Histórias diversas ouvidas de vários empresários sobre umas ditas inspeções de segurança no trabalho dão-nos conta de como quem deveria orientar, ajudar e compreender se pode transformar em policiazinho autoritário, indo além do seu sapato. Entram em instalações e, em vez de verificarem o que está bem ou mesmo o que poderia estar melhor sendo aceitável como está, não, procuram uns pequenos pormenores sem importância para ensaiarem discurso de repressão, de admoestação e de ameaça, e, mais ridículo, sem olharem para o ar de veraneio com que se apresentam. E é assim que, o cidadão responsável por uma empresa e contribuinte pontual, em vez de ver em cada inspetor ou inspetora de segurança um agente de colaboração, cortês e minimamente culto (culto, no sentido de compreender as coisas) passa a vê-lo como um elemento hostil, indesejável, implicativo ou como se esse trabalho de serviço público fosse um exercício de poder. E, naturalmente, são poucos os que usam do protesto no receio de que para a próxima seja pior…
Não está em causa o zelo pela promoção da segurança, higiene, saúde
e bem-estar no trabalho e, muito menos a função de tais agentes no sentido do desenvolvimento
e da consolidação de uma cultura de segurança nos locais de trabalho. Esse é um
objetivo defensável, e basta ler a lei, mesmo em diagonal, para se perceber que
se trata de uma conquista da sociedade. O que está em causa são os
procedimentos, o fundamentalismo das atitudes e o extremismo na invocação de
regulamentos gerais. Foi assim nos
momentos iniciais da ASAE que entrou a matar, e é assim com as milhentas
espécies de inspeções e inspetores que por aí abundam e entram pelas empresas
adentro com ar de quem vai à caça. Foram-me narrados episódios, aqui do Algarve,
que só não são cómicos porque só dão tristeza num país que, na crise que vive,
se empata a si próprio por obra e sem graça de intermediários da autoridade
pública que julgam, no seu afã, que ter autoridade e exercê-la, é ser títere,
pequeno títere, diga-se.
São clássicas as histórias de norte-americanos que começando por
vender sumo de limão de porta em porta, após cinco, seis anos, constroem
grandes empresas e marcas de renome mundial, e não é que nos EUA não haja
inspetores de segurança e higiene… Aqui, isso seria impossível, porque num dia
seria o obstáculo da alínea d) do n.º 43 do regulamento A, no dia seguinte seria a línea k) do n.º 5 da portaria B, e, além
da letra ou do espírito da letra legal, seria tudo levado ao extremo por uns agentes
mal saídos inteletualmente do falhanço no acesso a um politécnico de província.
Como é que isto pode andar, com esta gente que tem vergonha de
andar fardada mas que, sem qualquer vergonha, dá ordens infantis como no jogo
das manecas e com sandálias ipanema enfiadas nos pés?
Carlos Albino
Carlos Albino
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Flagrante constatação: Quebra de 60% no trânsito da Via do Infante, aumento da sinistralidade na 125 que nem é estrada, são uns remendos em via sem condições. Politicamente é o autoritarismo de uns e o servilismo de outros, no seu melhor.
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