Há uns bons tempos,
o PSD algarvio exigiu, e bem, que tanto os candidatos a cargos públicos como os
nomeados, apresentassem os seus currículos suficientemente claros. Por onde e
quando andaram, onde trabalharam, enfim, o valor e o reconhecimento que têm, as
provas que podem ostentar para merecer a confiança dos cidadãos e dos
contribuintes. Quando essa exigência foi apresentada, aqui se aplaudiu pois em
matéria de cargos públicos, a democracia exige que fique tudo preto no branco,
e nisto os partidos são particularmente responsáveis pois os partidos não podem
nem devem servir como expedientes para subir na vida sem provas e muito menos
para branquear passados ou para dourar a pílula. Assim é por esse mundo afora
que se reclama de civilizado onde para oi exercício de cargos públicos se exige
acima dos graus académicos formais, sobretudo competência e vida limpa. Por
vezes até pode haver competência mas a vida pode ser não ser limpa e noutras
vezes a vida pode ser limpa mas não há provas de competência, provas tais que
só podem vir da experiência profissional passada. Para isso servem os
currículos. Ninguém deveria ser nomeado ou colocar-se em posição suscetível de
ser candidato a funções públicas (como é o caso dos presuntivos candidatos a
presidências de câmaras municipais) sem apresentação de currículos rigorosos,
verdadeiros, sem omissões. Quem não deve não teme.
O facto de se ganhar
o poder interno num partido não é suficiente ou não deveria ser suficiente
para que esse mesmo partido imponha um candidato tendencialmente beneficiário
da lógica previsível dos votos do eleitorado geral. Daí que, na disputa interna
de poder nos partidos, essa exigência de apresentação de currículos verdadeiros
e sem omissões deveria estar na primeira linha. Não é o facto de uma pessoa ser
vista todos os dias ou até ser vizinho que dispensa a apresentação de provas de
vida competente e limpa. Ninguém tem que se meter na vida privada dos outros
mas quando alguém se posiciona ou é endossado para funções públicas, o caso
muda de figura e as provas têm que ser dadas ou devem ser apresentadas sem
equívocos.
A justiça faz os seus
cadastros e nestes pode haver alguma coisa prescrita que não impede que o
cadastro esteja formalmente limpo. Mas na política, onde a honorabilidade
pública é um valor supremo, exige-se mais pois o assunto não é de prescrição –
é de limpeza de vida e de competência. E é aí que os partidos não podem
comportar-se como grupos de amigalhaços com pactos de fidelidade sem escrutínio.
Portanto, meus
senhores que aí por dentro dos partidos andam na corrida ao lugar para
presidência de câmaras, apresentem currículos. Não ao somatório de graus
académicos que me refiro. Refiro-me à vida limpa. Vida limpa nas empresas onde
se trabalhou e na própria vida.
As mais recentes
fábulas portuguesas já ensinaram o suficiente sobre como os espertalhões estragam
a vida a todos.
Carlos Albino
Carlos Albino
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Flagrante tema: Esse tesouro avaliado em 500 milhões de euros resgatado do fundo do mar, em 2007, em plena costa marítima algarvia, devolvido dos EUA para Espanha e que dá para falar no próximo apontamento.
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