Apenas por masoquismo ou por estranha punição, é que, ano após ano, década após década, uma eternidade, se aguentará andar sempre à volta da mesma coisa e nunca se passar desta fase. E a «coisa» para o Algarve está naquele discurso de que Lisboa não olha para nós, que o poder se esquece dos algarvios, que o Algarve caiu na injusta desconsideração do Estado, e que, portanto, todos os males e incapacidades de Algarvios não só se explicam pela alegada repulsa que o centralismo do Estado manifesta para o Algarve, como também as culpas próprias ficarão perdoadas.
Naturalmente que o Estado se esquece do Algarve, sempre se esqueceu ainda era Reino. E que o Governo esquecido está, na hora do Orçamento, dos grandes projecto e dos grandes planos, da infra-estrutura à cultura e pela ciência e ensino. E não apenas o Governo, é tudo por aí abaixo, por vezes escandalosamente e em pormenores que quase roçam a provocação, porque mal roçam, aí vem por aí abaixo um secretário de Estado ou até mesmo um Ministro com a missão de ressuscitar o entusiasmo dos enteados. E se não ressuscita, pelo menos cala e silencia. Esta do plano ferroviário foi a última, havendo mais antes, para não recordar o folhetim da auto-estrada e da célebre secretaria de Estado apresentada como bandeira da descentralização do poder e foi o que se viu – continuou a tradição do quartel onde se instalou: o regimento não ganhou uma única batalha e até se fardava mal.
Só que não se pode morrer nisto, andando à volta, partindo de um ponto e voltar ao mesmo lugar. Será talvez aconselhável passar de uma fase a outra, começando por identificar o que o Algarve pode fazer sozinho por si próprio, em conjunto. Por outras palavras, que se passe de uma fase à outra. Que fase? Bom tema.
Carlos Albino
Dois flagrantes contrastes: 1 - Vale do Lobo e petróleo. 2 - Vilamoura e co-icineração.
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