No sentido de conjunto confuso de coisas diferentes, as regiões de turismo têm sido miscelâneas. E, em um ou outro caso que o Algarve até conhece, a miscelânea até recuperou o significado inicial da palavra latina – alimentação dos gladiadores.
Ora, quando este governo anunciou uma reforma dessas estruturas anómalas, esperava-se, no mínimo, que se desse coerência ao sistema e se acautelasse, de uma vez por todas, esquemas nada claros e jogos de poder desenvolvidos a coberto da aparentemente cândida parceria entre Estado, municípios, patrões, empregados e mais gente que nem é uma coisa nem outra mas que aparece na parceria apenas porque há turismo que é a alimentação dos gladiadores. Mas não – pelo que se sabe, a reforma da miscelânea resulta noutra miscelânea a que se chamará agência, será tudo menos inequívoca descentralização (descentralização, de resto que chegou a ser anunciada, para as associações de municípios), e tudo menos o acabar com a alimentação dos gladiadores.
Naturalmente, isto não é reforma – é baralhar e dar de novo, e, pelo que se sabe, é lícito admitir que as cartas estejam marcadas com sinais do conhecimento de apenas algumas das dez futuras agências. E o Algarve, sem força e sem peso no Estado embora com enormíssima presença de receitas, perderá, quase de certeza, neste jogo desleal em que a descentralização não o trunfo, parecendo que, já se fugindo da regionalização como o diabo da cruz, até se começa a fugir da própria descentralização. Mas também é verdade que o Algarve político não tem feito nada para que assim não aconteça.
Carlos Albino
Flagrante contraste: Tanta chuva com as hidroeléctricas a rebentar e Castro Guerra não se ter baixado o preço da electricidade
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