As sessões das assembleias municipais do Algarve estão longe das opiniões públicas locais. Primeiro, à excepção de uns habituais militantes da curiosidade, de um reduzido número de interessados em algum assunto agendado e de isolados protagonistas que querem dar nas vistas, as sessões desses pequenos parlamentos cumprem, por regra, o ritual do senhor feliz que está no poder e do senhor contente que espera sair da oposição. Segundo, os jornais e rádios locais não vão além, também por regra, dos anúncios de que a assembleia vai reunir ou que já reuniu, ou quando muito, como nos baptizados, diz-se o nome dos padrinhos e dos ditosos pais. É claro que apenas quando há assunto de peso, catástrofe ou escândalo é que apreciável número acorre com algum peso, as rádios locais dizem apenas algumas sílabas da catástrofe, e os jornais também do lugar descrevem o escândalo conforme as simpatias e os laços de proximidade, variando mimeticamente com as circunstâncias dos senhores felizes e dos senhores contentes.
Naturalmente que os meios de comunicação que se arrogam e, em bastantes casos se lhe reconhece com justiça o estatuto de regionais ou lá perto disso, apenas cobrem as desditosas assembleias quando indeclinávelmente algum assunto não pode ser omitido para não penalizar o tal estatuto obtido ou reconhecido.
E é assim que os teatros políticos onde os «mecanismos democráticos» começam a mexer-se, e que, sessão a sessão, deveriam ser milimétrica e rigorosamente escrutinados com alguma rapidez para a opinião pública, funcionam ora como uma espécie de reuniões malevolamente roubadas ao sono, ora como acertos de contas entre compadres desavindos sob telhados de vidro.
E não falemos das assembleias de freguesia onde, como o senhor presidente diz, «está tudo controlado, ninguém levanta ondas»…
Santa Democracia.
Carlos Albino
Flagrante prova: A de que o Algarve não é alvo privilegiado de ataques de terrorismo… Nunca se viu, seria um paradoxo, terroristas prepararem bases num alvo.
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