quinta-feira, 28 de junho de 2012

SMS 468. Os partidos cá na casa

28 julho 2012

Quem se apresenta para a liderança regional do PS diz que pretende o seu partido “aberto à sociedade” e que para tanto promete tomar iniciativas. Por outro lado, os restantes partidos que conseguiram eleger deputados pelo Algarve e que por isso são de referência no jogo democrático do poder, já perceberam no terreno que a sociedade se desinteressou da política. Não é que a sociedade tenha fechado as portas, mas o clima é descrença mas algum entusiasmo e até de festa fica confinado a militantes e alguns interessados em benefícios do poder, sobretudo a curto prazo, como é o caso das corridas para as autárquicas. É claro que o protagonista do PS se encarou a realidade que o cerca e que não se explica apenas porque o PS não tem o poder que desejaria ter obtido em eleições, e os restantes protagonistas só por enorme distração e autismo é que não se apercebem ou fingem não se aperceber de que a sociedade em geral, aquela sociedade que ciclicamente de uns tantos em tantos anos delegam em representantes a palavra e a iniciativa política, essa sociedade está de braços caídos, descrente e até estupefacta pela forma como a palavra delegada e a iniciativa de representação caem rapidamente em saco roto. E pior ainda, pelo facto do exercício democrático no Algarve não ter colocado peso e influência, voz autorizada e força moral inquestionável em nome da região nos centros de decisão do Estado. Ou seja, se a política fosse atletismo, até poderemos ter vencedores regionais no salto em altura mas não temos campeões nacionais.

E a responsabilidade por isto? Claro que essa responsabilidade não é dos eleitores já de si castigados por erros que não cometeram e muito menos compreendem na sua verdadeira extensão, causas e jogadas de alto gabarito. A responsabilidade é dos partidos que se fecharam à sociedade ou que à sociedade, por autismo, justificam omissões de palavra e de iniciativa de forma que a ninguém convence mas que, civilizadamente, os militantes toleram por conveniência, uns, por sobrevivência em pequenos postos de comando, outros. Gostaria de dar nomes a isto mas dar nomes a isso, numa sociedade cujo problema maior é o dos seus partidos estarem fechados e confinados a confrarias de poder efémero, não seria contribuir para uma chamada à razão por parte dos partidos responsáveis pelas águas paradas do charco.

Lá chegaremos às autárquicas em que poucos poderão suceder a si próprios. Fica para a próxima.

Carlos Albino
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Flagrante desastre: A promoção turística do Algarve, cá dentro e lá fora, é uma infelicidade pegada, um revés, uma fatalidade, um fracasso. Não pega.

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