1. A profissão de deputado. Bastou aquele 31 da votação sobre a avaliação dos professores para levantar a lebre: as faltas dos deputados duplicam à sexta-feira (devem triplicar nas sextas antes das pontes) pelo que neste ano de 2008 já perto do final, tais faltas vão em quase 700. E curioso, as ausências são justificados com «trabalho político».
Não se questiona o «trabalho político», compreendendo-se agora (no caso do Algarve) a razão pele qual, volta e meia, há deputados a queixarem-se dos jornais não falarem deles e dos seus «trabalhos políticos» e apenas referirem o trabalho político de um ou outro como se falar de quem trabalha fosse conceder privilégio. Naturalmente que uma coisa é a justificação da falta no parlamento e outra é o pretexto, mas daria um grande jeito os jornais documentarem a presença de Suas Excelências em notícias tão importantes como esta: «Nesta sexta-feira x, o deputado Y deslocou-se à Ilha de Faro para constatar in loco o nível de subida do mar, rumando depois para Albufeira para constatar a qualidade do peixe grelhado.»
Relacione-se isto com a recusa ou escusa de alguns deputados profissionais em se candidatarem nas próximas autárquicas e teremos a chave da justificação para as autárquicas e dos pretextos para o parlamento. Estragam isto.
2. A profissão de banqueiro central. E pasma-se quando se fica a saber agora que Vítor Constâncio, pelo comando do Banco de Portugal, recebeu em 2007 18 vezes mais o rendimento nacional por habitante e está entre os banqueiros centrais mais bem pagos do mundo, quando o seu salário é ponderado pelo rendimento per capita – recebe 250 mil euros por ano. Não se exige que o governador banco central seja um frade franciscano descalço, mas como se compreende que ele, num país onde os ricos são cada vez menos pobres e os pobres cada vez mais miseráveis, ganhe mais do que o seu colega norte-americano que leva para casa escassos 140 mil euros/ano?
Outro profissional a estragar isto.
Carlos Albino
- Flagrante buraco financeiro: A banca portuguesa, de Janeiro a Junho portanto antes da crise financeira - , lucrou cerca de seis milhões de euros por dia, pelo que ganhou mais de mil milhões de euros e mantendo elevados os custos operativos. Então porque é que não estava a banca preparada para enfrentar a crise e teve que pedir ao Estado que tratou como Maomé e a quem só ofereceu toucinho? Estragam isto.
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