1 – Inacreditáveis as notícias que chegam de Alvor. Ou as autoridades ambientais e autoridades conexas esclarecem de uma vez por todas o que está a acontecer na Quinta da Rocha e agem sem delongas, ou mais ninguém de boa-fé definitivamente acredita em leis, planos, redes e ordenamentos do território. As notícias de Alvor dão conta apenas de um fio da meada. Há muitos outros problemas aqui e ali geridos pela calada ou, pior do que isso, geridos com «engenharia política» e com o «controle de impacto» na sociedade – os prevaricadores, dissimulados ou não, sabem que esta, a sociedade algarvia está dividida em comarcas de interesses, subdividindo-se as comarcas em regedorias de manha. Não são todos, oxalá até que seja uma minoria, mas há gente que opera no Algarve ostentando gloriosamente o bilhete de identidade de investidor turístico, passeando-se depois com métodos, procedimentos e objectivos próprios de invasor bárbaro. E o que vai arrepiando é que aquilo que era manifestamente bárbaro há dez anos, hoje é tolerado pela lei e enquadrado na lei.
2 – Aos bárbaros, obviamente, não lhes interessa os Algarvios, porque até desejariam um Algarve sem Algarvios, ou com o mínimo possível de Algarvios. Sem regras ou contornando as regras, os bárbaros negoceiam o Algarve retalhado fora do próprio Algarve – daí odiarem a Regionalização da qual fogem como diabo da cruz. Os resultados dessa perversa pose de conquista em que as pessoas não contam e que em muito determinou aquilo a que seraficamente chamados de Política Turística, contando apenas o negócio, e com a qual alguns algarvios têm ingenuamente colaborado a bem da avença, tais resultados estão à vista e são dramáticos: o risco de pobreza pirou no Algarve entre 1955 e 2000 (dados conhecidos) de 15 por cento para 25 por cento, ainda que o PIB regional tenha aumentado – sendo este PIB o turismo (com a neve do golfe incluída) e não já a alfarroba e amêndoa ou a pesca e conserva. O risco da pobreza é um indicador fundamental do desenvolvimento e esse risco no Algarve retalha o peito. É de suspeitar que a situação tenha piorado, e muito, desde 2000 a esta parte – basta andar por entre a pobreza envergonhada ou que por aí se esconde até ao último momento de dignidade possível. Nenhum bárbaro, dos muitos que temos, se envergonha disso, como comprovam algumas esmolas que dão.
Carlos Albino
Flagrante advertência: As represálias de professores sem escrúpulos sobre professores escrupulosos, estão a exceder as marcas… Algum dia, isto virá ao de cima.
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