quinta-feira, 7 de junho de 2012

SMS 465. Mercado de escravos

7 julho 2012

Para além do desemprego no Algarve ser o mais elevado do país, proliferam por aí procedimentos ilegais e práticas dolosas que fazem dos desempregados um verdadeiro mercado de escravos. As notícias que nos chegam daqui e dali, vindas de gente credível, apontam nesse sentido, valendo-se os exploradores das situações de extrema fragilidade e vulnerabilidade de quem está no desemprego e explorando até ao inimaginável as nuances da sazonalidade do emprego. Em alguns casos comprovados, chega-se ao ponto de se impor trabalho clandestino limitando-se o pseudo-empregador a pagar pela calada a diferença entre o subsídio de desemprego e o ordenado mínimo nacional, contra o silêncio do trabalhador. E não vamos falar de casos verdadeiramente aberrantes envolvendo empresas de contratação temporária que, pelos vistos, entraram em força na indústria hoteleira e que não se estão a dar mal, parecendo até que descobriram petróleo.

Por um lado, os desempregados, pela natureza das circunstâncias em que se encontram, não denunciam as situações de que são vítimas junto seja de quem for. Por outro lado, a fiscalização parece que visa muito mais os desempregados só por serem beneficiários de algum subsídio, que os empregadores desonestos e exploradores não apenas da desgraça alheia mas também do próprio Estado.

Em séculos passados, funcionou em Lagos um Mercado de Escravos onde a força de trabalho era vendida por valores que dependiam do estado dos dentes, dos músculos dos braços e dos nervos das pernas de quem estava acorrentado à espera de comprador, e o comprador era facilmente reconhecido pela cara de desdém pelo próximo e pelo chicote na mão… Hoje, os compradores não têm chicote, alguns até têm cara de anjinhos incapazes de fazerem mal a uma mosca, mas sem que a sociedade saiba e o Estado adivinhe, no outra lado da rua da cada centro de emprego instalaram o seu mercadozito de escravos. É evidente que se reclama mão forte para estes mercadores da crise. São crápulas.

Carlos Albino
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Flagrante TSF: Grandes anúncios da estação de rádio TSF para uma festa montada em Faro “junto à marina”. Marina? Será que faltará já muito pouco para que a bela Doca de Faro se transforme em porto oceânico? Nem tanto ao mar, nem tanto à terra…

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