Sabem os leitores, e disso dei conta há precisamente 182 semanas – bastante tempo já para ainda haver distraídos – que estes apontamentos, meros apontamentos, se destinam a verter a inquietação, as inquietações de quem sente o Algarve e não pactua para fingir. A inquietação não é obviamente angústia. Aqui não há angústias, há apenas o desafio de, dentro do possível ser claro, e dentro do civilizado ser frontal, naquele fio da navalha que por vezes corta por verdade e outras por erro. Digamos que, ao longo destas 182 semanas, e porque de apontamentos, meros apontamentos se trata, temos seguido à risca aquela regra segundo a qual para bons entendedores, meia-palavra basta… É que não sejamos ingénuos - quem estragou, quem está a estragar e infelizmente quem vai continuar a estragar o Algarve, sabe o que está ou vai fazer, é um bom entendedor, aliás se não entendesse e bem, não estragava, embora se faça desentendido - o fingimento e não o segredo, para essa gente, é a alma do negócio. E então como essa gente gostaria que estes apontamentos fossem assim, deste género: «Os passarinhos de Aljezur a Alcoutim, coitadinhos, fazem os seus ninhos com mil cuidados. Arrancam as penas para aquecer os filhinhos nos beirais dos telhados, coitadinhos dos passarinhos, tão lindos são que comovem qualquer coração…» E por aí fora. Seria a melhor forma de não incomodar os que fizeram, fazem e farão o estrago. Por outras palavras – desejariam estragar à vontade. Mas pior do que aqueles que estragam, são os que, passando por desentendidos, beneficiam do estrago e passam por passarinhos, coitadinhos, nos seus beirais… São os oportunistas, tais avezinhas – grande bando!
Carlos Albino
Flagrante contraste: Alcoutim e Albufeira.
Sem comentários:
Enviar um comentário