Todos gostaríamos que as palavras fossem outras mas não vale a pena
pintar a manta: este ano de 2013 vai ser de grande incerteza e enorme
desconfiança. Incerteza porque o compromisso do poder eleito com os eleitores
deixou de ser um valor respeitável como ficou comprovado em 2012 e que já vinha
de trás, cada um culpando o anterior para se desculpabilizar e sacudir a água
do capote. Desconfiança porque os escândalos, quer os financeiros, quer os
comportamentais, quer ainda os de incompetência, tornaram-se numa coisa normal
e banal – factos ficam por explicar com uma justiça presa a formalidades
eternas e fintada pelas lacunas das leis, responsabilidades ficam por apurar
com os magistérios de influência a trabalharem afanosamente para salvar os
compadres, e depois, o silêncio dos que deviam ser exemplos de moralidade
pública e garantes da seriedade do Estado mas que, apanhados com uma perna de
fora, usam e abusam da tolerância e do respeito que o cidadão comum nutre pelas
instituições. E ainda há os que, sendo esbanjadores reconhecidos, populistas
refinados e demagogos para quem a democracia é já burro velho, ainda há esses
que, até à exaustão, julgando que convencem um povo atónito, repetem esse
refrão de que vivemos acima das nossas possibilidades como se todos tivéssemos
sido uns esbanjadores, como se fosse esse povo atónito a ocultar as causas da
crise, e como se fossem os eleitores de boa a fé que dissimularam os motivos da
confusão que grassa de alto a baixo no Estado e o colocou na dependência externa
e à beira da miséria interna, Na verdade, neste anos todos que passaram com
grandes certezas e enormíssima confiança, o que aconteceu é que elegemos gente
que estava muito abaixo das capacidades que diziam possuir, gente sem fio de
prumo moral, gente jogadora, gente manhosa que fez da manha a arte da política.
É importante que se diga a esses que não foi o cidadão comum que viveu acima
das suas possibilidades, mas sim que quem foi por ele eleito agiu e decidiu muito
abaixo das capacidades que todos acreditámos terem. Não se pode fazer uma
geração de um dia para o outro e certamente por bastante tempo, designadamente
em 2013, teremos de suportar uma geração que errou, que não reconhece o erro e
insiste no erro. O cidadão comum, eleitor de boa fé, só tem culpa numa coisa –
ter escolhido mal ou ter escolhido também por não ter havido muito por onde
escolher. Possivelmente, nas próximas eleições autárquicas, é isso que também
irá acontecer. Oxalá que não.
Carlos Albino
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Flagrante
agricultura: Como há muito não se via,
terras e terras arroteadas para sementeiras, muitas árvores novas plantadas
para dar frutos e, portanto, ainda algum ânimo na serra e algum empenho no
barrocal. Vamos ver no que dá.
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