Já nos esquecíamos daquela Capital nacional da Cultura em Faro, e da modestíssima verba para isso destinada que nem dava para mandar cantar quem tivesse os olhos abertos. Também nunca se esperou que alguma vez, ou por iniciativa do Algarve, ou por vontade política do governo ou conjugadamente pelas duas partes, o Algarve que, embora não queira, não deixa de ser uma cidade com várias freguesias, beneficiasse de uma candidatura a Capital Europeia da Cultura polarizada em alguma dessas freguesias. O Algarve, em matéria de cultura contenta-se com pouco, e basta pouco (o acrescento de um «l» traidor no nome histórico da região transformando-o em «programa») para se autoconvencer que já é muito. E até nem se importa que seja o ministério da Economia a dar cultura, habituado que está à pobre economia e desinteresse político do ministério da Cultura.
Claro que não se deve invejar o que Guimarães conseguirá para 2012, como Capital Europeia da Cultura, e com Guimarães a região Norte e até a Galiza – só para equipamentos novos e renovação urbana, Guimarães vai dispor de 70 milhões de euros e 25 milhões para a programação cultural, além de que as estradas 125 da zona há muito que estão requalificadas. Guimarães conseguiu, parabéns porque fez por isso, muito embora vá dispor, ao que se sabe, de 111 milhões de euros, tanto quanto só a Casa da Música no Porto, que fica a 55 kms de Guimarães. Não é Guimarães que está em causa, o que está em causa e se põe em causa é a falta de iniciativa, ausência de rasgo, bloqueio de visão larga, amorfia de projecto, bloqueamento de olhar de longo alcance, carência de raciocínio superior e alheamento de pugna pela excelência por parte do Algarve que não é uma entidade abstrata, um fantasma que corre em Albufeira e dorme no Caldeirão, uma alma satisfeita se os hotéis de sete estrelas estão repletos mas insatisfeita se o dinheirinho não pinga para os pequenos horizontes. Para quê mais cultura a não ser a de freguesia?
Carlos Albino
- Flagrante bom comportamento: O da Administração Regional de Saúde do Algarve que, garante quem representa quem recebe, pela primeira vez em 30 anos tem as contas em dia com os 15 laboratórios clínicos privados da região que atendem cerca de 300 mil doentes por ano.
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