Não é com intenção de acerto de contas mas apenas para se aquilatar
o nível a que se coloca a política no Algarve, mesmo quando a política se cruza
diretamente com o futuro da região, ou pelo menos com aquele futuro que uns quantos
bem intencionados e que não esperam nada da política, desejam para a região. Aí
por ocasião dos calores de discussão sobre a regionalização – assunto que a
crise e a troika se encarregaram de colocar na arca congeladora - foi sugerido pelos bem intencionados que as
autarquias (municípios e freguesias) abrissem mão de poderes e até
questionassem a justificação da sua própria existência e aceitassem colocar
parte dos poderes que têm e parte da sua própria existência nas regiões, no
caso do Algarve, na Região do Algarve que continuamos falsamente a supor que
existe mas que é uma coisa falsa porque nem houve amostra disso nem há sinais
de que possa haver. E o que sucedeu? Sucedeu que em vez de se aceitar que há
municípios e sobretudo freguesias a mais com péssimos serviços, se estimulou a
criação de novos concelhos e de novas freguesias, sendo melhor que quem lá de
cima andou por aí a dar “ânimo” a uns ingénuos e até suporte a gente de mão, se
esconda debaixo da mesa e mude de nome para não cair agora em contradição. Na
verdade, os mesmos folgazões da política que se serviram de ingénuos para, com
o enganoso municipalismo reforçado e com as rebeliões fragmentárias locais que
levaram à multiplicação de freguesias e a ânsias de novos concelhos para
efeitos meramente imobiliários (o resto é conversa), inviabilizarem a Região e
reforçarem o centralismo que foi sempre a sua bandeira, são os mesmos agora
que, a pretexto da crise e da rendição sem condições à troika, anunciam com
regozijo funerário a extinção de freguesias e preparam a fusão de municípios. E
com isto, a Região perdeu, o centralismo sai reforçado sem apelo e sem deixar
margem a grande contestação, e naturalmente que a clientela iludida pelo
fogo-fátuo do municipalismo que por pouco não voltava a ser foraleiro com o
regresso dos pelourinhos, essa clientela também perdeu ou vai perder. É uma
questão de tempo.
Carlos Albino
Carlos Albino
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Flagrante arrepio : Arrepio mesmo com o nível de conhecimentos, de capacidade e de motivação intelectual que a generalidade dos alunos do ensino superior revela no Algarve. Como é que gente tão atrasada chegou tão longe? E como é que se permitiu que se tivessem atrasado tanto?
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