quinta-feira, 18 de outubro de 2012

SMS 483. O voto dos representantes, irá representar?

18 outubro 2012

Aqui temos, desta vez, um fantasmático Orçamento de Estado que, para um Algarve com o maior nível de desemprego do país, autarquias nas lonas, empresas fechadas, turismo com coração aqui mas carteira lá fora, insegurança até dizer basta, portagens coloniais, agricultura grandemente desfeita e pescas metidas a pique, para este Algarve, o Orçamento que se apresenta irá ser como que um exército de invasores a matar sem dó nem piedade e a pilhar tudo o que luza. Se no tempo das vacas gordas, o Algarve foi tratado com os pés, agora que nem é sequer já de vacas magras mas de esqueletos de vacas, o Algarve é atirado para o fundo do mapa ou mesmo dele retirado. A falha imperdoável do governo em honrar compromissos eleitorais e o seu fracasso em atingir metas traçadas somado ao fraco valor político e técnico de ministros-chave, gerou a desconfiança geral do país, e, aqui no canto do mapa, criou aos algarvios um sentimento de que estão indefesos e de que não há ninguém que os possa e queira defender. Há discursos que são já tardios e por isso ineficazes; e há prosápias que tentam justificar o não feito pelo prometido, e também por isso que não geram convicção em ninguém.  E quanto ao Orçamento, de uns, umas quantas generalidades de circunstância, circunstância de oposição, e de outros, o silêncio, moita-carrasco, agachem-se soldados na trincheira enquanto houver tiros lá em cima.

Quanto aos nove deputados eleitos pelo Algarve, claro que seria de esperar que tivessem tomado a posição de votarem contra este Orçamento tal como ele se apresenta para a região e para os algarvios. Ou então que tivessem dito que se revêem nele, que o apoiam e que, enfim, receberam o mandato dos algarvios para tal fim. Tenham essa coragem, como os deputados da Madeira sem rodeios a tiveram, ou como os dos Açores, à sua maneira (que aqui entre nós é como que à maneira de Monchique ou de Querença, ou seja, com toda a manha) já a expressaram telegraficamente. Pois eles, os nove deputados, representam o quê e quem? Representam as direções partidárias ou representam os eleitores algarvios?

Acaso esses nove deputados reuniram-se com associações empresariais e sindicais, com instituições regionais, com autarquias, enfim, com cidadãos em reuniões abertas, pelo menos nas 16 sedes concelhias, e não apenas com sequazes, sejam estes seus discípulos de aldeia ou seus mestres de escritório? Sendo tais nove deputados os legítimos representantes dos algarvios, com que fundamento eles vão dar um voto favorável ou contrário a este Orçamento de Estado que vai afetar as vidas de todos os eleitores que representam e sem os quais eles não seriam o que são nem estariam onde estão? Vão votar por essa tal disciplina partidária que tem  matado as raízes da participação política, ou vão votar em representação do Algarve, sem medo de que o denominador comum seja o máximo? Ou têm medo, paradoxalmente, até de declararem que vão votar a favor desta obra que, sem medo, aqui se deixa claro, é iníqua além de errada com erros crassos? Digam.
(Os 9 deputados eleitos pelo Algarve, neste mês de outubro, no seu conjunto já deviam ter feito 27 contactos com o eleitorado algarvio nas três segundas-feiras que passaram, pois para isso têm as segundas livres. Mas fizerem esses 27 contactos ou fizeram 27 fins-de-semana prolongados?)
Carlos Albino
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    Flagrante afronta: O propósito de encerrar a Fundação António Aleixo, é uma afronta. Seria interessante saber quais foram os meninos de coro que fizeram o estudo em que o governo se baseou para decidir infantilmente. É uma afronta para Loulé e para Quarteira e uma afronta dessas é uma afronta ao Algarve.

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