quinta-feira, 14 de junho de 2012

SMS 466. GNR e semi-empregados

14 julho 2012

1. Comecemos pelos semi-empregados.   Referimos na semana passada situações em que empregadores sem escrúpulos têm apalavrado acordos com desempregados inscritos nos centros de emprego pagando a estes apenas a diferença entre o subsídio e o ordenado mínimo, obrigando-os a situações de continuada clandestinidade para que não percam o referido subsídio e a trabalhar às escondidas. “E é se queres…” – acrescentarão. Pois bem. O ministro da Economia acaba de anunciar como uma grande medida de combate ao desemprego nada mais do que a legalização desse expediente que certamente estava fugir às malhas de qualquer fiscalização e controle. Portanto, contrariamente à propaganda feita, não é verdadeiramente uma grande medida. Trata-se apenas de fazer a vontade dos que estão a explorar uma verdadeira situação de mercado de escravos e que, assim, já podem fazer com legalidade formal o jogo imoral que têm feito até agora. Não está em causa, a este propósito, discutir ou avaliar a qualidade e a preparação dos trabalhadores que em muitos caos deixa também muito a desejar. O que está em causa é deixar-se bem claro que a generalização do semi-emprego não resolve em nada o problema do desemprego que no Algarve é dramático. Não resolve nem atenua, antes pelo contrário  dá força moral aos empregadores oportunistas e sem escrúpulos.

2. Quanto à GNR. Por diversas vezes temos destacado nestes apontamentos, com muito agrado, o perfil dos novos agentes da GNR e a forma como começaram a proceder com lhaneza nos contactos com os cidadãos (e já agora contribuintes). Mas parece que essa onda de cortesia e ar civilizado passou. Volta a cultura da caça à multa, das fiscalizações sem razão ou motivo aparente, da afirmação destemperada da autoridade a qualquer hora do dia e da noite, e seja onde for. Aconteceu-me, um dia destes, no centro de uma cidade deste Algarve, que mal estacionei o carro para me dirigir a um multibanco às duas da manhã, uma patrulha da GNR vem desalvorada e sem uma boa noite sequer, diz-me o agente “Vai ser fiscalizado!. E fui. Documentos, sopro no balão, tempo perdido para os agentes e para mim que àquela hora era o único a circular na artéria principal da cidade. Bem tentei puxar conversa para obter explicação  para uma tal ação intempestiva sem motivo aparente e sem corresponder a um qualquer plano seletivo, preventivo ou intimidatório para apanhar suspeitos aleatoriamente. Foi o silêncio, partiram sem uma palavra. Mas quem dá ordens destas aos agentes da GNR? Não percebem que assim se pode ir quebrando a confiança que se estava a ganhar nos agentes de segurança que em vez de gastarem o cérebro na desarticulação da bandidagem que é muita, se entregam a essa atividade desprestigiante da caça à multa?

Carlos Albino
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Flagrante noção de Natureza: A ministra da Agricultura e Etc,. Assunção Cristas, revelou publicamente que, este ano e pela primeira vez, deixa de fazer férias integrais no Algarve porque a família está farta de praia e sol, repartindo-as com o Alentejo “para contacto com a Natureza”… É óbvio que o Alentejo é belo mas custa a acreditar que a ministra venha ao Algarve e não contacte com a Natureza pelo que para esse contacto tem que ir para o Alentejo. Mas então a ministra vem ao Algarve e não contacta com a Natureza que só tem disto, da serra ao litoral? Que diabo de Algarve é esse? Para uma ministra fica mal sugerir que o Algarve não tem Natureza…

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