É bem possível que, depois de inviabilizada a criação da Região Piloto (entorse que provocou todos os problemas) e institucionalizado o jogo de intersses na disputa de cargos políticos "dados" sempre por cima, sem escrutínio sério e rigoroso dos próprios partidos, a RTA nas suas sucessivas fases de tenha lançado na contemplação do umbigo.
Por isso, um certo estilo de conduzir o turismo provavelmente chegou ao fim, até porque o Estado, desta ou daquela forma, nunca permitiu que a RTA abandonasse o modelo de elite burocrática, supostamente responsável por decisões complexas, no pressuposto de que todos os agentes implicados condordassem com tais decisões ou, talvez melhor para quem a manutenção do estatuto dessa elite foi interessando, não prestassem atenção. Por isso também, não é difícil aceitar que a liderança da RTA tenha sido por regra conferida ou tolerada por acordos políticos que não existem sem entendimentos partidários, explícitos ou tácitos. Foi assim que a RTA, sempre de alguma forma, espelhou o rotativismo no aparelho central do Estado à mercê do qual, sem regionalização, cada vez mais está, perdendo também progressivamente aquela áurea de "liderança" regional que não passou de áurea pois nenhum político forte da região trocou um assento mais promissor do poder pelo assento da RTA cujas atribuições, missão e objectivos, em vez de reforçados, se foram diluindo e tornando difusos quanto ao essencial.
Porque haveria de deixar de ser assim? A RTA, quer se queira quer não, a vegetar politicamente à margem de um quadro de regionalização inequívoca, não foi sempre uma sinecura, um lugar de recurso ou quando muito um prémio e um trampolim? E poderia ter sido outra coisa? A RTA que já foi um registo sui generis no PAís, hoje não passa de um caso vulgar de Lineu.
Carlos Albino
Flagrante incompatibilidade: Entre um Jornalista e um Moço de Recados.
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