22 setembro 2011
Ainda estão dos ouvidos algumas palavras que Alberto João Jardim veio dizer aqui, no Algarve, convidado como estrela da regionalização, por certo com a intenção de motivar os algarvios a imitá-lo um pouco. Por aquilo que destemperadamente ele disse e não tanto pelo tom – cada um tem o tom que tem -, escrevemos que o convidado da Madeira em vez de ajudar, tinha vindo dar uma machadada no objetivo da regionalização, descredibilizando-a. Na verdade, sempre que Alberto João Jardim abre a boca julgando dar uma aula sobre regionalização, o que ele faz é falar de provincianismo, sobretudo daquele provincianismo que se colou à revolta da Maria da Fonte contra os enterramentos fora as igrejas. Mas a Madeira fosse um caso de sucesso de qualquer Maria da Fonte em traje moderno, seria de ouvir Jardim e calar. E não duvido que, se o convidaram a pregar no Algarve, era porque Jardim tinha precisamente a fama intocável de “fundador da Madeira”, pelo que, não havendo ainda “fundadores do Algarve”, o sermão do Funchal poderia estimular a procriação dos ditos. Só que aquilo que acaba de ser descoberto e deixa o país atónito (ocultação de dívidas perto de 1891 milhões de euros com desvio de verbas para isto e para aquilo) transformou o fundador da Madeira no “afundador da Madeira”, Madeira essa que tem menos de metade da população do Algarve e um território que equivale a Albufeira tão esticada como gostaria de se esticar se a deixassem, mas que, através da chantagem da independência, afinal brinca com o orçamento do Estado sugando-o, abusa dos contribuintes portugueses e dá suporte há três décadas à versão portuguesa mais acabada ou amacacada de um ilustre democrata do sertão africano. Por favor, não o convidem mais a pregar no Algarve, que, com os sermões que aqui veio fazer, já estragou muito e já levou a que alguns, mirando-se ao espelho, tenham discursado para si próprios: “Sou o Jardim do Algarve, não sou?”
Carlos Albino
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Flagrante reconhecimento: Discordou-se mas agora damos tardiamente razão a José Apolinário – “Faro é Faro”.
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