quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

SMS 494. Grande incerteza, enorme desconfiança

3 janeiro 2013

Todos gostaríamos que as palavras fossem outras mas não vale a pena pintar a manta: este ano de 2013 vai ser de grande incerteza e enorme desconfiança. Incerteza porque o compromisso do poder eleito com os eleitores deixou de ser um valor respeitável como ficou comprovado em 2012 e que já vinha de trás, cada um culpando o anterior para se desculpabilizar e sacudir a água do capote. Desconfiança porque os escândalos, quer os financeiros, quer os comportamentais, quer ainda os de incompetência, tornaram-se numa coisa normal e banal – factos ficam por explicar com uma justiça presa a formalidades eternas e fintada pelas lacunas das leis, responsabilidades ficam por apurar com os magistérios de influência a trabalharem afanosamente para salvar os compadres, e depois, o silêncio dos que deviam ser exemplos de moralidade pública e garantes da seriedade do Estado mas que, apanhados com uma perna de fora, usam e abusam da tolerância e do respeito que o cidadão comum nutre pelas instituições. E ainda há os que, sendo esbanjadores reconhecidos, populistas refinados e demagogos para quem a democracia é já burro velho, ainda há esses que, até à exaustão, julgando que convencem um povo atónito, repetem esse refrão de que vivemos acima das nossas possibilidades como se todos tivéssemos sido uns esbanjadores, como se fosse esse povo atónito a ocultar as causas da crise, e como se fossem os eleitores de boa a fé que dissimularam os motivos da confusão que grassa de alto a baixo no Estado e o colocou na dependência externa e à beira da miséria interna, Na verdade, neste anos todos que passaram com grandes certezas e enormíssima confiança, o que aconteceu é que elegemos gente que estava muito abaixo das capacidades que diziam possuir, gente sem fio de prumo moral, gente jogadora, gente manhosa que fez da manha a arte da política. É importante que se diga a esses que não foi o cidadão comum que viveu acima das suas possibilidades, mas sim que quem foi por ele eleito agiu e decidiu muito abaixo das capacidades que todos acreditámos terem. Não se pode fazer uma geração de um dia para o outro e certamente por bastante tempo, designadamente em 2013, teremos de suportar uma geração que errou, que não reconhece o erro e insiste no erro. O cidadão comum, eleitor de boa fé, só tem culpa numa coisa – ter escolhido mal ou ter escolhido também por não ter havido muito por onde escolher. Possivelmente, nas próximas eleições autárquicas, é isso que também irá acontecer. Oxalá que não.

Carlos Albino
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    Flagrante agricultura: Como há muito não se via, terras e terras arroteadas para sementeiras, muitas árvores novas plantadas para dar frutos e, portanto, ainda algum ânimo na serra e algum empenho no barrocal. Vamos ver no que dá.

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