quinta-feira, 8 de março de 2012

SMS 442. Que fique tudo preto no branco

8 março 2012

Há uns bons tempos, o PSD algarvio exigiu, e bem, que tanto os candidatos a cargos públicos como os nomeados, apresentassem os seus currículos suficientemente claros. Por onde e quando andaram, onde trabalharam, enfim, o valor e o reconhecimento que têm, as provas que podem ostentar para merecer a confiança dos cidadãos e dos contribuintes. Quando essa exigência foi apresentada, aqui se aplaudiu pois em matéria de cargos públicos, a democracia exige que fique tudo preto no branco, e nisto os partidos são particularmente responsáveis pois os partidos não podem nem devem servir como expedientes para subir na vida sem provas e muito menos para branquear passados ou para dourar a pílula. Assim é por esse mundo afora que se reclama de civilizado onde para oi exercício de cargos públicos se exige acima dos graus académicos formais, sobretudo competência e vida limpa. Por vezes até pode haver competência mas a vida pode ser não ser limpa e noutras vezes a vida pode ser limpa mas não há provas de competência, provas tais que só podem vir da experiência profissional passada. Para isso servem os currículos. Ninguém deveria ser nomeado ou colocar-se em posição suscetível de ser candidato a funções públicas (como é o caso dos presuntivos candidatos a presidências de câmaras municipais) sem apresentação de currículos rigorosos, verdadeiros, sem omissões. Quem não deve não teme.

O facto de se ganhar o poder interno num partido não é suficiente ou não deveria ser suficiente para que esse mesmo partido imponha um candidato tendencialmente beneficiário da lógica previsível dos votos do eleitorado geral. Daí que, na disputa interna de poder nos partidos, essa exigência de apresentação de currículos verdadeiros e sem omissões deveria estar na primeira linha. Não é o facto de uma pessoa ser vista todos os dias ou até ser vizinho que dispensa a apresentação de provas de vida competente e limpa. Ninguém tem que se meter na vida privada dos outros mas quando alguém se posiciona ou é endossado para funções públicas, o caso muda de figura e as provas têm que ser dadas ou devem ser apresentadas sem equívocos.

A justiça faz os seus cadastros e nestes pode haver alguma coisa prescrita que não impede que o cadastro esteja formalmente limpo. Mas na política, onde a honorabilidade pública é um valor supremo, exige-se mais pois o assunto não é de prescrição – é de limpeza de vida e de competência. E é aí que os partidos não podem comportar-se como grupos de amigalhaços com pactos de fidelidade sem escrutínio.

Portanto, meus senhores que aí por dentro dos partidos andam na corrida ao lugar para presidência de câmaras, apresentem currículos. Não ao somatório de graus académicos que me refiro. Refiro-me à vida limpa. Vida limpa nas empresas onde se trabalhou e na própria vida.

As mais recentes fábulas portuguesas já ensinaram o suficiente sobre como os espertalhões estragam a vida a todos.

Carlos Albino
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Flagrante tema: Esse tesouro avaliado em 500 milhões de euros resgatado do fundo do mar, em 2007, em plena costa marítima algarvia, devolvido dos EUA para Espanha e que dá para falar no próximo apontamento.

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