Muito breve e em poucas palavras – os médicos que apresentaram demissão de chefias do Hospital Central de Faro têm razão. E independentemente de terem razão, é chocante a forma como os responsáveis pela saúde no Algarve geriram o problema, a denotar que o complexo da maioria absoluta também já vem fazer aqui turismo de Inverno.
É claro que falar verdade da questão da saúde no Algarve – que está numa lástima – não é contribuir para o alarmismo e insegurança, pois os doentes e os que dos cuidados médicos necessitam, já há muito estão alarmados e inseguros. Para nada serve abafar a verdade da questão e rejeitar saber qual é problema pois os algarvios, sobretudos a vasta camada dos mais pobres e remediados, há muito sentem a dor da verdade para a qual uma democracia sadia tem cura ou pelos menos dispõe da terapêutica das práticas democráticas e que foi o que não se verificou. O que se verificou foi a pesporrência que é a cólica da democracia. Os médicos até podiam por hipótese não ter razão, mas não a atitude de quem tem poder e é responsável público não pode ser aquele “ai!” que dá conta de haver cólica.
Numa região onde as manifestações consolidadas de crítica política são escassas e até mal vistas (voltou-se a identificar a crítica como sendo coisa “contra a situação”…) é natural que responsáveis com poder se sintam confortados com a impunidade. Duvido que este tipo de comportamento se altere nos próximos tempos, até porque quem mais precisa tem medo e cala-se – cala-se é a palavra.
Os médicos, a bem da verdade, mais não fizeram do que se descartarem das responsabilidades pelo caos da saúde no Algarve e que não pode ser iludido pelo argumentário dos que comem estatísticas ao pequeno-almoço, ao almoço e ao jantar, sabendo-se que a estatística, sobretudo a da saúde que reduz algarvios a números, é profissão muito mais velha no mundo que a outra. E está tudo dito.
Carlos Albino
Flagrante actor: Correia de Campos
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