quinta-feira, 9 de outubro de 2008

SMS 283. Apenas da maior importância

9 Outubro 2008

Há conferência em Faro, dia 18. Não é para bajulices, para atribuição de medalha, para encómio de governante ou escárnio de opositor. «A Ferrovia, o Algarve e a Europa», chama-se. É o PSD a organizá-la, podia ser outro, nem interessa porque o que interessa é o tema. E com os protagonistas certos – o ministro que acordou com os espanhóis, em 2003, o calendário do TGV português, onde o Algarve contava (Carmona Rodrigues), o coordenador da CP no Algarve (Luís Alho), o coordenador do Grupo Técnico para o Estudo da Mobilidade (Pinheiro Henriques), o presidente da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento do Transporte Ferroviário (Arménio Matias) e, compreensivelmente, as vozes que o PSD, sendo anfitrião, tem para o caso - para além do líder regional do partido, Mendes Bota, o deputado Jorge Costa e o presidente da AMAL, Macário Correia, e com isto lá se vai já metade do espaço para este apontamento. Mas que o tema é da maior importância, é, num tempo em que o ministro Mário Lino fala 17 horas e meia para compensar o Oeste de um aeroporto que nunca existiu, e reserva para o Algarve quatro minutos e dois segundos, sendo dois desses minutos para falar no Algarve sobre o Oeste. Metáfora, claro.

É verdade que para o Algarve nunca esteve previsto um TGV mas apenas um comboio de alta velocidade entre Faro e Huelva (nem toda a alta velocidade é TGV), programado para 2018. Por acaso, estive nessa cimeira da Figueira da Foz e as circunstâncias proporcionam que, logo na ocasião, dissesse a Durão Barroso e a José Maria Aznar, primeiro a um, depois a outro também por circunstância, ter dúvidas e mesmo descrença que algum dia houvesse alta velocidade entre Huelva e Faro, mas que se isso acontecesse, mesmo uns dez, vinte anos depois em 2018, seria uma excepção no histórico da visão de Lisboa relativamente ao Algarve. Que não, disseram ambos, e quase chegaram ao Pare, Escute e Olhe. E está-se a ver, a escutar e a ouvir.

Em todo o caso, honra lhe seja feita, Mendes Bota mobilizou em alta velocidade a sua área política para falar do caso e é de ouvir e registar o que vai ser dito na conferência. Porque quem não fala no caso como devia e podia, está a perder não só o pendular mas também o intercidades.

Carlos Albino

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