Quem se apresenta
para a liderança regional do PS diz que pretende o seu partido “aberto à
sociedade” e que para tanto promete tomar iniciativas. Por outro lado, os
restantes partidos que conseguiram eleger deputados pelo Algarve e que por isso
são de referência no jogo democrático do poder, já perceberam no terreno que a
sociedade se desinteressou da política. Não é que a sociedade tenha fechado as
portas, mas o clima é descrença mas algum entusiasmo e até de festa fica confinado
a militantes e alguns interessados em benefícios do poder, sobretudo a curto
prazo, como é o caso das corridas para as autárquicas. É claro que o
protagonista do PS se encarou a realidade que o cerca e que não se explica
apenas porque o PS não tem o poder que desejaria ter obtido em eleições, e os
restantes protagonistas só por enorme distração e autismo é que não se
apercebem ou fingem não se aperceber de que a sociedade em geral, aquela
sociedade que ciclicamente de uns tantos em tantos anos delegam em
representantes a palavra e a iniciativa política, essa sociedade está de braços
caídos, descrente e até estupefacta pela forma como a palavra delegada e a iniciativa
de representação caem rapidamente em saco roto. E pior ainda, pelo facto do
exercício democrático no Algarve não ter colocado peso e influência, voz
autorizada e força moral inquestionável em nome da região nos centros de
decisão do Estado. Ou seja, se a política fosse atletismo, até poderemos ter
vencedores regionais no salto em altura mas não temos campeões nacionais.
E a responsabilidade
por isto? Claro que essa responsabilidade não é dos eleitores já de si
castigados por erros que não cometeram e muito menos compreendem na sua
verdadeira extensão, causas e jogadas de alto gabarito. A responsabilidade é
dos partidos que se fecharam à sociedade ou que à sociedade, por autismo,
justificam omissões de palavra e de iniciativa de forma que a ninguém convence
mas que, civilizadamente, os militantes toleram por conveniência, uns, por
sobrevivência em pequenos postos de comando, outros. Gostaria de dar nomes a
isto mas dar nomes a isso, numa sociedade cujo problema maior é o dos seus
partidos estarem fechados e confinados a confrarias de poder efémero, não seria
contribuir para uma chamada à razão por parte dos partidos responsáveis pelas
águas paradas do charco.
Lá chegaremos às
autárquicas em que poucos poderão suceder a si próprios. Fica para a
próxima.
Carlos Albino
Carlos Albino
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Flagrante desastre: A promoção turística do Algarve, cá dentro e lá fora, é uma infelicidade pegada, um revés, uma fatalidade, um fracasso. Não pega.
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