Designar a época de Verão como a Silly Season será o mesmo que chamar-lhe Estação Pateta? Claro que não. A expressão inglesa guarda, quando importada, uma espécie de requinte que os adjectivos pateta, ridículo, tolo, imbecil ou idiota, apesar de tudo, não contêm. Por isso mesmo, teremos de manter a expressão inglesa se quisermos que o conteúdo dê os seus frutos.
E até que dá. Agora, quando os dancings juntam respeitáveis políticos com strippers, nas mesmas pistas, e as vidas dos verdadeiros actores são misturados com as videntes, e os piqueniques integram sheiks das Arábias e ministros, tudo se compreende e se desculpa, a começar pelos próprios, pois estamos na Silly Season.
E claro que o palco da Silly Season onde é? O Algarve. O Algarve, região da Silly Season, por excelência, suporta todos os descomandos, todas as misturas e inversões! Fotografias bizarras, festanças descomunais, champanhes nas piscinas....
Por isso mesmo o Algarve faz rodar o papel cor-de-rosa como em nenhum outro lugar do país...
Mas os autarcas deveriam tomar cuidado. Porque a nossa Estação Pateta não é bem uma Silly Season. Entre nós, gente em apuros, conviria que uns tantos mantivessem juízo, e soubessem distinguir entre o que significa ser fotografado ao lado de Óscar Niemeyer e de Lili Caneças. Entre o estar num Concerto na Praia dos Pescadores, e estar na feijoada de Cinha Jardim.
É que a Silly Season passa, mas a memória retém. E entre nós, de súbito a expressão pode ter outros requintes – A estação pode vir a chamar-se simplesmente de Estação Saloia, e o Algarve o espaço saloio que a recebe.
Carlos Albino
Flagrante pesca: Se o bispo de Aveiro pode ir pregar para as praias, porque é que o Governo não haveria de pregar aos peixes no Algarve? Não é tudo uma questão de isco?/span>
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