quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

SMS 291. Regionalização e professores

4 Dezembro 2008

1. Regionalização. A guerrilha institucional a propósito do Estatuto dos Açores cai mal. E cai mal porque o mesmo governo que fecha as portas à regionalização administrativa no continente é o mesmo que estimula ou rubrica a cada vez maior autonomia política das regiões insulares, num descompasso despropositado e inaceitável. Não se sabe quem irá pagar os custos gravosos desta continentalização onde as disparidades da distribuição da riqueza são evidentes, mas não é justo que os pobres cada vez mais pobres paguem os custos da insularidade. Chega-se, por exemplo, ao ponto de, para a nomeação de coordenadores do ensino na América do Norte, ser na prática a secretaria regional de educação dos Açores a fazer, na prática, as nomeações, apenas porque os Açores têm lá emigrantes, sendo esse um assunto de estado – o Algarve, as Beiras e Trás os Montes também lá têm emigrantes.

2. Professores. Do 8 caiu-se no 80. Sem que se tenha feito uma avaliação serene e séria das razões e motivos do divórcio da escola relativamente à sociedade, estendeu-se o dedo aos professores, e, na prática apenas contra os professores. Mais grave: em vez de se estabelecer um sistema de avaliação de desempenho por via do qual a escola e a sociedade ganhassem de vez confiança recíproca, optou-se pela via mais pérfida que em Portugal pode existir e que é a da criação de um policiamento de matriz corporativa, com professores convertidos em polícias dos seus colegas. Naturalmente que por entre os que a isso se prestam, sabe-se que a sua maioria descamba para os actos de sediciosa vingança. E o resultado está à vista: professores da melhor água estão destroçados na carreira e nas suas vidas pessoais, vítimas desta Mocidade Portuguesa tardia mas persistente na mentalidade daqueles para quem a finalidade vencedora da vida está nos despojos ganhos em guerras de secretaria.

Dois assuntos de fábula que mostram como a democracia potencialmente pode eleger ditadores, os grandes e os pequenos. Naturalmente que não estamos ainda em risco de eleger um grande (ainda não foi convocado um plebiscito) mas os pequenos aí estão a pulular. E pululam nas escolas.

Lamentável.

Carlos Albino

      Flagrante advocacia: Ainda não se viu sinais de debate da transparência e da responsabilidade perante a Sociedade que assiste calada à querela corporativa interna. Lamentável também o baixo tom das palavras a que se chegou de parte a parte.

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