quinta-feira, 1 de novembro de 2007

SMS 234. Listas

1 Novembro 2007

Porque dois ou mesmo três anos, politicamente, é um ar que se lhe dá, sente-se já os movimentos, melhor, a movimentação para as listas, onde presunção e água benta cada um toma a que quer. Para o comum dos mortais, as eleições (legislativas, autárquicas) ainda vão longe, mas para os imortais da política, a coisa está perto ou na hora de «não perder o comboio». Alguns, fartos de serem autarcas ou vendo num assento parlamentar a coroa de louros a que se julgam com direito, posicionam-se – não dizem que querem, até dão ar de desdém, mas quem desdenha quer comprar. E os que por enquanto vão estando assentados, sabem também que entraram na última fase da «consolidação do lugar», pois não anda longe de verdade que um assento parlamentar é a coisa que, no País, tão rapidamente aquece como arrefece. Portanto, nada de irritar os chefes partidários e, pelas diversas vias, «chegar ao povo» a fim de se obter, a tempo, a chamada legitimidade de consideração. É claro que será dispensável referir os presidentes de juntas que palpitam uma hipótese na vereação ou, casos mais raros, os vereadores falhados que almejam ao menos uma junta para ressarcimento dos desastres.

Nada contra isto – é normal numa democracia. O que não é normal é que aos movimentos dos que têm apetite por elegíveis lugares de poder, não correspondam movimentos de ideias e debates, sobretudo corajosos, sobre as questões de interesse geral e do bem comum. As ideias, como as temos sentido, não passam, umas, de ideias parasitas e asseptizadas dos programas partidários, outras, de ideias adventícias do chefe respectivo cujo nome, amiúde, invocam em vão, designadamente daquele chefe próximo ou distante de quem, quer se queira ou não, dependerá a formação das listas. Por isso, impera a manha. Parece silêncio mas não é – é manha. Ora, uma democracia de manhosos, pode ser muito popular, mas é contra o povo. E quem se pica, alhos mordica.

Carlos Albino

Flagrante economia regional: É mais difícil encontrar uma empresa algarvia entre as mil maiores empresas do País, do que uma agulha no palheiro.

Sem comentários: