Para além do desemprego no Algarve ser o mais elevado do país,
proliferam por aí procedimentos ilegais e práticas dolosas que fazem dos
desempregados um verdadeiro mercado de escravos. As notícias que nos chegam
daqui e dali, vindas de gente credível, apontam nesse sentido, valendo-se os
exploradores das situações de extrema fragilidade e vulnerabilidade de quem
está no desemprego e explorando até ao inimaginável as nuances da
sazonalidade do emprego. Em alguns casos comprovados, chega-se ao ponto de se
impor trabalho clandestino limitando-se o pseudo-empregador a pagar pela calada
a diferença entre o subsídio de desemprego e o ordenado mínimo nacional, contra
o silêncio do trabalhador. E não vamos falar de casos verdadeiramente
aberrantes envolvendo empresas de contratação temporária que, pelos vistos,
entraram em força na indústria hoteleira e que não se estão a dar mal,
parecendo até que descobriram petróleo.
Por um lado, os desempregados, pela natureza das circunstâncias em
que se encontram, não denunciam as situações de que são vítimas junto seja de
quem for. Por outro lado, a fiscalização parece que visa muito mais os
desempregados só por serem beneficiários de algum subsídio, que os empregadores
desonestos e exploradores não apenas da desgraça alheia mas também do próprio
Estado.
Em séculos passados, funcionou em Lagos um Mercado de Escravos onde
a força de trabalho era vendida por valores que dependiam do estado dos dentes,
dos músculos dos braços e dos nervos das pernas de quem estava acorrentado à
espera de comprador, e o comprador era facilmente reconhecido pela cara de
desdém pelo próximo e pelo chicote na mão… Hoje, os compradores não têm
chicote, alguns até têm cara de anjinhos incapazes de fazerem mal a uma mosca,
mas sem que a sociedade saiba e o Estado adivinhe, no outra lado da rua da cada
centro de emprego instalaram o seu mercadozito de escravos. É evidente que se
reclama mão forte para estes mercadores da crise. São crápulas.
Carlos Albino
Carlos Albino
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Flagrante TSF: Grandes anúncios da estação de rádio TSF para uma festa montada em Faro “junto à marina”. Marina? Será que faltará já muito pouco para que a bela Doca de Faro se transforme em porto oceânico? Nem tanto ao mar, nem tanto à terra…
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