quinta-feira, 4 de outubro de 2012

SMS 481. Deputados e proximidade


4 outubro 2012

Temos no parlamento, como se sabe, nove deputados ativos, 4 do PSD, 2 do PS, 1 do CDS, 1 do BE e 1 do PCP. É claro que a atividade parlamentar se mede pela qualidade e adequação das iniciativas legislativas que apresentam, pelo teor das intervenções, pelo impacto dos requerimentos ao governo e pelas repercussões das perguntas que formulam sobretudo aos ministros.  Além disso, para o perfil de cada deputado também conta o nível de trabalho em comissões, o valimento das deslocações que fazem, os dotes que comprovam possuir quando são eventualmente nomeados como relatores e também a perspicácia  e grau de conhecimentos que revelam nas audições em que circunstancialmente são envolvidos. O registo de tudo o que fazem vai constando exemplarmente no site oficial da Assembleia da República onde só não constam porque não podem constar podem constar, os resultados ou a eficácia política da atividade de cada deputado em S. Bento, sendo esta uma matéria do partido a que pertencem e em última análise aos cidadãos que os elegeram e não andam distraídos. Mas isso é S. Bento, havendo outra bitola para avaliação dos eleitos. É a bitola da sua proximidade com os eleitores e para tal têm tempo reservado.

Olhando bem para essas duas facetas do conjunto que o Algarve despachou para S. Bento, de modo geral o panorama é politicamente pobre para não dizer paupérrimo.

No que toca à azáfama em Lisboa, pode um ou outro apresentar um comboio de iniciativas legislativas, mas não passam de iniciativas de paus mandados, com a assinatura para fazer número; pode este ou aquele invocar um sem número de perguntas e de requerimentos, só que, além de impacto político escasso ou nulo, a grande percentagem de tais perguntas sem resposta e de tais requerimentos que nem aquece nem arrefece o requerido, não ultrapassa matéria própria de assembleia de freguesia soando a ridículo e a reles interesse eleitoraleiro numa Assembleia da República – só falta aparecer um requerimento para a substituição da lâmpada de 25W naquela rua sem nome do Cachopo . E quando se trata de intervenções de fundo em plenário, é a voz do dono conforme o chefe do momento. 

No que toca à proximidade com os eleitores, está à vista desarmada. Claro que um u outro deputado de vez em quando toca nas grandes causas mas pegando-as de cernelha se são afetos ao poder ou fazendo pegas de caras desajeitadas se são da oposição. Por isso mesmo, a proximidade fica-se nas pequenas causas e, nestas, ou é encenação montada para se ser visto, e não para ouvir, indagar e auscultar quem tem razões fundamentadas dando-lhes seguimento, com vista à iniciativa legislativa, ao requerimento doa a quem doer ou à pergunta com resposta polticamente obrigatória e rápida, dando prova de que um deputado em Lisboa, seja ele do partido do poder ou da oposição, não é um verbo de encher e um pobre sortudo que veio da província e já tem mais do que esperava ou contava ter pelo que convirá não descarrilar.  

Carlos Albino
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    Flagrante défice mental: Corre nos círculos bem informados, que foi a troika que obrigou o governo a inaugurar a escola de Martinlongo, 13 anos depois de estar a funcionar em pleno, pois o facto de uma coisa abrir sem ser inaugurada e ser inaugurada para continuar aberta, contribui para o agravamento do défice mental.

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