É tema de reportagem
junto de passageiros à partida e à chegada, de funcionários e dos responsáveis
pelas obras, será até assunto a justificar entrevista (entrevista, e não
questionário subserviente) com quem gere o aeroporto, e num pequeno apontamento
como este apenas se pode dizer que aquilo está mal, está mesmo muito mal. É
verdade que à chegada, o passageiro pode ler que há obras por ato da natureza e
que se pede desculpa pelo incómodo, mas isso não basta. Também é verdade que
foi garantido, há dias, que as obras terminarão no final de abril, mas a
avaliar aquele estendal é difícil aceitar que um mês basta. Faltam indicações
úteis e práticas, o túnel não é um túnel de passageiros – é um túnel de
despejo, os trajetos para quem vai esperar ou para quem chega não estão
devidamente assinalados, escasseia o atendimento, são centenas de metros entre
o carro estacionado em parque pago e o local de chegada que a generalidade tem
de adivinhar, a polícia gere carros com motoristas às voltas e peões a arrastar
malas serpenteando por entre o pessoal das agências com tabuletas que dão àquilo
um ar de mercado de ciganos e, vá, lá que o tempo está seco, não há lama e os
guarda-chuvas não complicam. Mas, enfim, tudo isto se compreenderia e os
transtornos seriam suportados com paciência, caso se notasse da parte de quem
gere o aeroporto uma consideração nas coisas essenciais pelos passageiros que
nos acabam de visitar ou que começam a visita, e por quem por eles espera ou se
despede. É do género “amanhem-se”. Essa porta fundamental do Algarve está em obras
mas, mesmo em obras, devia ter dignidade, ostentar respeito e cultura de
acolhimento que é uma coisa que se nota logo em qualquer canto que seja. Isto,
ali, não há. Amanhem-se. Ora quando essa cultura de acolhimento falta, a culpa
não é do vento que Zéfiro intencionalmente dirigiu em fúria contra a parte
nascente do aeroporto, nem culpa é dos materiais usados na construção e que não
devem ter andado longe dos usados para a Arca de Noé. Quando a cultura do
amanhem-se, ela sim, é um ato da natureza, estamos conversados e não há que
pedir desculpas. Sabe-se do que a casa gasta, sendo triste que a porta do
Algarve não seja varrida o que dói a quem gostaria de ver a porta asseada, ainda
que num asseio de obras ou em obras asseadas.
Carlos Albino
Carlos Albino
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1 - Flagrante constatação: E foi assim que conseguiram que Faro seja a única capital de distrito que não tem um jornal local próprio.2 - Flagrante resistência: A deste Jornal do Algarve que venceu mais um ano e oxalá vença muitos mais com a chama fundadora do saudoso José Barão. Parabéns!
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