quinta-feira, 30 de novembro de 2006

SMS 186. Reforma de miscelânea para miscelânea

30 Novembro 2006

No sentido de conjunto confuso de coisas diferentes, as regiões de turismo têm sido miscelâneas. E, em um ou outro caso que o Algarve até conhece, a miscelânea até recuperou o significado inicial da palavra latina – alimentação dos gladiadores.

Ora, quando este governo anunciou uma reforma dessas estruturas anómalas, esperava-se, no mínimo, que se desse coerência ao sistema e se acautelasse, de uma vez por todas, esquemas nada claros e jogos de poder desenvolvidos a coberto da aparentemente cândida parceria entre Estado, municípios, patrões, empregados e mais gente que nem é uma coisa nem outra mas que aparece na parceria apenas porque há turismo que é a alimentação dos gladiadores. Mas não – pelo que se sabe, a reforma da miscelânea resulta noutra miscelânea a que se chamará agência, será tudo menos inequívoca descentralização (descentralização, de resto que chegou a ser anunciada, para as associações de municípios), e tudo menos o acabar com a alimentação dos gladiadores.

Naturalmente, isto não é reforma – é baralhar e dar de novo, e, pelo que se sabe, é lícito admitir que as cartas estejam marcadas com sinais do conhecimento de apenas algumas das dez futuras agências. E o Algarve, sem força e sem peso no Estado embora com enormíssima presença de receitas, perderá, quase de certeza, neste jogo desleal em que a descentralização não o trunfo, parecendo que, já se fugindo da regionalização como o diabo da cruz, até se começa a fugir da própria descentralização. Mas também é verdade que o Algarve político não tem feito nada para que assim não aconteça.

Carlos Albino

Flagrante contraste: Tanta chuva com as hidroeléctricas a rebentar e Castro Guerra não se ter baixado o preço da electricidade

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