Sou dos que entendem que as Escolas, do ensino superior ao básico, são ou devem ser os centros de cidadania por excelência. Não por rótulo, mas na prática. Não as vejo cercadas de muros confinando alunos e professores, com umas aberturas de fronteira por onde entram pais ou encarregados de educação, e circunscrevendo um espaço de misteriosa concentração humana por onde circulam uns seres dos quais as famílias se vêem livres por uma horas, cruzando-se com outros que eventualmente se julgam livres da Sociedade em idêntico horário. Ninguém, por certo, quer isso ou declara, mas sem darem bem por isso, os grupos movediços que entram e saem pelos postos fronteiriços das escolas vão construindo os seus muros. Cada qual, por ocultada conveniência própria.
E o problema é tanto
maior e mais grave, quando a política educativa geral, em vez de estimular
e apoiar ativamente a inserção das escolas na Sociedade, as leva, num primeiro
passo, para o isolamento, num segundo passo, para a segregação triunfante, e,
finalmente, para a afirmação de quartel. Ou seja, a escola, estando tão perto,
torna-se num lugar longínquo. Sabemos que há professores, conscientes deste
perigo, que estão contra isso, que há pais que não olham apenas para os interesses
diretos dos seus próprios filhos mas para todos os filhos de todos. Sabemos que
há escola que se esforçam o mais possível para evitar esse rumo. Mas as
circunstâncias inevitavelmente reduzem a pó a consciência de uns e os esforços
de outros, acrescendo que o desenraizamento e a sociofobia é uma situação
conveniente para alguns outros (pais, professores e, pela natureza das coisas,
alunos).
A burocracia
asfixiante e a competição acéfala que se instalou nas escolas, em doses
próprias do controleirismo de regime autoritário, está a cortar pela raiz a
árvore educativa. Não me refiro à burocracia razoável das organizações, mas à
burocracia que impede a criatividade, a inovação e a construção da avenida
larga entre Escola e Sociedade. Não me refiro à competição conjugada com a
solidariedade que é a sua irmã gémea, mas à competição que conduz a uma espécie
de canibalismo escolar por via do qual, todos (professores e alunos) acabam por
se comer uns aos outros. E intra-muros, o que é anda pior.
Não peçam exemplos
de onde e como, porque que os sinais estão à vista.
Carlos Albino
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Flagrante europeísmo: Vai ser interessante saber quais os algarvios que os partidos apresentarão como elegíveis, já que dos inelegíveis não reza a história.
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