Há que desconfiar, melhor, há fundamentos para desconfiar. Talvez
para testar recetividades, foram atiradas ao ar pelos fogueteiros de confiança,
algumas notícias que à primeira vista parecerão boas mas há que desconfiar. Foram
os casos da reposição das regiões de turismo, da promoção das comunidades
intermunicipais a “supermunicípios” invocadamente como caminho para a
regionalização, e, dizendo mais diretamente respeito ao Algarve, o fim do
Allgarve. Aparentemente boas notícias mas as dúvidas são muitas sobre se não
serão presentes envenenados. Quanto às regiões de turismo, não é difícil prever
que a solução equivale a criar uns tantos maus da fita sobre cujos ombros
recairão as consequências dos cortes orçamentais e dos apertos de toada a ordem
– não será bem o caminho para a gestão autónoma dos interesses mas sim mais uns
lugares para capatazes subservientes para cima e a encolher os ombros para
baixo. Quanto aos “supermunicípios”, promoção essa à custa das competências dos
municípios e não do poder central, isso assemelha-se à promoção de sargentos-ajudantes
a capitães sem passarem por tenentes – como será extremamente complicado
extinguir no Algarve quanto ou cinco municípios que sejam, extinguem-se os 16
numa rajada. E quanto ao Allgarve, uma coisa é corrigir a designação e
reorientar o programa para uma zona onde Turismo e Cultura sejam sinónimos e
não negociata de eventos, outra é acabar com tudo e dar lugar a festas do mais
reles provincianismo, sem nível e mostruário de estrelas pífias. Há que
desconfiar de tais presentes. Depois de anos em que o turismo central deixou
cair da primeira linha a experiência da antiga RTA, não será nos tempos que
correm que o Estado vai investir a sério na organização regional da atividade.
E quando o governo envia mensageiros a avisar que quanto a regionalização, os
algarvios que rirem os cavalinhos da chuva, também é difícil admitir que tais
mensageiros sejam desautorizados depois do serviço prestado, aparentemente com
o povo serenado. Finalmente, quanto ao
Allgarve, deixemo-nos de histórias, temos Guimarães para a cultura e basta, que
a coisa não sai barata, até porque, para além dos artistas, têm que pagar os
espetadores para as plateias do berço nacional não ficarem vazias e entediadas
com tanta presunção.
Carlos Albino
Carlos Albino
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Flagrante previsão: Pois claro que o tráfego da Via do Infante caiu para metade, o que quer dizer que o da 125 dobrou fazendo da política de transportes no Algarve uma lástima. Pouco falta para que o melhor comunicação entre Lagos e Faro e entre Tavira e Portimão seja por via marítima. Entreguem a política a guarda-livros e vão ver os resultados de caixa.
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