1. Comecemos pelos semi-empregados.
Referimos na semana passada situações em que empregadores sem escrúpulos
têm apalavrado acordos com desempregados inscritos nos centros de emprego
pagando a estes apenas a diferença entre o subsídio e o ordenado mínimo,
obrigando-os a situações de continuada clandestinidade para que não percam o
referido subsídio e a trabalhar às escondidas. “E é se queres…” –
acrescentarão. Pois bem. O ministro da Economia acaba de anunciar como uma grande
medida de combate ao desemprego nada mais do que a legalização desse expediente
que certamente estava fugir às malhas de qualquer fiscalização e controle.
Portanto, contrariamente à propaganda feita, não é verdadeiramente uma grande
medida. Trata-se apenas de fazer a vontade dos que estão a explorar uma
verdadeira situação de mercado de escravos e que, assim, já podem fazer com
legalidade formal o jogo imoral que têm feito até agora. Não está em causa, a
este propósito, discutir ou avaliar a qualidade e a preparação dos
trabalhadores que em muitos caos deixa também muito a desejar. O que está em
causa é deixar-se bem claro que a generalização do semi-emprego não resolve em
nada o problema do desemprego que no Algarve é dramático. Não resolve nem
atenua, antes pelo contrário dá força
moral aos empregadores oportunistas e sem escrúpulos.
2. Quanto à GNR. Por diversas vezes temos destacado nestes
apontamentos, com muito agrado, o perfil dos novos agentes da GNR e a forma
como começaram a proceder com lhaneza nos contactos com os cidadãos (e já agora
contribuintes). Mas parece que essa onda de cortesia e ar civilizado passou.
Volta a cultura da caça à multa, das fiscalizações sem razão ou motivo
aparente, da afirmação destemperada da autoridade a qualquer hora do dia e da
noite, e seja onde for. Aconteceu-me, um dia destes, no centro de uma cidade
deste Algarve, que mal estacionei o carro para me dirigir a um multibanco às
duas da manhã, uma patrulha da GNR vem desalvorada e sem uma boa noite sequer,
diz-me o agente “Vai ser fiscalizado!. E fui. Documentos, sopro no balão, tempo
perdido para os agentes e para mim que àquela hora era o único a circular na
artéria principal da cidade. Bem tentei puxar conversa para obter explicação para uma tal ação intempestiva sem motivo
aparente e sem corresponder a um qualquer plano seletivo, preventivo ou
intimidatório para apanhar suspeitos aleatoriamente. Foi o silêncio, partiram
sem uma palavra. Mas quem dá ordens destas aos agentes da GNR? Não percebem que
assim se pode ir quebrando a confiança que se estava a ganhar nos agentes de
segurança que em vez de gastarem o cérebro na desarticulação da bandidagem que
é muita, se entregam a essa atividade desprestigiante da caça à multa?
Carlos Albino
Carlos Albino
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Flagrante noção de Natureza: A ministra da Agricultura e Etc,. Assunção Cristas, revelou publicamente que, este ano e pela primeira vez, deixa de fazer férias integrais no Algarve porque a família está farta de praia e sol, repartindo-as com o Alentejo “para contacto com a Natureza”… É óbvio que o Alentejo é belo mas custa a acreditar que a ministra venha ao Algarve e não contacte com a Natureza pelo que para esse contacto tem que ir para o Alentejo. Mas então a ministra vem ao Algarve e não contacta com a Natureza que só tem disto, da serra ao litoral? Que diabo de Algarve é esse? Para uma ministra fica mal sugerir que o Algarve não tem Natureza…
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