Os números aí chegaram com brutal frieza: o Algarve foi a região portuguesa com maior taxa de desemprego no último trimestre de 2011, além de, em função dos valores médios para o total do ano passado, o Algarve surgir também, com 15,6%. a região, com a taxa de desemprego mais elevada do País. Os dados do Instituto de Estatística são calamitosos e dos deputados não se ouviu (de alguns ainda assim) mais do que chorarem sobre o leite derramado, nem dos chefes de estruturas se ouviu uma mosca. Quem ergueu a voz, voz que se ouvisse, foi Elidérico Viegas, dirigente da principal associação hoteleira algarvia. O resto ficou a olhar para a janela e para o lado, como o maquinista do Intrercidades à espera do apito do chefe de estação.
Elidérico Viegas tem
razão, carradas de razão, ao referir com clareza e sem subterfúgios, que,
para além das causas imediatas do desemprego (descida das taxas de ocupação dos
estabelecimentos hoteleiros e diminuição das receitas da atividade de longe
dominante no Algarve) a falta de competitividade do Turismo é um mal de raiz
cujos causas são a queda da procura e a dificuldade em competir com destinos
concorrentes, designadamente Espanha, Turquia e países do Magrebe. E, embora
não falando da qualidade dos serviços, acrescentou que não são os preços o
busílis da questão mas sim outros fatores, exemplificando com os impostos e com
as taxas aeroportuárias que são as mais elevadas da Europa, acrescentando nós
que, se assim é, será mais um mealheiro pacóvio a juntar ao pacóvio mealheiro
da A22 que estoirou ou está a estoirar os planos das pequenas empresas que
resistem e dependem da mobilidade. E quanto ao chamado turismo interno, resumiu
em duas penadas: os cidadãos nacionais viajam para o Algarve pura e
simplesmente para ficarem em casa. Ou seja: não contam. Quando poderiam e
deveriam contar.
É claro que sobre
a ação sócio-cultural e sobre a promoção do turismo algarvio para efeitos deste
turismo interno, o que haveria ou há para dizer daria um tratado e não cabe
aqui. Mas ainda assim se diz que os grandes meios de comunicação e estruturas
públicas determinantes, todos eles ancorados lá em cima, mais não têm feito que
a delapidação da imagem do Algarve, por omissão e desvio de atenções, e de
forma direta ou indireta mais não se exercitam que a desencorajar o Algarve
como destino turístico – turístico, e não meramente de regabofe ou, noutros
casos, de semi-executivos dormideiros que para aqui vêm com calções às
florinhas.
Para emendar isto,
seria necessário coragem e vontade política. A coragem política acaba no
Caldeirão e a vontade não é coisa que se exija a filipes ou seja de esperar de
filipes. Nisto, os algarvios são responsáveis mas essa é outra história.
Carlos Albino
Carlos Albino
________________
Flagrante promoção: Mais fez a Volta ao Algarve que em quatro dias na promoção mundial da região faz o que a RTP em 50 e tal anos não fez, e não foi necessário desaparecer uma criança inglesa.
Sem comentários:
Enviar um comentário