O melhor que o Algarve tem, mais do que nunca, vai estar em
provação e à prova. Em provação sempre tem estado porque a região, regra geral,
tem sido postergada pelo poder central, mas a provação por que vai passar em 2012
é sem precedentes. E vai estar à prova: se conseguir resistir e passar o
Rubicão, vai ser obra. Para o turismo, para já, não estando em discussão que
nasceu enviesado, vai ser um ano em que tanto pode revelar consistência
aguentando, como perder o rumo com hotel a hotel a ficar abandonado como
ficaram as antigas fábricas de conserva passada a febre das negociatas que
dependiam da guerra sem que os donos olhassem longe. Para a agricultura e para
as pescas, fortemente dependentes dos intermediários e de vorazes oportunistas,
2012 não augura bons sonhos e a questão é apenas evitar pesadelos fatais. Para
a construção civil mais não se pode esperar que os erros se paguem o menos caro
possível. Para as indústrias de serviços que não têm grande porta de saída a não
ser a da dependência extrema do turismo, da construção e de uma classe média
depauperada e decapitada, o milagre, a haver milagre, será o milagre da
faturação que é coisa tão difícil que nem Cristo o fez
E não há mais que o Algarve tenha de melhor e que entre em provação e
esteja à prova? Claro que há, e muito embora a lista não seja longa,
destaque-se os municípios, com os seus altos e baixos, uns mais sultanatos,
outros menos, mas cujas câmaras vão ser inegavelmente câmaras de provação, pelo
Orçamento e pelas medidas avulsas tomada por quem não desce à terra e só
conhece o Algarve nos passeios de agosto à beira-mar em calções às florinhas. E
a Universidade do Algarve que vai ter que fazer ginástica de rins se as
guerrinhas internas entre desenraizados permitirem ao menos tal ginástica. E já
agora a Orquestra do Algarve e o Teatro Acta que são duas esplêndidas palmeiras
que têm resistido a tanto escaravelho, mas que vão estar à prova pelo
escaravelho de 2012. E por agora é tudo.
Carlos Albino
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