15 Junho 2006
Não há, no Algarve, uma política ou políticas de integração dos imigrantes que, no conjunto, formam já uma apreciável faixa da população residente e que vive à margem, à excepção do que a força de trabalho faz supor. Os municípios não estimulam a criação de associações próprias e abertas dessas comunidades nacionais (algumas indecorosamente sem qualquer apoio também dos Estados de origem) e são raras as iniciativas que visem dar a conhecer a cultura da comunidade que as acolhe e as vias e valores de participação no muito que, no dia a dia, acabam por ter em comum.
Fora o trabalho, é um viver de costas voltadas uns para uns outros quando a verdade é que a cada esquina todos dão de cara uns nos outros. Claro que a integração não é fazer de cada ucraniano um português, de cada romeno um algarvio, de cada cabo-verdiano um quarteirense ou de cada moldavo um vereador da Câmara de Faro. Nada disso! A integração é a descoberta das responsabilidades de quem abre as portas e de quem por elas entra; é a partilha do que pode e deve ser partilhado para que não se corra o risco da formação de guetos; é o sistema de tácita vigilância para que o bem-comum se mantenha bem-comum e não capa protectora dos marginais que se organizam dentro das margens postergadas; é o apoio jurídico, social e cultural a quem optou por viver entre nós ou entre nós tenta uma vida melhor com contrapartidas que, na maior parte dos casos, são duras, violentas e sem protecção de qualquer espécie. Os municípios, nestas matérias, têm deveres que não estão a assumir. E não é por falta de dinheiro, é por falta de sensibilidade e por ausência de vontade política. Assunto para continuar.
Carlos Albino
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