Junho 2009

As eleições para a Europa foram uma tristeza. O debate político foi paupérrimo e até deprimente, na sua grande maioria os candidatos tiveram tudo menos de europeus e não passaram de uns sorridentes provincianos com cara de paraíso garantido, muitos dos eleitores conscientes do que está em jogo neste Velho Continente ficaram atónitos e os restantes nem se aperceberam de que esteja alguma coisa em jogo. E como se previa, o Algarve que não teve um único candidato em lugar seguramente elegível em qualquer das listas, passou ao largo ou limitou-se a ver as alegres caravanas passar. O resultado é o que está à vista e, embora seja saudável cultivar o optimismo, não é de rejeitar a ideia de que estas eleições para a Europa, em vez de terem funcionado como alavancas para as legislativas e autárquicas, foram as primeiras que deixaram um sinal de profunda descrença na forma como os partidos usam o sistema de escolha colectiva. Oxalá que assim não seja, mas é aconselhável não assobiar para o lado.

Aliás, o Algarve não teve um candidato europeu que se impusesse nos jogos internos dos partidos porque também não tem líderes regionais com projecto na cabeça, plano nas mãos e força nos pés – o Algarve não tem líderes regionais, tem apenas funcionários regionais, zelosos e ciosos é certo, mas que por serem funcionários apenas funcionam como os mandam funcionar. E não tem líderes porque também não há contributos para uma ideia estruturada, não existe um debate sustentado e de finalidade digna, não há ânimo que desinteressadamente trace a rota do bem comum – o que não se consegue por decreto, por nascente da terra ou lembrança divina… Há na verdade militantes que se transformarem em profissionais da política e políticos que se treinaram nas técnicas de sobrevivência dentro dos partidos, a que se acrescenta uns poucos cuja reclamada independência dos partidos mais não é do que ressaibo trajado de movimento de cidadania. Estas espécies jamais evoluem para líderes.

Estas eleições europeias foram uma tristeza, e para o Algarve foram um mau presságio.

Carlos Albino
      Flagrante evidência: A regra do vale-tudo já começou para as autárquicas.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

SMS 317. Secretários do Peneco



4 Junho 2009

Para a inauguração de um elevador, o da Praia do Peneco, dois secretários de estado à frente de um batalhão de gente. Desceram, subiram, tiraram a bandeirinha da placa que eterniza nomes e egos, discursaram e, naturalmente, segundo testemunham as gazetas, muito público para o espectáculo, além da habitual tribo nómada de funcionários que não perdem uma coisa destas para se fazerem notados.

Vem de longe e de muito alto, esta prática de inaugurações, placas e discursos seja a que pretexto for, parecendo que nada de novo começa a funcionar neste país, nem que seja um elevador, sem inauguração, placa, discursos e sobretudo sem gente da mais alta soberania possível na agenda do momento. Ora, o que se passava antes da instalação do regime democrático, causava náuseas e dava-nos o sentimento de pertença de um país condenado ao atraso e ao provincianismo mental. Pessoalmente senti essa repulsa em dois momentos, antes de 1974: um, quando, tive que reportar a inauguração das escadas rolantes da estação de Metro do Parque Eduardo VII pelo chefe de estado de então (Américo Tomás); outro, quando igualmente tive de reportar a inauguração das lavandarias do hotel Sheraton pelo mesmo presidente da República. Chegou-se a isto – um presidente da República a inaugurar escadas rolantes e lavandarias de hotel, também com discursos, muito público e, obviamente, perante a coeva tribo nómada que nada perdia para se fazer notada.

Nos últimos meses, por aí tem havido inaugurações atrás de inaugurações, puxando gente do governo, algumas vezes não passando de projectos longe de obra, planos de obra apressada ou meros anúncios de obras para o tempo da Maria Cachucha. Algumas dessas inaugurações – poucas, diga-se – justificam-se. Mas a generalidade dessas façanhas volta a dar-nos esse tal sentimento de provincianismo mental de quando o presidente da República se apresentava como presidente das Escadas Rolantes ou como presidente das Lavandarias de Hotel. O que se diz sobre o elevador do Peneco, vale para o resto.

Carlos Albino
      Flagrante injustiça: O facto de Manuel Pinho, da parte dos 16 municípios algarvios, apenas ter recebido de Loulé a Medalha de Mérito Municipal Grau Ouro. Os restantes 15 municípios algarvios deviam encher aquele peito de medalhas, além de colocarem o nome em praças e ruas, avenidas e travessas.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

SMS 316. Então venham as boas notícias



28 Maio 2009

Sobretudo os do poder, clamam contra o darem-se apenas as “más notícias” com isso pretendendo dizer-se que as “boas notícias” são omitidas ou deliberadamente omitidas. Sem talvez disso se aperceberem, esses que clamam estão a assumir o princípio fundador de qualquer censura prévia e que tem a ver, obviamente, com aquilo que leva a que uma notícia possa ou deva ser considerada como má ou como boa, o que varia radicalmente entre quem governa ou administra e quem é governado e administrado – má para aqueles por amor a estes ou má para estes por amor àqueles tais. É por isso que nos regimes autoritários de censura prévia, há listas ou critérios para determinar quando uma notícia é má e quando ela é boa, chegando-se tanto mais ao ridículo quanto mais o regime político entrar no ridículo – uma notícia de mau tempo, por exemplo, sendo má, passa a ser proibida, como já infelizmente aconteceu aqui e além neste pobre mundo. É claro que, num regime democrático, quem clama contras as “más notícias” ainda não chegou ao ponto de querer proibir ou contrariar notícias sobre o mau tempo, como acontece na Coreia do Norte, quanto “más notícias” serão apenas aquelas tais que visam quem assim protesta ou o grupo onde quem protesta se insere, sendo “boas notícias” todas aquelas que consegue fazer divulgar visando o adversário político, o concorrente económico ou o pressuposto inimigo na escala da saloice social. Apenas não chegam à Coreia do Norte porque a democracia ainda tem corda, o que já por si é uma boa notícia ainda que seja uma das poucas boas notícias numa terra onde em doze notícias más é uma sorte haver uma boa e mesmo esta, para ser deveras boa, tenha que elogiar em algum parágrafo quem se julga na legitimidade de fazer a lista ou traçar os critérios do que seja mau ou bom numa notícia – na saúde, na segurança, no emprego, na economia, por aí fora incluindo o turismo que foge das más notícias como o diabo da cruz quando tem os tiques do diabo. Daí que, boa notícia no Algarve, obviamente, é a da subida do Olhanense, ou, para descarregar a alma de vez em quando, que foi distribuída ao almoço bastante comida a meia-dúzia de pobrezinhos porque para uma dúzia a comida seria já pouca e, sabendo-se isso, corria-se o risco de ser má notícia.

Carlos Albino

      Flagrante apelo: Votem no dia 7 porque a Europa não tem culpa.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

SMS 315. Pressões altas e baixas pressões



21 Maio 2009

Há um lado da sociedade que, no que toca a defender interesses, volta a considerar-se acima de qualquer regra, isenta de qualquer lei e à margem de qualquer comando colectivo. Tais interesses obviamente que não são interesses gerais mas apenas interesses pessoais ou, de quando em quando, interesses de grupo ou de bando, como se queira. E nem pertencendo tais interesses sequer à esfera do interesse geral, mais longe estão do que se costuma designar por bem comum. Os que se acolheram nesse lado da sociedade e actuam no livre arbítrio, para sobreviverem, necessitam todavia de poder, de qualquer poder, de qualquer porção ou qualidade de poder, nem que seja um ridículo poder de fatela. Só com poder é que essa gente de excepção sediciosa desenvolve força de pressão para voar acima das regras, se isentar das leis e marginalizar-se solenemente dos comandos colectivos impondo à consideração geral o seu livre arbítrio. Sem dúvida que um regime autoritário é por definição o exemplo acabado de uma sociedade submetida ao arbítrio de tal gente, mas um regime democrático não está livre dela sobretudo quando atribui ou distribui poder sem escrutinar quem o exerce e a forma como o exerce. Aliás essa gente espúria num regime democrático e que, pela lógica que lhe é própria, se crava como o espinho de pita em qualquer partido ou força democrática, destina a sua primeira e permanente atenção a tudo o que possa impedir o desenvolvimento do livre arbítrio, o benefício da isenção das regras e a vivência à margem dos comandos colectivos. É assim que amiúde contaminam o procedimento administrativo, é assim que perturbam o sistema de partidos dissimulando em fonte de admiração o que, numa sociedade em normalidade, não passaria de delinquência, é assim que interferem nos actos de autoridades legítimas que se lhe oponham ou que surpreendam o tal flagrante delito, é assim que moldam a justiça quando esta se deixa reduzir ao barro modelável dos adiamentos, dos recursos, da invocação torcida do número tal retorcido pela tal alínea visando o arquivamento da perna que ficou de fora, é assim que soterram a moral política. E a coisa revela-se tanto pior quanto mais cá por baixo do poder o fenómeno se nota. Tenho verificado que a própria GNR já recua na autuação perante um cartão de chefe municipal de terceira ordem colocado no vidro dianteiro do carro… As altas pressões começam por aqui.

Carlos Albino

      Flagrante avaliação: O mínimo que se esperava é que, antes de mais um Allgarve, se apresentassem as contas e a avaliação do Allgarve anterior – se vale, como valeu e quem beneficiou, a quem e quanto se pagou, se foi encomendado um estudo de avaliação e se por acaso as conclusões foram publicadas e acolhidas, enfim, se compensa um ministério da Economia substituir-se ao ministério da Cultura como se o ministério da Economia fosse o mecenas ou o adequado representante sindical dos mecenas.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

SMS 314. Mudar esses hábitos



14 Maio 2009

O primeiro desses hábitos – Cada um na sua terra julga-se no centro do mundo e da sua terra não sai mesmo que na terra ao lado ou quase ao lado haja um colóquio, uma exposição, um concerto, um teatro, um debate, um encontro, por aí fora sabendo-se de antemão que se trata de coisa de elevada qualidade. Sair de Faro para em Portimão usufruir do que não acontece ou não há em Faro é um sacrifício, rumar de Portimão para Lagos faz envelhecer a não ser que a coisa em Lagos seja de um primo, compadre ou ex-credor e da foz do Arade até Faro será de todo impensável, ir de Tavira a Faro será quase o mesmo que uma circunvalação da terra, alguém de Faro deslocar-se a Loulé só empurrado pelo avanço do mar uns 15 quilómetros terra adentro… Resulta assim que o que de bom e até de muito bom vai acontecendo uma vez por outra aqui e ali no Algarve, tenha pequenos públicos que por vezes nem chegam a formar públicos mas grupos de almas cheias de piedade para as coisas da Cultura ou, por narcisismo, para as coisas de si próprias. Há deveras um défice de Algarve na participação em actividades culturais porque é destas que falamos e se não fossem os festivais de sardinhas, mariscos e cerveja os pobres seres que têm mais barriga que olhos, cada terra algarvia seria mais ilha do que cada ilha dos Açores. Há que mudar este péssimo hábito do isolamento altaneiro que mais não é do que localismo pífio provocado pelo vírus da gripe do provincianismo mental que se propaga pelos espirros – provoquem os espirros de Faro ou de Portimão e verão se a gripe cultural não contaminará todo o Algarve.

O segundo de tais hábitos – Passou a ser regra que sessão pública que se preze tenha de ser presidida por autoridade do mais alto possível. Compreende-se que na política assim possa ser e nalguns casos até deva ser porque na política há suseranias e vassalagens, já mais difícil de aceitar será que essa «presidência da autoridade» tenha que ocorrer na cultura e nos debates de ideias sem vassalagem. Mas isso suporta-se e muitas vezes até se deve agradecer a deferência da autoridade. O que já não se suporta e menos se aceita é que autoridade aceite presidir e das duas uma: ou se faz representar por alguém a fazer figura de autoridade, ou está presente nos cinco minutos iniciais para uma intervenção de sua majestade pirando-se da sala logo a seguir a pretexto de ter de cumprir acto de agenda há muito programado… Este hábito começou primeiramente lá em cima, foi descendo por aí abaixo, já chegou ao presidente de junta de freguesia e chegaria ao regedor se regedores houvesse declaradamente por lei, porque de facto mais não temos do que regedores nas autoridades que por aí andam a aparecer como que a cumprir aparições divinas. Também há que mudar este péssimo hábito: quem não pode ir, não delega; quem não pode estar até ao fim, não vai; quem não tem tempo ou paciência para aturar coisas chatas da cultura ou das ideias, demite-se da coisa pública e nem espera pela exoneração.

Carlos Albino

      Flagrante dúvida: E quem deve declarar como fossas as praias que amiúde e inesperadamente ficam transformadas em fossas porque fossas são?

quinta-feira, 7 de maio de 2009

SMS 313. A classe da classe política



7 Maio 2009

Desta feita esperava-se que os políticos algarvios, ou políticos do Algarve ou políticos que por acaso e conveniência estão no Algarve, ao lhes ser proporcionado espaço em jornais (sobretudo em jornais porque na rádio a voz pode falhar e em sempre é bonita de se ouvir) mostrassem classe, abordassem temas de teor directo e útil para a sociedade e, enfim, recobrissem os espinhos das polémicas perturbadoras com o veludo da confiança, ou seja, que mostrassem a classe da classe política. Esperava-se assim que nesta fase pré-eleitoral (pré das autarquias e pré dos lugares elegíveis das legislativas), os políticos elevassem a imprensa da região para aquele patamar onde o debate casa indissoluvelmente com a inteligência em regime de comunhão de conhecimentos adquiridos. Mas não! Vem um e fala dos passarinhos que fazem os ninhos nos beirais dos telhados, chega outro e escreve sobre a figura da mãe que é o tema mais estafado desde que a Eva escolheu essa nova oportunidade, outro ainda pronuncia-se sobre esse tema da política regional que é o da subida do Olhanense, outro mais avança com uns parágrafos sobre coisas mais que evidentes da Europa do género dois-mais-dois igual a qualquer coisa, e por aí fora, prevendo-se já que, nos próximos dias, algum autarca escreva sobre o 13 de Maio, outro sobre o problema da eventual invasão de alforrecas, mais outro sobre a forma como o governo está proteger a produção de mel e a proceder à medição das ondas como nenhum governo até hoje ousou – como se verifica, temas da mais elevada importância para os algarvios.

Aos políticos com a classe de políticos que temos, obviamente que não interessa a abordagem frontal dos problemas que afligem as populações, porquanto interessa-lhes apenas aparecer, melhor será se o aparecimento for regular ou periódico, sendo o ideal com fotografia como que a fazer uma espécie daquela prova de vida aos balcões da Caixa Geral de Depósitos. Interessa-lhes apenas dizer aquele «estou vivo», este «estou aqui» e «esta é a minha cara». Portanto, para quê mais do que os ninhos dos passarinhos, os filhos da mãe, o óbvio da Europa, a invasão de alforrecas? Não será verdade que para o grosso dos políticos que temos vindo a conhecer no Algarve as ideias não são mais do que «o combate do adversário» a tal ponto que não teremos políticos mas apenas grandes combatentes?

Carlos Albino


      Flagrante troço: Apolinário desafia Macário, que ainda está em Tavira, para debate das contas de Faro, falta Macário desafiar Apolinário para debate das contas de Tavira. Daqui se conclui que a 125 já está requalificada no troço Faro-Tavira.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

SMS 312. Cocktail eleitoral



30 Abril 2009

Pelo que se verifica, há duas campanhas eleitorais em marcha – uma, formalmente e com o calendário já determinado pela Comissão Nacional de Eleições, é para o parlamento europeu; outra, à socapa mas com evidente calendário selvagem é para as autarquias. Pelo meio ou entre parênteses ficam as legislativas com os principais partidos à espera dos resultados das europeias, as quais, à excepção dos belos cartazes, de Europa pouco têm, porquanto os temas que até agora subiram à cabeça dos cabeças de lista têm sido temas nacionais ou temas mais adequados para as legislativas. E muito embora a campanha comece a rigor a 25 de Maio, a obrigatoriedade de proporcionar igualdade de oportunidades e de tratamento das candidaturas, de observar os princípios da neutralidade e imparcialidade, tal como a proibição da propaganda política feita, directa ou indirectamente, através dos meios de publicidade comercial, já entrou em vigor desde 24 de Março, sem grande cumprimento como se tem observado.

Sem grande relação ou mesmo sem qualquer relação com as europeias e enquanto não se eleva o balão das legislativas com o ar quente de eventuais punições ou agraciamentos do eleitorado, a campanha para as autárquicas todavia já começou com os candidatos locais a usufruírem tanto quanto possam destes meses em que não há obrigatoriedade de oportunidades e de tratamento das candidaturas, em que os princípios da neutralidade e imparcialidade não contam e em que a não há proibição da propaganda política comercial, sobretudo a indirecta. E para isto tudo vale ou tudo conta quer para os que estão no poder do poder local, quer para os que se julgam no dever de derrubar localmente tal poder – do jantar ao artigo de jornal, da confraternização de compadres ao passeio na rua onde o máximo número de eleitores veja quem vai de proa ou de vento em popa, para não se falar dos acordos informais com os que, sem escrúpulos, já descobriram que as eleições são excelentes oportunidades para informalmente se contornar a lei.

É curioso este cocktail eleitoral das europeias com as autárquicas. Para as europeias, como se vê pelas listas, o Algarve nada contou até porque muito pouco fez para contar ou escassa força política moral terá para ser levado em conta. Para as autarquias, como se nota já nesta fase informal da campanha, o Algarve também pouco conta, contando apenas os quintais e a política de quintal contra quintal.

Carlos Albino

      Flagrante canonização: Depois do Condestável, santo seria Vital Moreira se agora surgisse e defender a criação da região piloto do Algarve.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

SMS 311. Assim vai a política



23 Abril 2009

No Algarve, as listas para a Europa não provocaram qualquer alarido, parece que, das duas uma, ou estão todos contentes ou todos estão profundamente indiferentes. À excepção de Jamila Madeira que lá conseguiu um lugar sem garantia de eleição, certamente na expectativa de uma desistência, duas renúncias e meia suspensão, o Algarve é um zero à esquerda e à direita da Europa. Mais do que nunca o Algarve é uma periferia, um local sem importância nas excursões para Bruxelas/Estrasburgo.

Nas listas para as autárquicas, de modo geral quem está no poder recandidata-se e para quase todos os que se recandidatam só por grande asneira ou falta de destreza é que a vitória lhes fugirá das mãos. E diga-se que alguns dos futuros derrotados até desejarão paradoxalmente ser derrotados, na expectativa de usufruírem o pagamento político pelo facto de terem aceitado o imenso sacrifício de se candidatarem sabendo que iriam ser derrotados – o Arco da Vila de Faro tem alguma tradição de acolhimento destes desventurados, e se não for o Arco, o turismo terá lugar.

Nas listas para as legislativas que ainda vão relativamente longe mas já provocam despique de nomes – nomes que também na generalidade não passam de nomes, não se conhecendo desses nomes uma ideia sólida, um projecto de alcance ou um golpe de asa que dê esperança. É claro que citar alguma excepção que poderia ser citada apenas confirmaria a regra, mas nunca o Algarve teve tanto nome com voz do dono e para agradar ao dono.

Carlos Albino

      Flagrante slogan: Nós, Desgraçados.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

SMS 310. Assaltos e mais assaltos



16 Abril 2009

É claro que as notícias são más e o resto nem se sabe, porquanto não tem contagem o que não é participado às autoridades – para quê? pergunta-se – e a grande parte do que é participado não chega ao conhecimento público pois os jornais da especialidade, sem indagar as causas profundas, apenas vão dando no dia a dia o que tenha mais sangue, o que selectivamente provoque maior escândalo moral e o que mais choque em função dos montantes de euros como rendimento do crime. A televisão, designadamente a pública que é paga mesmo por quem não a queira pagar, dá de passagem as coisas que não pode omitir, anda alegre e obsessivamente entre um clube do Porto e dois de Lisboa concedendo interminável tempo de antena nacional ao problema da clavícula do futebolista Bóbó, e quando não há Fátima que comova, enfim, lá despeja explicações do governo com uns atalhos de visível satisfação pois a oposição tida como voz mais pesada não presta, e na verdade pouco faz para que acredite que preste. E o que essa mesma televisão, designadamente a pública que é suportada mesmo por quem deste jeito a não queira suportar, diz do resto do mundo parece ser apenas para que se tenha a ideia de que Portugal, apesar de tudo, é um país de brandos costumes e que lá fora é pior seleccionando-se em cada dia que passa o pior desse resto do mundo para que nos esqueçamos do que aconteceu ao virar da esquina.

O que, quanto à criminalidade, está a acontecer no Algarve é desde há muito o suficiente e já demais para que não nos interroguemos seriamente não só sobre as más notícias mas acima tudo sobre o que acontece e não chega a ser notícia sendo no somatório mais grave e coloca as populações em alarme e até justificadamente em pânico. Terão as autoridades policiais condições e meios, terão efectivos suficientes e serão pagos com a mínima dignidade em função do risco? Que prevenção da criminalidade há, que programas específicos e que planos que dêem o mínimo de confiança às populações? Como funciona a justiça na região que para também para grande parte da justiça é local de passagem, entre o estágio e a sinecura, assim sendo com decisões que deixam o cidadão comum atónito?

Carlos Albino


      Flagrante tema de crónica: Os presidentes de câmara que por andam a fazer crónicas e que já falaram da subida do Olhanense, das gaivotas com o mar azul ao fundo e do excelente mel da serra, têm um bom tema sobre o qual ninguém escreveu – como cantam os canários nas gaiolas da sua terra…

quinta-feira, 9 de abril de 2009

SMS 309. Teremos voz na Europa?


9 Abril 2009

O Algarve tem tido mais ou menos uma presença na Europa, embora nem sempre brilhante, nem sempre a deixar o eleitorado convencido de que vale a pena escolher alguém para o corrupio de Bruxelas-Estrasburgo. É claro que o Parlamento Europeu de 1986 é diferente deste que vamos eleger a 7 de Junho e se o novo Tratado Europeu vingar mais diferente será esbatendo a ideia de turismo político e de exílio dourado que a «representação» dos europeus tem sugerido.

Recapitulando, antes mesmo de eleições europeias, Luís Filipe Madeira foi um dos nomeados em 1986 e em 1987, nas primeiras eleições, foi o número dois da lista do PS encabeçada então por Maria de Lurdes Pintasilgo. Em 1989, foi José Mendes Bota a pontuar pela região pela banda do PSD, enquanto, pela banda do PS, algum cheiro a Algarve poderia exalar, enfim, a eleição de João Cravinho, pois José Apolinário teria de aguardar uns quatro anos para, em Janeiro de 1993, marcar presença e ganhar direito a um lugar elegível nas eleições de 1994 mantendo-se até Outubro de 1998, uns quatro meses depois de José Mendes Bota, que não fora directamente eleito, ter regressado a esse terreno. Nas eleições de 1999, o Algarve continuou a ter aparentemente voz na Europa, porquanto o PS fez eleger Joaquim Vairinhos e, por aquele mecanismo do sai efectivo entra suplente, também Joaquim Piscarreta em 2001 lá foi para o corrupio. Nas eleições mais recentes, as de 2004, o Algarve resumiu-se e bem a Jamila Madeira. Para as próximas eleições de 7 de Junho, não se sabe ao certo o que os partidos vão conceder ao Algarve, se concederem, porquanto a questão de presença europeia ou não, tem andado arredada do frágil debate político regional dominado pelas autárquicas que ainda vão relativamente longe. A reclamação dessa presença não tem sido visível ou audível por parte dos partidos na região, quase parecendo que a Europa não faz parte da agenda política algarvia. E se calhar não faz, pois a agenda política algarvia também se resumirá, quanto à Europa, a duas ou três agendas pessoais e só deus sabe o conteúdo europeu e finalidades europeias de tais agendas.

Carlos Albino

      Flagrante raciocínio: Diz Apolinário que já ninguém ousa chamar «elefante branco» ao Estádio Algarve por causa de uma final de taça e de um rally. Passou a ser um elefante incolor.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

SMS 308. Eles juram cumprir o mandato



2 Abril 2009

Dos oito deputados eleitos no Algarve, apenas metade pode dizer que cumpriu o mandato inteiro de uma ponta à outra, embora a dois tenhamos que descontar uns breves hiatos.

Presentemente e já na recta final da legislatura, no PSD aí temos como efectivos Mendes Bota de cuja algarviandade não se duvida e ainda José Pereira da Costa que foi membro da Assembleia Municipal da Figueira da Foz, vereador dai também em 2001 e antes desta apostólica descida ao sul fora secretário de Estado da Defesa e dos Antigos Combatentes. Ainda no PSD, Carlos Silva e Sousa, Luís Gomes e Ofélia Ramos Costa tiveram ocasião de passar por S. Bento como suplentes.

No PS houve mesmo dança. João Cravinho que foi cabeça de cartaz político renunciou em Janeiro de 2006 pelas razões que se sabe ou se supõe, três meses depois Luís Carito fez o mesmo após de uns meses de suspensão do mandato, depois de José Apolinário outro peso-pesado do mesmo partido ter igualmente renunciado em 2005 pelos motivos que sobretudo Faro conhece. Miguel Freitas, o líder distrital, esteve em S. Bento entre Março de 2005 e Setembro de 2006, suspendendo o mandato para se tornar funcionário da representação permanente de Portugal em Bruxelas seguindo o Comité Especial de Agricultura e nesse contexto assumindo a coordenação de Agricultura e Pescas. Jovita Ladeira e Aldemira Pinho são quem da banda do PS pode dizer que não jurou em vão cumprir o mandato para foram eleitas, porquanto, em função da expedita ginástica regulamentar de S. Bento, Hugo Nunes começou como suplente, subiu a efectivo temporário e tornou-se efectivo definitivo, o mesmo acontecendo com Esmeralda Ramires, David Martins, pois Manuel José Rodrigues ainda está no escalão dos efectivos temporários, e Paulo Morgado que pisou o chão de S. Bento como suplente em Março de 2005, suspendeu o mandato desde Janeiro de 2007.

Naturalmente que, em 2005, cabeça de lista e principais figuras da lista do PS, ou fizeram esse papel par dar nome ao partido ou para o partido lhes dar nome, e se outra explicação pode haver (há certamente mas não a dizemos), ela apenas apenas descredibiliza a figura do deputado aos olhos do eleitor defraudado pelas rifas que saem aos suplentes.

Carlos Albino

      Flagrante adjectivo: Disse Miguel Freitas que o objectivo do PS é voltar a ser «o maior partido autárquico da região». E anda toda a gente convencida que o PS é um partido nacional e que não há nem pode haver partidos autárquicos…

quinta-feira, 26 de março de 2009

SMS 307. Insegurança, desemprego e crise

26 Março 2009

Em vez de assobiarem para o lado, os dirigentes políticos, não os que estão longe ou lá em cima, mas os que estão aqui e bem perto, deveriam apresentar soluções para o que mais aflige os algarvios – a insegurança, o desemprego e a crise que está a minar as pequenas empresas e obviamente o comércio. Não aquela soluções vagas e abstractas que decorrem da reza do credo da estabilidade rezado como aqueles que rezam de cor e salteado para o seu deus distraído, mas soluções concretas para os problemas concretos da concreta sociedade. Não basta a constatação e o encolher de ombros, dissertando sobre o sexo dos anjos em vez de formularem os problemas e descreverem os remédios. Quanto à segurança, aí temos uma justiça amiúde desafinada cujas decisões deixam o cidadão atónito e desmobilizam as próprias autoridades que assim cada vez mais se refugiam em balcões de expediente; quanto ao desemprego, mais grave agora que o desemprego sazonal que era a rotina a que grande parte comodamente se habituou, aí temos o jogo com estatísticas que não dá pão a ninguém e muito menos paga encargos; quanto à crise, esperemos pelo verão, mas quando os hoteleiros dizem que um isolado jogo de futebol de fim-de-semana lhes deu mais clientela que as férias de carnaval, está tudo dito em termos de prenúncio, com o comércio a sentir de forma dramática a quebra do consumo, sabendo-se do resto – obras paradas, imobiliária sem negócios sólidos à vista a gerir ofertas de desespero. É evidente que todos esperamos uma boa revoada de turistas que de alguma forma, aqui e ali, deixe algum dinheiro fresco a circular na região mas, como as coisas estão a correr, ninguém pode garantir que o final de Junho, Julho, Agosto e um pouco de Setembro sejam favas contadas.

É hora, pois, dos políticos provarem que são políticos, que são merecedores com nobreza do que a política lhes deu e que têm nas mãos argumentos que convençam os eleitores e lhes dêem esperança nas virtualidades do sistema de representação. Em tempos de relativa abundância ou de recurso ao dinheiro fácil que o poder sempre consegue arranjar, o marketing até pode fazer alguns milagres de voto. Mas num momento de crise na qual o Algarve tem a tendência histórica de se converter num dos primeiros becos do país, o marketing político equivale ao suicídio político dos que dele abusam, a não ser que a sociedade por algum paradoxo já tenha optado pela sua própria extinção o que será impensável admitir mesmo num beco.

Sempre é oportuno dizer isto pois por aí lemos e ouvimos muita dissertação sobre o sexo dos anjos que não diz nada a ninguém e com verbos de encher que não têm qualquer relação directa e útil com os problemas concretos com que a sociedade algarvia se debate, problemas esses que não têm 16 autarquias, são da região toda, da serra ao mar. Será preciso trocar isto por miúdos?

Carlos Albino

      Flagrante desleixo. Pior que o árbitro no Estádio Algarve foi o estado do relvado. Alguém a merecer cartão vermelho.

quinta-feira, 19 de março de 2009

SMS 306. Políticos e funerárias

Calcula-se porque seja, de um momento para o outro, aí temos articulistas inesperados a escrever sobre o óbvio que até confrange e colunistas supostamente convidados cujas colunas mais não são do que propaganda confrangedoramente embrulhada em celofane. Todavia, isso não seria nada de anormal se na generalidade os inesperados articulistas e os colunistas convidados não fossem políticos de carreira ou dirigentes partidários e, em função desses estatutos, ocupando cargos públicos de relevo ou desempenhando importantes funções por endosmose da política.

Claro que não se põe em causa a inquestionável liberdade de expressão, o que se estranha é que tais políticos não usem a tribuna política que por legitimidade lhes pertence e para colmatar calculados silêncios destes últimos auspiciosos anos venham agora com regularidade para os jornais, em vésperas de eleições ou talvez por causa das eleições, como que a fazerem prova de vida e a subtraírem espaço destinado para a livre crítica e para o escrutínio da actividade pública àqueles que não têm a tribuna política que os políticos deviam usar e para tal foram eleitos. É que não só subtraem espaço mas também inibem que o cidadão comum use os jornais para aquilo que os jornais servem, devendo servir inclusivamente para observatório dos próprios políticos.

Com a política passa-se agora coisa semelhante, não é igual mas apenas semelhante à que, no Algarve ou quase só no Algarve se passa com as funerárias às quais se delega divulgar quem morreu. Em vez de anúncios nos jornais locais ou regionais, as funerárias têm o péssimo hábito de colocar placards próprios colocados nas praças públicas, anunciando cada uma apenas os seus mortos (havendo guerras de placards se uma funerária usa o placard da outra), ou à falta de placards colam os prints nas placas de estradas e caminhos, havendo placas que parecem cemitérios em função dessa publicidade selvagem à margem da lei e das posturas municipais (onde existem), subtraindo publicidade legal aos jornais e inibindo a família do morto de honrar a memória deste nos veículos de comunicação comunitária.

Os políticos, sobretudo detentores de cargos públicos ou exercendo altas funções de representação para que foram eleitos, podem mas não devem fazer dos jornais os seus placards de funerária… Fica-lhes mal pois se vestem o fato escuro não é por sentimento mas porque o ramo do negócio a isso os obruga.

Carlos Albino

      Flagrantes hipóteses para mestrados: pelo que consta ainda está por fazer uma investigaçãozinha sobre política e corrupção durante o a I República no Algarve e, já agora, outra investigaçãozita sobre a corrupção apolítica durante a II Guerra Mundial também no Algarve. O resto é banda desenhada.

quinta-feira, 12 de março de 2009

SMS 305. Mudança de critérios

12 Março 2009

Até há pouco tempo, o bom autarca era apenas aquele que apresentava obra. Sem obra, a reeleição estava liminarmente arrumada. Todo o pau servia para fingir qualquer obra e alguns autarcas traídos nesse frenesim de poder chegaram a cair no ridículo de venderem dois palmos de esperteza por três votos sem inteligência. Por isso aí temos cidades e vilas cheias de mamarrachos não tanto porque não houvesse leis mas apenas porque se autorizava para «haver obra», e mesmo que tais mamarrachos nada tivessem a ver com os bicos de obra da política eles sempre foram garantindo, por esta ou aquela via, uns retornos no apoio às campanhas eleitorais – não é por acaso que alguns desses mamarrachos se situam onde antes tinham funcionado sedes partidárias graciosa ou simbolicamente cedidas, por certo com segundas intenções.

Agora, o critério do eleitor já não vai sendo tanto a obra mas o perfil, e no perfil a moral, mais precisamente a moral política. Um autarca pode ter obra na mão, até muita obra ou obra a dar com um pau, mas se aos olhos públicos se revelar sem moral política, ele não tem hoje as chances que tinha no passado recente – os critérios mudaram. É assim que um autarca que o seja e insista, ou outro que tenha sido e queira retomar, se o sábio olhar público o identificar como comandante trapaceiro, peru miliciano de represálias, devasso sorridente ou traficante de influências fardado em São Francisco descalço, esse autarca bem pode dizer que sem ele a terra não teria cinco arranha-céus ou que se não tivesse sido ele a terra teria sido riscada do mapa, bem pode dizer isso e mais, com a pose de salvador único e insubstituível, mas, desprovido da tal moral política, quanto mais diz mais perde, sobretudo na democracia local onde o engano pode durar mas não perdura muito.

Por essas e por outras, pelo menos na fase em que o país está (com a justiça na lástima e a educação à mercê de experiências de laboratório impostas por uns brincalhões) sou pela separação de eleições locais e eleições nacionais, pois de outra forma a verdade eleitoral não virá tão bem ao de cima.

As próximas eleições autárquicas vão ser sobretudo um teste de moral política – para quem está e quer continuar, para quem ousa iniciar-se e definitivamente para quem eventualmente se julgue um messias de regresso mas que sem moral política na cara não passará do frete de fazer de messias.

A honestidade não é uma questão de marketing, o eleitor já sabe e por isso mudou os critérios. Ainda bem.

Carlos Albino

      Flagrante figura triste: A dos deputados por substituição que por aí andam, como se treinar para a Fórmula 1 da política fosse apenas andar à boleia.

quinta-feira, 5 de março de 2009

SMS 304. Os números do desemprego


5 Março 2009

Os números do desemprego no Algarve são de arrepiar a espinha, os sindicatos fazem bem em reclamar medidas especiais urgentes e os que tentam tapar o sol com uma peneira fazem mal. Há que encarar a situação de frente, identificar os problemas e tentar encontrar as melhores soluções antes que a situação social se agrave para níveis incontroláveis. Mas é muito provável que o bom senso não impere pois aqueles mesmos que nunca olharam com seriedade para o emprego não é agora que terão seriedade para olhar para o desemprego.

Era de esperar que alguma coisa já se tivesse feita, estando o Algarve altamente dependente de uma actividade económica sujeita aos altos e baixos do «ambiente» internacional, cujos comandos nem estão cá e para aos quais os algarvios são um indigenato feliz com o desemprego sazonal disfarçado com uns ganchos. E mais se justificaria que alguma tivesse sido feita e não foi, porque essa mesma actividade alimenta a jusante praticamente quase tudo o que economicamente no Algarve mexe à excepção de alguns teimosos da agricultura mas também estes desprotegidos e sem estímulo, até porque o deus dará de Espanha já não é o que era.

O que se tem ouvido é meramente o discurso róseo de justificação para quem está na banda do poder, ou a reclamação desesperada ou tornada ainda mais desesperada por quem, sobretudo em época eleitoral, aproveita qualquer desalinhavo do mesmo poder. Discursos róseos e reclamações tardiamente desesperadas não auguram nada de bom sobretudo numa região do país onde visivelmente os ricos estão mais ricos e os mais pobres cada vez mais pobres, para usar a fórmula tantas vezes usada para se ganhar eleições mas rapidamente esquecida depois de contados os votos.

Carlos Albino

      Flagrante sinal dos tempos: Um pai, publicamente, para quem quisesse ouvir, diz para o filhote: «E se essa professora te tocar com um dedo diz-lhe que o teu pai lhe dará um tiro nas patas».

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

SMS 303. A crise internacional


26 Fevereiro 2009

Portugal é bafejado de vez em quando com um milagre caído dos céus. Infelizmente, estes milagres não dão pão para a boca, não são chuva de pepitas de ouro e também não são banhos de civilização, cultura e civilidade. Os milagres que volta e meia bafejam Portugal são meras explicações normalmente sobre o que toda a gente já percebeu como sendo de culpa própria mas cujas causas também toda a gente percebe que será conveniente remetê-las para gente alheia, inominada e de preferência longínqua. O nosso século passado, o portuguesíssimo século XX, foi vivido à espera da conversão do Rússia e actividades correlativas como se estivesse aí a chave da solução para os problemas de um século que começou com a corrupção e a anarquia a autoalimentarem-se, e que praticamente foi até ao fim com o analfabetismo e a miséria a servirem de suporte para todo o género de déspotas e títeres, alguns dos quais rapidamente se trajaram de democratas mas todos muito satisfeitos pelo facto do povo estar confiadamente à espera da conversão da Rússia – naturalmente que uso a Rússia por metáfora. Mas, com ou sem metáfora, o certo é que um terço da população portuguesa emigrou, partiu e a maioria não quer regressar à terra dos milagres mesmo que a saudade não morra e as remessas de dinheiro enviadas tivessem feito enorme jeito às antigas Contas Gerais do Estado, agora civilizadamente trajadas em Orçamento do Estado.

É claro que, convertida a Rússia, a explicação milagrosa para os nossos males está agora na «crise internacional». Fizeram-se loucuras na banca, na imobiliária, com os dinheiros europeus (e tanto que foi a fundo perdido…), nas escolas, no aparelho do Estado e nos aparelhómetros das autarquias, mas conhecidas as consequências que algum dia teriam de aparecer, sacode-se a água do capote e lá vem a crise internacional. Os deputados eleitos que na generalidade – salvo honrosas excepções, para evitar melindres - acabado o escrutínio voltaram costas ao cidadão e se especializaram nos jogos de poder das máquinas partidárias, transformando o dever de representação em emprego político e em expectativa de mordomia e em contrato de trabalho com o chefe, também agora ousam limpar a seco esse passado com lições de «crise internacional» quando se confrontam com os protestos do desemprego, com as consequências das loucuras e com a apatia e desconfiança do cidadão comum perante uma justiça que nunca funcionou, uma escola que anda entre o oito e o oitenta, e uma saúde minada pela doença incurável do enriquecimento seja qual for o esquema da «crise internacional»...

Carlos Albino

      Flagrantes correcções (da edição do JA em papel): A «sondagem» a que nos referimos no SMS da semana passada, obviamente era uma flagrante observação, minúscula como todas as observações e não parte do texto. E uma semana antes, saiu como observação minúscula o que fazia parte do texto, tendo sido apagado o seguinte: «Em Faro, um duelo mais do que entre partidos entre duas personalidades – José Apolinário e Macário Correia. Um e outro têm que escolher bem os padrinhos.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

SMS 302. Apolinário, Macário e Vitorino

19 Fevereiro 2009

Como era de esperar, quanto a autárquicas, Faro está no centro da polémica politica embora o resto do Algarve não seja paisagem. Macário entra na corrida com promessas frescas, Apolinário tenta segurar, Vitorino insiste e com isto são os indivíduos que marcam. No resto do Algarve, quem está deverá ficar a não ser que nestes poucos meses que faltam para o acerto de contas com o eleitorado cometam asneira da grossa.

É claro que Macário ao pedir ao eleitorado passaporte para Faro, não lhe interessaria apenas Faro como autarquia mas como símbolo de alguma influência regional ou de alguma referência de liderança que desgastando-se na periferia política tavirense não lhe será possível. Na verdade ninguém se converte em farense de um momento para o outro porque Faro não é uma religião, é apenas uma primeira divisão ou divisão de honra.

De Apolinário ainda não se viu aquele golpe de asa – até agora geriu uma crise confusa que tão depressa se compreende nas causas e motivos como rapidamente se deixa de perceber nos efeitos e consequências. Apesar de pertencer ao partido do poder mas partido sem profissão de fé regional que se veja e convença (Miguel Freitas está lá por Bruxelas e não é em fins-de-semana, e-mail, uns telefonemas, uma outra sessãozita e corrupios de secretários de estado que fazem uma agenda política, sendo já tarde para reaver o que o tempo levou), pois Apolinário ainda tem tempo, pouco, não para mostrar mas para prometer esse golpe de asa. Paradoxalmente depende sobretudo de si próprio porque aquilo que parece serem ajudas pode desajudá-lo.

E Vitorino, que insiste, é de facto mais uma incógnita do que um fiel da balança até porque ele não tem propriamente um ideário – tem apertos de mão. Este ritual dá votos e ninguém pode garantir quantos apertos de mão Vitorino vai dar.

Carlos Albino

      Flagrante sondagem: A esmagadora maioria dos inquiridos praticamente apenas conhece dois deputados do Algarve – Jamila Madeira (que até nem está em S. Bento) e Mendes Bota (que até nem está no Parlamento Europeu). Os restantes são tidos como deputados dos militantes sendo a militância, como se sabe, a margem de 97,3 % de erro.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

SMS 301. Boa fase para apostadores

12 Fevereiro 2009

Esta fase de crise inegável que é pretexto também para impor ou perpetrar o impensável, esta fase de dúvidas sobre o que de mais sério um Estado pode possuir e que também é oportunidade para a própria seriedade passar a ser coisa secundária, pois esta fase é uma boa fase para apostadores, sobretudo para os apostadores para quem a razão pouco ou nada diz interessando-lhes apenas o acertar em cheio para onde o poder vai pender, agindo calculadamente em função da aposta no poder. Um pouco por toda a parte, aí estão os apostadores – com visibilidade inegável nos pequenos gestos do quotidiano, mas com sabida discrição na escola, nas empresas, na administração pública e, claro, na política que, em época de crise e de dúvidas, acaba por ser a mãe de todas as apostas, e não apenas mãe mas sobretudo matriarca quando na sociedade os valores do civismo são ultrapassados pelo egoísmo e cilindrados pelo egocentrismo, pois não há egoísta nem egocêntrico que não aposte e não engrosse o sindicato tácito do oportunismo que se rege pelos estatutos da ganância. Assim foi no século passado, quando, nos anos 30, a corrupção, a usura, o descarado tráfico de influências, a repartição de mordomias por fidelidades mafiosas e o desbaratamento das coisas públicas acabaram por conclamar um salvador, qualquer salvador que fosse mesmo que estivesse ao nível da cobra a encantar os pássaros. E assim foi com o mercado negro e os negócios escuros com que fizemos a nossa II Guerra Mundial com toda a neutralidade que foi a fortuna para apostadores de êxito mas pobreza, atraso e miséria para aqueles a quem a história humana reserva sem alternativa ou o lugar de espectadores impotentes e calados ou, se julgam que têm força e falam, o lugar de livres escravos.

Com a entrada na Europa a ser vivida como perverso milagre e com a democracia a rolar como distracção adquirida, muitos senão a generalidade dos portugueses pensaram que Portugal estaria, desta vez, imune ao seu mal secular ou que, se tal mal eventualmente renascesse ele não chegaria às províncias, sendo cortado pela raiz na capital, no centro do poder por obra e graça da vacinação com Europa e democracia.

Nunca é tarde para alertar, sobretudo na fase em que os apostadores voltam a querer organizar a festa, a sua festa.

Carlos Albino

      Flagrante duelo político: Em Faro, mais do que entre partidos entre duas personalidades – José Apolinário e Macário Correia. Um e outro têm que escolher bem os padrinhos.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

SMS 300. O sítio sem nome

5 Fevereiro 2009

Portugal já começou a ser outra vez um sítio sem nome. Todos constatam com muito pesar que há corrupção mas, constatando isso, logo acrescentam de alguma maneira que não há corruptos. Todos se afirmam contra o centralismo e contra os poderes centralizadores que levam ao despotismo oculto e ao afastamento do Estado relativamente aos cidadãos mas, afirmando isso, logo garantem que não há egocêntricos no poder, nem déspotas a vários níveis sublimando na burocracia os seus complexos de superioridade, e que, assim sendo, se os cidadãos estão afastados do Estado é porque assim quererão. Todos reconhecem que há mordomias e distribuição de cargos por simpatia e conveniência e não por competência, mas, indo ao somatório dos casos concretos, da empresa municipal ao instituto autónomo de ministério, logo dizem que toda a gente é competente, com curriculum ajeitado e talhada para o múnus. Todos os que, por responsabilidade pública ou profissão de fé deveriam dedicar-se à concretização do direito e não podem fugir à verdade de que o direito não se concretiza, também não deixam de garantir que a máquina da justiça está emperrada, lenta e contraditória, mas logo a seguir, não deixam de confundir a defensável presunção de inocência com a defesa descabelada da inocência e antes de conhecida qualquer decisão de qualquer meritíssimo não deixam de afirmar que a condenação será um erro, e isto para não falar dos sabedores de direito que usam a sua ciência para ajudar a contornar o mesmo direito e as leis paradoxalmente dentro da legalidade baralhada. Todos ficam perturbados com o conhecimento dos factos mas logo a seguir insurgem-se contra a divulgação dos mesmos factos pisando no almofariz invocações de segredo de justiça e desejos confessos de censura prévia como se pisam alhos e salsa para as omeletas, mas remetendo a verdade para investigações que apenas terminam fritas no arquivamento, no esquecimento geral ou nos acordos tácitos que ninguém fica a perceber por serem tácitos. Um país assim é um sítio sem nome e onde também, desculpem lá, as regiões que se julgava terem nome também perdem o nome, pois qualquer sítio onde haja corrupção sem corruptos, onde haja mordomias sem militantes disso, onde o direito é como um deus de nome invocado em vão, e onde ao conhecimento e apuramento dos factos se prefere a omissão protectora, esse sítio não tem nome.

Carlos Albino

      Flagrante passo em frente: O projecto das Minas de Sal-gema de Loulé pelo qual há tantos anos nos batemos (designadamente aqui, no Jornal do Algarve) e que apenas o actual poder autárquico assumiu de forma clara e desabrida depois da tibieza dos anteriores, é sem dúvida o primeiro grande passo em frente do Turismo de Civilização no Algarve.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

SMS 299. Vem tudo aqui parar

29 Janeiro 2009

Não vale a pena falar dos casos porque toda a gente sabe, ouviu e tem sentido mas o pior que o mundo obscuro dos negócios incomensuráveis oferece vem parar ao Algarve. Nos últimos anos são casos atrás de casos, de onde menos se espera e quase sempre de quem é apenas conhecido nesses meios obscuros porque se não fossem os escândalos, continuariam simpáticos anónimos entre os anónimos simpáticos, e influentes ilustres entre os ilustres influentes. É claro que nem toda a gente dos negócios é assim: há, felizmente, investidores sérios, sejam estes grandes, médios ou pequenos e que se incomodam tanto ou mais que o cidadão comum com essa gente que aqui vem parar, sabedores da falta de escrutínio dos seus procedimentos, usufrutuários da lassidão política e jogando com uma justiça que deveras não funciona ou pela lentidão ou pela intervenção de uma legião de consultores preparados não para a concretização da justiça mas para ajudar a quem pretenda ladear a lei dentro da legalidade porque esta é a questão – a questão das escapatórias, matéria em que muitos portugueses ganhariam o Nobel se houvesse Nobel para peritos em escapatórias. Aliás, saber manejar as escapatórias já se transformou em honestidade e melhor maneja mais honorável já é, muito embora essa honestidade escapada e essa honorabilidade de mafarrico vá comendo a democracia como o bicho da madeira come a madeira e transformando a política naquele pó que nem serradura é.

O caso de Bemba, por exemplo, excedeu as marcas. Foi dado asilo a quem agora mesmo, nas masmorras de Haia, está formalmente acusado pelo Tribunal Penal Internacional, interrompida que foi a sua vivência no paraíso da Quinta do Lago, vivência essa que não foi por acaso, como não terá sido por acaso que aqui veio parar.

O mal do Algarve é que há por aí muita gente que não é algarvia, não se fez algarvia e a quem o Algarve não lhe interessa rigorosamente para nada a não ser o mundo obscuro das escapatórias. Vivem e actuam num Algarve aparte, embora se cruzem connosco anónimos, simpáticos e influentes.

Carlos Albino

      Flagrante portento: É dos dicionários – portento diz-se de quem é extraordinariamente talentoso, inteligente e capaz. Foi o caso de Luís Vicente no seu desempenho na peça «O Presidente» levada à cena no Teatro Lethes e que alguns não tiveram a paciência de esperar. Oh santo deus! A cultura espera-se!

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

SMS 298. É a fase da propaganda

22 Janeiro 2009

Se alguma coisa há com a qual a democracia não ganha nada, antes pelo contrário perde, é a propaganda – a tal, a enganosa, sendo que, em política, a propaganda raramente deixa de ser enganosa. E, pelo andar da carruagem, era já de prever que, com a aproximação destas eleições, entraríamos na fase da propaganda. O achincalhamento do debate, da crítica e do diálogo, a «morte civil» dos que não se prestam ao exercício laudatório, a criação de várias polícias desfardadas a propósito de modernizações aqui e ali que não passam de bazófias, e o estímulo a que chefes passem a chefões e chefinhos se armem em chefes numa hierarquia que volta, neste país, a dissimular a falta de inteligência com o exercício discriminatório dos poderes e com a exibição da capacidade de provocar temor, tudo isto acaba por garantir impunidade aos propagandistas.

Vem isto a propósito da regionalização.

Até há pouco, melhor, até antes da crise, o argumento máximo dos que afastaram a regionalização como o diabo da cruz, foi sempre o argumento de que o Estado não tinha condições, designadamente económicas, para concretizar essa finalidade. Agora que ainda não se atingiu o pino da crise nem se sabe bem qual será a altura do pino, os mesmos prometem e anunciam o propósito da regionalização como bandeira eleitoral. Ainda assim, seria de dar umas résteas de crédito se esses tais mesmos tivessem feito alguma coisa pela regionalização, nomeadamente por via da desconcentração de poderes que não seja mera criação de empregos para a clientela, e, claro, por via da descentralização de competências sobre as matérias que não sejam para inglês ver. Mas não, pelo contrário – confundiram a autoridade conferida legitimamente pelo voto com o autoritarismo impante que manda o voto às urtigas.

Ora, autoritarismo pré-nupcial e propaganda em dia de boda, dão em mau casamento.

Carlos Albino

      Flagrante constatação: A ministra da Educação, afinal, sabe menos que uma criança de 10 anos, e o ministro da Economia, afinal também, sabe mais que um Nobel de 71 anos.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

SMS 297. Há gente a gozar o prato

15 Janeiro 2009

O caso não é geral mas volta e meia repete-se. Refiro-me aos serviços técnicos de câmaras que tutelados pela política acabam por tutelar a política gozando o prato. Arquitectos, engenheiros e alguns desenhadores correlativos estão metidos nisso – não todos, repete-se, nem sequer a maioria, apenas aquela minoria de sabidos como as há em todas as profissões «técnicas» que amarram o contribuinte e o eleitor aos pareceres «técnicos» elaborados com aquela lentidão que não mata mas mói, ou segundo critérios díspares que variam de cabeça para cabeça e conforme o interessado é Sua Excelência ou aparentemente arraia miúda. Já nem me refiro aos conflitos de interesses que, aqui e ali, aparecem não tão evidentemente como outrora mas dissimulados, talvez melhor dizendo, camuflados, procedimento que tem seguramente êxito numa sociedade onde a regra é a de cada um que se governe. O pior que as autarquias têm passa por aí, não se registando iniciativa autónoma de monta no que toca à transparência e no combate à pequena corrupção a qual, no somatório, até consegue ser maior e pior que a grande.

Vem isto a propósito de um daqueles casos que não fazem notícia nos jornais, mas repete-se. Determinada pessoa pretendeu abrir uma pequena e modesta casa de venda de pão. Alugou casa, fez obras na conformidade da lei, dirigiu-se aos serviços municipais para obter o licenciamento. Para uma simples padaria, os ditos serviços, passados oito meses, não tinham ainda elaborado o parecer necessário para a decisão… Claro que a dita pessoa desesperou, denunciou o contrato de arrendamento, perdeu tudo o que investiu, desistiu, nem quer ouvir falar dos serviços técnicos municipais da sua autarquia. Oito meses sem um não, sem um sim, sem uma resposta qualquer, é de facto demais. Não se trata de um PIN, de uma grande superfície, de uma urbanização de enchido e cozido, tratava-se apenas de uma pequena casa para venda de pão, portanto coisa pouco para comover tecnicamente os serviços técnicos que assim procedem confiados que o anonimato os protege das consequências da lassidão e que a arraia miúda não os põe em sentido como alguma Sua Excelência os poderá pôr. O caso não é geral, mas repete-se e é assim que, aqui e ali, os «técnicos» vão tutelando a política quando querem e quando lhes apetece gozar o prato.

Carlos Albino

      Flagrante dificuldade: O prémio SMS de Jornalismo que não é de atribuir por atribuir, relativamente a 2008 que passou, não é atribuído – a crise também passa por aí.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

SMS 296. O 17.º concelho algarvio

8 Janeiro 2009

Acintosamente, os que não têm um rasgo de cultura que não seja o da cultura popular contra o Povo (com ajuda das televisões, nomeadamente a pública, que mais parecem fossas livres porque vai lá tudo parar) chamam à Orquestra do Algarve o 17.º concelho do Algarve. Mas, fora o acinte, acertam na designação – a Orquestra do Algarve não só é o 17.º concelho, como é um governo civil para os devidos efeitos mais útil do que o do Arco da Vila de Faro, e que quisermos dizer coisas sérias a brincar a orquestra já mais alta que o pico da Fóia, tem oito estrelas que nenhum hotel possui e tem mais oiro que o oiro que o senhor ministro Pinho consegue ver em cada allgarve de golfe e apesar de parecer custar muito, vejam só, custa um centésimo dos cães de luxo do Algarve juntos que andam por aí sem propriedade responsável a conspurcar as ruas e a passear os donos. E fora de brincadeiras, mal do Algarve, da Cultura do Algarve, se perde a sua orquestra que, sem território, é o seu melhor concelho. Irreprimivelmente, senti-me forçado a escrever estas linhas, terminado o concerto-espectáculo Diabolus in Musica em Portimão (com a magnífica Banda Osíris), naquele teatro municipal que com justiça deve encher Manuel da Luz de orgulho. Corrijo: de brio.

É claro que no interior da orquestra terá havido reivindicações excessivas, alguns exageros para os tempos que passam que saltaram cá para fora do contexto e com fífias. É claro também que a orquestra ainda não conseguiu colocar a olhos vistos no elenco gente da terra, para que seja mais Orquestra do Algarve e menos Orquestra no Algarve, mas isto são outras contas – são contas da casa e muito há a fazer, só quem já está no paraíso é que nada terá nada à frente para fazer. É claro também que falta no Algarve uma vontade explícita de levar o público até junto da Orquestra, sobretudo o público que desejaria ir e não pode, acontecendo isto até quando a orquestra se desloca contratualmente com o propósito de ir ao encontro do público. Nisto, algumas juntas de freguesia, responsáveis pelo que do pior provincianismo confessional o Algarve tem, parece que preferem patrocinar ou apoiar excussões a Fátima ou mesmo a Santiago de Compostela, porque Roma daria muito nas vistas e os velhotes que contam para os votos calculados não aguentariam a estafada. Mas também estas são outras contas.

Carlos Albino

      Flagrante ponderação: O habitual prémio SMS de jornalismo, atribuído anualmente por altura dos Reis, está a ser ponderado. Será revelado na próxima semana.

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

SMS 295. Este 2009 que aí está

31 Dezembro 2008

Assim como nos anos das vacas gordas, a política no Algarve não passou do «esperemos que isto passe para se ver no que isto vai dar», também não é agora em tempo de vacas magras que a atitude política se vai alterar. Assim, no silêncio calculado dos que vivem da política e dela, quase mecanicamente, recebem as benesses e o salário de prestígio social, este 2009 que aí está e que envolve eleições, aquela regra vai ser de ouro, e todos esses vão esperar que isto passe para ver no que vai dar. Na verdade, quando a política é tomada e vivida ou manipulada, ao mesmo tempo, como causa e efeito, quem arrisca não petisca,. e quem não arrisca, pela certa petisca. É claro que, há uns anos, estaríamos longe de imaginar que a democracia daria numa situação que não passa de jogos de interesses – interesses pessoais ou interesses organizados de grupo, tanto faz, em que os eleitores e contribuintes apenas existem, não para serem ouvidos, atendidos e servidos pela política para melhor, mas apenas para legitimar a vitória dos que por aí andam a esperar que isto passe para se ver no que vai dar.

Teremos, pois, autárquicas, europeias e legislativas. Nas autárquicas, na maior parte dos16 casos do Algarve, voltará a ganhar que ganhou, pelo que as oposições locais andam a desencantar quem possa perder sem grande transtorno, mesmo com recurso a quem foi exonerado da política ou que há muito a política devia ter demitido. Não há ninguém que a troco de um lugar certo de deputado que é o maior petisco, arrisque uma derrota autárquica. Nas europeias, nem se sabe se o Algarve terá algum lugar «elegível», como se diz no jogo em que a democracia se transformou, em todo o caso parece que há lugar cativo e o esforço para essa marcação foi notório. Nas legislativas, salvo algum autarca de relativo êxito provinciano que tenha sonhado ou mesmo reivindicado um voo mais alto para S. Bento, as máquinas partidárias têm obviamente os nomes na calha, pelo que gentinha cá de baixo só é ouvida para não se dizer que não foi escutada – fica quem estiver de alma e coração na situação porque de situação se trata por muito que custe a quem jamais esperaria que a democracia desse em situação.

Carlos Albino

      Flagrante expectativa: As contas e resultados dessa coisa do Allgarve que foi a maior asneira do Ministério da Economia Cultural ou da Cultura Económica, como queiram, pois misturar cultura e economia é regra de qualquer situação.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

SMS 294. O respeito pelas religiões

24 Dezembro 2008

Os poderes públicos devem obviamente respeitar a igualdade entre religiões, não lhes cabendo dizer se a crença professada por uns é melhor que as outras. E esse respeito é independente de uma crença ser aparentemente maioritária relativamente a outra. Se uma determinada religião é reconhecida e não colide com a Constituição e as leis, não cabe aos poderes públicos professar, pois cada um é livre de professar o que entender ou de não professar nada. Os poderes públicos não podem nem devem quer hostilizar uma determinada religião ou os seus agentes em função desta, como também não podem nem devem privilegiar alguma religião mesmo que os seus agentes gostem.

Ou pela aproximação das eleições, ou para alicerçar «imagem política», ou até a pretexto de «apoio cultural», o certo é que os poderes autárquicos, aqui e ali, vão fazendo das suas pondo em crise preceitos da convivência democrática mesmo que ninguém levante cabelo. Um exemplo, o que por vem nas agendas municipais em matéria de cultos com a prestação de informação certamente adequada e legítima num boletim ou num jornal confessional mas que de forma privilegiada e exclusiva não tem cabimento. Se por hipótese, tais agendas municipais prestassem informação relativa a todos os cultos professados no território autárquicos, enfim, ainda seria um critério embora se duvide que em terras pequenas como as do Algarve, os crentes sejam assim tão desleixados que precisem da agenda do município para o cumprimento dos deveres religiosos e onde fica o templo para esse exercício. Mas não, a religião para tais autarquias parece ser só uma e mais nenhuma, e nesta observação não há qualquer interesse em representar religiões eventualmente lesadas não se sabendo também se alguma se queixou. Apenas um exemplo, porque há mais e até exemplos com água no bico.

As religiões, a começar pela dominante, dizem-se apolíticas e só lhes fica bem. Mas já fica muito mal aos poderes públicos construídos e constituídos pela política deixarem-se levar por confessas simpatias por uma religião em detrimento das restantes, deixando sugerir uma proximidade promíscua que não ajuda deus nem mata o diabo, porque apenas visa o voto dos anjinhos.

Carlos Albino

      Flagrante drama: O do alcoolismo no Algarve.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

SMS 293. A Imprensa livre, bela prenda

18 Dezembro 2008

Numa democracia – é bom repetir – a Imprensa livre e isenta é a melhor prenda que uma sociedade pode ter ao longo do ano e não apenas pelo Natal que precede eleições. Livre e isenta – é bom repetir. E como não há liberdade sem responsabilidade (sem esta responsabilidade é melhor que não seja prenda) é evidente que a Imprensa livre é um pequeno reduto se os irresponsáveis forem a maioria. Já quanto à isenção, costumam os pensadores de café argumentar que não é possível Imprensa isenta, mas é – a Imprensa é isenta se tiver o fito do bem comum e perderá cada vez mais a mesma isenção se tiver em mente apenas o interesse geral, sabendo-se que o chamado interesse geral não passa da imposição dos interesses particulares dos mais fortes em detrimento dos interesses dos mais fracos. Para ser isenta, a Imprensa terá que escrutinar em cada momento, do grande título de primeira página à vírgula da necrologia, se está a servir o bem comum ou o interesse geral. Aliás, compete à Imprensa ir dizendo o que lhe parece ser bem comum, ainda que correndo o risco do erro e submetendo-se com humildade ao dever de reconhecer quando erra.

Estafadamente vai para 35 anos, e com isto quase duas gerações, que o país andou a zurzir contra a censura prévia da ditadura e ainda zurzem como se isso existisse mas dando jeito para descargo de consciência. Ora quem viveu e lidou frontalmente com essa censura prévia, tem alguma legitimidade para afirmar que numa democracia há o equivalente, se não até pior: é a condição prévia. Um regime autoritário impõe a censura prévia para impedir a democracia; numa democracia, quem submeta a Imprensa à condição prévia está a chamar pelo regime autoritário como o pastor chama os cães com belos assobios.

Muitos ou bastantes sabem do que estou a falar. Os restantes sabem mais do que aquilo que aqui deixei esboçado. Por ora. Esboço é esboço.

Carlos Albino



      Flagrante inversão de papéis: O dos políticos que não usando, como devem, a tribuna própria para a qual foram eleitos, se convertem em colunistas, cronistas e até já se conclamam de jornalistas!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

SMS 292. Estragam isto

11 Dezembro 2008

1. A profissão de deputado. Bastou aquele 31 da votação sobre a avaliação dos professores para levantar a lebre: as faltas dos deputados duplicam à sexta-feira (devem triplicar nas sextas antes das pontes) pelo que neste ano de 2008 já perto do final, tais faltas vão em quase 700. E curioso, as ausências são justificados com «trabalho político».

Não se questiona o «trabalho político», compreendendo-se agora (no caso do Algarve) a razão pele qual, volta e meia, há deputados a queixarem-se dos jornais não falarem deles e dos seus «trabalhos políticos» e apenas referirem o trabalho político de um ou outro como se falar de quem trabalha fosse conceder privilégio. Naturalmente que uma coisa é a justificação da falta no parlamento e outra é o pretexto, mas daria um grande jeito os jornais documentarem a presença de Suas Excelências em notícias tão importantes como esta: «Nesta sexta-feira x, o deputado Y deslocou-se à Ilha de Faro para constatar in loco o nível de subida do mar, rumando depois para Albufeira para constatar a qualidade do peixe grelhado.»

Relacione-se isto com a recusa ou escusa de alguns deputados profissionais em se candidatarem nas próximas autárquicas e teremos a chave da justificação para as autárquicas e dos pretextos para o parlamento. Estragam isto.

2. A profissão de banqueiro central. E pasma-se quando se fica a saber agora que Vítor Constâncio, pelo comando do Banco de Portugal, recebeu em 2007 18 vezes mais o rendimento nacional por habitante e está entre os banqueiros centrais mais bem pagos do mundo, quando o seu salário é ponderado pelo rendimento per capita – recebe 250 mil euros por ano. Não se exige que o governador banco central seja um frade franciscano descalço, mas como se compreende que ele, num país onde os ricos são cada vez menos pobres e os pobres cada vez mais miseráveis, ganhe mais do que o seu colega norte-americano que leva para casa escassos 140 mil euros/ano?

Outro profissional a estragar isto.

Carlos Albino

      Flagrante buraco financeiro: A banca portuguesa, de Janeiro a Junho portanto antes da crise financeira - , lucrou cerca de seis milhões de euros por dia, pelo que ganhou mais de mil milhões de euros e mantendo elevados os custos operativos. Então porque é que não estava a banca preparada para enfrentar a crise e teve que pedir ao Estado que tratou como Maomé e a quem só ofereceu toucinho? Estragam isto.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

SMS 291. Regionalização e professores

4 Dezembro 2008

1. Regionalização. A guerrilha institucional a propósito do Estatuto dos Açores cai mal. E cai mal porque o mesmo governo que fecha as portas à regionalização administrativa no continente é o mesmo que estimula ou rubrica a cada vez maior autonomia política das regiões insulares, num descompasso despropositado e inaceitável. Não se sabe quem irá pagar os custos gravosos desta continentalização onde as disparidades da distribuição da riqueza são evidentes, mas não é justo que os pobres cada vez mais pobres paguem os custos da insularidade. Chega-se, por exemplo, ao ponto de, para a nomeação de coordenadores do ensino na América do Norte, ser na prática a secretaria regional de educação dos Açores a fazer, na prática, as nomeações, apenas porque os Açores têm lá emigrantes, sendo esse um assunto de estado – o Algarve, as Beiras e Trás os Montes também lá têm emigrantes.

2. Professores. Do 8 caiu-se no 80. Sem que se tenha feito uma avaliação serene e séria das razões e motivos do divórcio da escola relativamente à sociedade, estendeu-se o dedo aos professores, e, na prática apenas contra os professores. Mais grave: em vez de se estabelecer um sistema de avaliação de desempenho por via do qual a escola e a sociedade ganhassem de vez confiança recíproca, optou-se pela via mais pérfida que em Portugal pode existir e que é a da criação de um policiamento de matriz corporativa, com professores convertidos em polícias dos seus colegas. Naturalmente que por entre os que a isso se prestam, sabe-se que a sua maioria descamba para os actos de sediciosa vingança. E o resultado está à vista: professores da melhor água estão destroçados na carreira e nas suas vidas pessoais, vítimas desta Mocidade Portuguesa tardia mas persistente na mentalidade daqueles para quem a finalidade vencedora da vida está nos despojos ganhos em guerras de secretaria.

Dois assuntos de fábula que mostram como a democracia potencialmente pode eleger ditadores, os grandes e os pequenos. Naturalmente que não estamos ainda em risco de eleger um grande (ainda não foi convocado um plebiscito) mas os pequenos aí estão a pulular. E pululam nas escolas.

Lamentável.

Carlos Albino

      Flagrante advocacia: Ainda não se viu sinais de debate da transparência e da responsabilidade perante a Sociedade que assiste calada à querela corporativa interna. Lamentável também o baixo tom das palavras a que se chegou de parte a parte.