Segundo parece o debate sobre o Orçamento e a região (região, por
assim dizer) não pegou. Nem quanto ao papel dos nossos deputados (nossos, por
assim dizer) que no mínimo teriam a obrigação de explicar um sim ou um não, sem
se abrigarem nas desculpas da disciplina partidária ou no argumentário da
salvação da pátria que naturalmente não existe sem as regiões atentas ao seu
futuro como também a democracia não existe sem os círculos eleitorais com
eleitores providos de memória e de responsabilidade quanto ao futuro. As próprias alas regionais dos partidos parecem atadas, uma por um motivo, outra
por alguma razão de cálculo, e enquanto o barulho de minorias a todo o pretexto
faz o seu trabalho de amedrontamento. A nosso política regional, segundo
parece, esgota-se no registo acrítico a nomeação deste para aqui e daquele para
ali, no porto de pesca que precisa disto, no município que precisa daquilo, e
no que fulano disse sobre algo em geral, cicrano sobre nada em particular e
beltrano repetiu sem se aperceber que repete o mesmo há anos. A única
universidade pública da região pode estar em risco, mas ninguém toca no assunto
como se o problema fosse apenas um problema corporativo das Gambelas e não da
região. O turismo pode continuar a viver ou a sobreviver como se estivesse num
mundo aparte e do Algarve só precisasse gente para as limpezas, para os balcões
de receção e um ou outro quadro mas reduz-se a mera questão de estatística,
porque quanto a inserção numa política de desenvolvimento regional, só por
tabela. A saúde pode ter gravíssimos problemas mas a época baixa não faz subir
ao alto o diagnóstico político do assunto. A pobreza e a miséria bate cada vez
mais à porta com a enorme legião de desempregados e outra ainda maior de
sub-empregados a que se juntam os explorados até ao tutano e o feche em
catadupa de mini-empresas, mas não interessa, diz-se que é da crise e basta
para se encolher os ombros. Por aí afora. E ai de quem pensa e escreve que
alguma coisa está mal na banda que passa, que alguma coisa está mal quando a
política se resume ao combate e aos preparativos do combate para ocupar postos e
assentos de comando ou de babugem da nomenclatura política, que alguma coisa
está mal quando, nos sítios e com gente própria não se discutem as questões de
fundo para a região. Região esta que está politicamente amorfa, não sendo o
barulho nas ruas que, só por si, lhe dá vida. O barulho é um sinal mas algo
está mal quando o sinal não provoca reflexão, busca de soluções e projetos políticos
concretos que denotem a existência de quadro mental nos arautos. Quem pensa e
escreve colocando algum dedo na ferida, gera equívocos, equívocos que incomodam
sobretudo aqueles que desejariam que apenas se escrevem crónicas sobre os
passarinhos que fazem os seus ninhos, coitadinhos, felizes com seus filhinhos
nos beirais dos telhados.
Carlos Albino
Carlos Albino
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Flagrante caso: O da criança de Carlos Albino que comprovou o enorme défice de informação do Algarve e no Algarve. É o pior dos défices.
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