Um pouco por todo o Algarve, é inacreditável o que se passa à porta das escolas, à hora da saída de aulas. Toda a gente quer recolher o menino ou a menina com segurança e rapidez, o que não se recrimina. Só que a onda de egoísmo que submerge a sociedade – diríamos até, de egoísmo fundamentalista que não deixa de redundar mais dia, menos dia em terrorismo social – tem infelizmente, em muitos desses pais descarados protagonistas, transformando espaços que deviam ser de alegria e confiança no futuro, em espaços de atropelo, de manifestações provincianas de comodismo e de militante desdém pelo outro. Naturalmente que o assunto raramente é caso de polícia porque talvez esse enxame, no seu conjunto, mande na polícia, controle a polícia ou talvez mesmo atemorize a polícia. Mas as cenas repetem-se todos os dias, havendo motivos para pensar que esse sindicato de egoístas vai à escola menos por zelo pelos filhos e mais por aquilo que o egoísmo fundamentalista já transformou em norma e que é o «estatuto social». Esta semana foi-me dado comprovar, numa escola da capital, que muita dessa gente vai por estatuto e para mostrar estatuto, o que só é possível mostrar exactamente junto das grades da porta de saída, uns sobre os outros, e todos encavalitados com os seus estatutos a ocuparem a via pública à espera que os respectivos filhos entrem para esses territórios soberanos em que os egoísmos andam sobre rodas. Na verdade, com um imenso parque de estacionamento vazio mesmo à frente dos olhos, andar vinte, cinquenta metros a pé acompanhando os filhos, seria caso de perder estatuto… Ora, pais destes, não frequentando a escola, só estragam a Escola, e, aqui para nós, borram o seu próprio estatuto.
Carlos Albino
Flagrante coisa positiva: O portal-piloto Algarve Digital, embora tenha muita parra e pouca uva em função da prioridade que foi a alma do projecto – um ponto de encontro, inteligível para os utilizadores, entre a administração central e autárquica (sic).
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