Nesta segunda-feira houve exposição de ideias ou de convicções, o
que não é mesmo que debate, por iniciativa da Universidade do Algarve e da Comunidade
Intermunicipal do Algarve, sobre o Documento Verde da Reforma da Administração
Local que esquisitamente se chama verde quando deveria ser cor de laranja com
laivos azuis, mas, enfim, o extinto Kadafi deixou tradição maníaca em dar-se
cor verde aos livros. É claro que a universidade pode e deve promover debates
que deixem ata sobre os grandes temas algarvios (tem andado catedraticamente
longe) e a Comunidade Intermunicipal tem politicamente essa obrigação. O
encontro de segunda-feira foi uma espécie de sessão solene com abertura
partilhada pelos protagonistas e encerramento pelos mesmos, um
memorando-aperitivo a cargo de António Rosa Mendes, um serviço de bebidas
servido por Ana Paula Barreira (o financiamento local não é coisa que tenha
muito para mastigar, bebe-se), João Farias lá veio com umas coisas da Europa
como quem mete o Rossio na Betesga, e, para terminar uma mesa-redonda com os
deputados da ordem parlamentar, cada um a dizer o que já se sabe que tem para
dizer. E pronto, missão cumprida, o que cheira a pouco, para não se dizer que é
pouco mais que nada. As afirmações de Mendes Bota, sobretudo sobre a
desconfiança na capacidade fiscalizadora das assembleias municipais com
elementos eleitos em lista da confiança dos presidentes de câmara, passaram,
para um ou outro jornal, Miguel Freitas fez o papel de governador civil
substituto, Cecília Honório denunciou, Paulo Sá deu a dispensável novidade de
que o PCP está disponível para trabalhar “desde já” no objetivo da
regionalização, e Artur Rego, do CDS, ele que, para prova de bom comportamento
nas suas hostes lá de cima, fez o voto contra a regionalização argumentando que
esta é só “para criar tachos”, acabou por dizer ali o que Jacques de la Palice não
diria - que o documento verde com laivos azuis é “apenas um primeiro passo na
proposta de reforma, não é um documento definitivo”. O senhor de la Palice
quando muito diria que um deputado que diz o óbvio é apenas um primeiro passo
para deputado, não é um deputado definitivo.
Com cenários destes, com encenações destas, com marcações de palco
destas, com atores a desempenhar papéis pré-sabidos. e sobretudo com textos
dramatúrgicos tão pouco originais como estes, o teatro não vai longe. E já
deveria ter andado muito como a universidade podia e devia fazer andar mas não
tem feito, e como a comunidade intermunicipal politicamente tinha obrigação mas
parece não a sentir.
Carlos Albino
Carlos Albino
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Flagrante estopada: E como lá está a GNR, durante noite a vigiar os pórticos da via rápida a que se chama auto-estrata com bermas onde mal pode estacionar um carrinho de feira, quem vigia a GNR naquela estopada?
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