quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

SMS 444 Ano de provação e de prova

5 janeiro 2012

O melhor que o Algarve tem, mais do que nunca, vai estar em provação e à prova. Em provação sempre tem estado porque a região, regra geral, tem sido postergada pelo poder central, mas a provação por que vai passar em 2012 é sem precedentes. E vai estar à prova: se conseguir resistir e passar o Rubicão, vai ser obra. Para o turismo, para já, não estando em discussão que nasceu enviesado, vai ser um ano em que tanto pode revelar consistência aguentando, como perder o rumo com hotel a hotel a ficar abandonado como ficaram as antigas fábricas de conserva passada a febre das negociatas que dependiam da guerra sem que os donos olhassem longe. Para a agricultura e para as pescas, fortemente dependentes dos intermediários e de vorazes oportunistas, 2012 não augura bons sonhos e a questão é apenas evitar pesadelos fatais. Para a construção civil mais não se pode esperar que os erros se paguem o menos caro possível. Para as indústrias de serviços que não têm grande porta de saída a não ser a da dependência extrema do turismo, da construção e de uma classe média depauperada e decapitada, o milagre, a haver milagre, será o milagre da faturação que é coisa tão difícil que nem Cristo o fez

E não há mais que o Algarve tenha de melhor e que entre em provação e esteja à prova? Claro que há, e muito embora a lista não seja longa, destaque-se os municípios, com os seus altos e baixos, uns mais sultanatos, outros menos, mas cujas câmaras vão ser inegavelmente câmaras de provação, pelo Orçamento e pelas medidas avulsas tomada por quem não desce à terra e só conhece o Algarve nos passeios de agosto à beira-mar em calções às florinhas. E a Universidade do Algarve que vai ter que fazer ginástica de rins se as guerrinhas internas entre desenraizados permitirem ao menos tal ginástica. E já agora a Orquestra do Algarve e o Teatro Acta que são duas esplêndidas palmeiras que têm resistido a tanto escaravelho, mas que vão estar à prova pelo escaravelho de 2012. E por agora é tudo.

Carlos Albino
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Flagrantes votos: A imprensa da região (toda, no seu conjunto e sem exceções) é a chama do Algarve e as rádios locais (todas, mesmo que não sejam grande espingarda) são o pavio. Os nossos votos para que a chama se mantenha acesa e que o pavio dê para acender. Grande abraço para os que resistem com imaginação, brio, coerência e sentido de serviço público.

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