Vão ser quatro anos de eleições seguidas, como se sabe. A abrir o
ciclo, aí temos, em outubro, as eleições autárquicas que, no Algarve, por este
ou aquele motivo, vão ditar uma extensa reformulação na galeria dos líderes
locais. No próximo ano, 2014, são as eleições para o Parlamento Europeu que,
independentemente das sinecuras e dos bónus a figuras dos partidos, costumam
funcionar como barómetro interno. Depois, em 2015, o primeiro de dois pratos
fortes, as eleições legislativas, se nada ocorrer que as antecipe, o que é
improvável. E finalmente, em 2016, o segundo prato forte, com as eleições
presidenciais a marcarem a entrada do retrato de Cavaco Silva para a galeria
dos antigos presidentes. Portanto, vão ser quatro anos em que os partidos, mais
do que nunca e que por vezes se esquecem, precisam dos eleitores que são também
contribuintes e que, além disso e também mais do que nunca, sentem na pele a
maior ou menor seriedade do Estado e têm gravada na memória a comparação entre
as promessas feitas e garantias dadas em eleições anteriores e os factos. Um
eleitor isolado pode ser enganado e um contribuinte solitário pode ser iludido,
mas o conjunto do eleitorado, como está provado, tem uma sabedoria tal que até
determina as sondagens, tal como o conjunto dos contribuintes tem uma tal
perceção das coisas que, mais dia menos dia, até determina a desgraça dos
aldrabões de Estado que, à semelhança da criação divina, são aqueles anjos que
deram em diabos.
Para as próximas autárquicas de outubro, no Algarve, salvo este ou
aquele caso mais bicudo, estão mais ou menos completadas as nomeações dos
partidos. Uns sabem que podem ganhar, outros sabem que farão apenas figura de
corpo presente o que não deixará de ser um abnegado sacrifício, outros ainda
outra expetativa não têm do que dar nas vistas o melhor possível, mas todos
fazem parte deste jogo democrático em que os eleitores que são também
contribuintes, têm a palavra decisiva, apesar de um ou outro enganado e de este
ou aquele ludibriado. Não é um jogo que instale na terra o paraíso, mas é o
melhor jogo humano possível desde que os candidatos, começando por parecerem
anjos e arcanjos, não acabem por se revelar uns verdadeiros em diabos.
Ora, para se evitar em grande parte essa metamorfose de que o inferno
está cheio, é importante que cada candidato, designadamente às funções de
presidente de câmara, diga em verdade aos eleitores e contribuintes o que fez,
o que estudou sem equivalências da macaca, que experiência tem, quais os
interesses a que está ligado, onde trabalhou, se tem processos arquivados por
conveniência das partes, enfim, que dê as mínimas garantias de não ser ou não
ter sido aldrabão sorridente de Estado – o currículo completo e não amputado.
Depois disso, vamos a votos, haja vida, saúde e paciência.
Carlos Albino
Carlos Albino
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Flagrante
coincidência: Neste ano de 2013, o número
da paragem à porta do Cemitério da chamada Linha Amarela dos transportes
urbanos de Loulé, é precisamente 13, além de ser amarela.
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