29 Junho 2006
Depois do que foi revelado pelo coordenador da investigação da criminalidade económica da PJ/Coimbra, Nuno Maurício que, no Centro de Estudos Judiciários, afirmou que um terço dos inquéritos sobre corrupção tem as câmaras municipais como alvo e que, ficando-se a saber que entre 2002 e 2005, dos 6.976 inquéritos abertos envolvendo crimes económicos e financeiros, os da corrupção somaram 1.251, bem!, depois disto nem se percebe tanta polémica à volta do lugar da Igreja Católica no Protocolo de Estado, a que se segue a presente disputa entre os conselheiros do Tribunal Constitucional e os do Supremo Tribunal de Justiça, cada um a não querer ficar atrás do outro na fila de precedências do mesmo protocolo, como se a honra de entrar primeiro fosse o principal problema da honra do Estado. A Ex.ma Sr.ª Dona Corrupção, ao que se sabe, nunca se preocupou com o seu lugar no Protocolo, mas, a avaliar a gravidade das advertências de Nuno Maurício, um quadro superior da Polícia Judiciária, ela está de pedra e cal na lista de precedências do Estado e com a consciência tranquila, porquanto essa tão poderosa quanto benemérita senhora que, numa democracia saudável apenas viveria quando muito com um estatuto de meretriz reformada, sabe que os inquéritos que contra si movem, na maior parte, são arquivados ou geridos até calculada prescrição, por mais que Nuno Maurício e outros que não são poucos, fiquem a protestar contra o à vontade dos «infractores de luxo».
Advertindo que a corrupção é uma «séria ameaça aos pilares da democracia e ao próprio progresso social e económico», Nuno Maurício não especificou quais as regiões do País onde aqueles 1.251 inquéritos tiveram cenário, quantos, por exemplo, foram abertos no Algarve e destes, quantos resultaram em acusação e quantos descansam em paz no arquivamento. Em todo o caso, lembrando ele que a Ex.ma Sr.ª vende o seu corpo à custa de meios de pressão ilegítimos para obter determinado resultado que, segundo um processo natural, não seria porventura conseguido, não é difícil a cada um dos nossos leitores olhar à sua volta e verificar se na sua rua, na sua terra ou na área do seu Município não haverá uma acompanhante dessas que, como todas as acompanhantes no activo, garante o maior sigilo e apartamento privado se calhar em turismo rural, ganhando pela calada da noite aquilo que com grande espavento mas sem justificação aparente à excepção do decote, exibe à luz do dia.
Carlos Albino
Sem comentários:
Enviar um comentário