15 dezembro 2011
Via do Infante, voltamos ao assunto.
O erro dos anteriores governos foi o de não terem desclassificado a
via de “auto-estrada” para IP, pois de auto-estrada tem pouco. Além disso,
muito boa vontade e tolerância têm mostrado os moradores das casas no meio das
quais ela foi plantada, para não se prejudicar duas águias que ninguém viu e
três linces da cor de um burro quando foge. Habituados à ideia de que a via era
um bem caído do céu para a região, esses moradores poderiam ter solicitado
indemnização pelo ruído contínuo desse pavimento acimentado de escórias
contaminadas e comedor de pneus. Não o fizeram porque o terem lutado contra uma
“auto-estrada” assim oferecida, além de ferir escandalosamente a militância de
uns ecologistas enviesados, seria sobretudo lesar o Algarve, a sua
indústria-rainha, o progresso, o futuro mais que perfeito do conjuntivo que se
está nas tintas para o Algarve mas que o explora sem qualquer condicional. Agora
que a estrada é paga, assiste-lhes esse direito à indemnização. São às centenas e centenas os que se podem
queixar – em nenhum lugar do mundo civilizado se faz uma auto-estrada a
escassas dezenas de metros do quarto de dormir de cada um. É claro que a Via do
Infante, nestas circunstâncias, deveria ter sido desclassificada, impondo-se
limites de velocidade para proteção dos moradores e reconduzindo-a àquilo que
efetivamente é - um itinerário sem alternativa entre localidades, inferno para
quem mora junto ou perto, porque o ruído chega seguramente a um quilómetro de
distância. E que ruído se houver um leve ventinho!
O erro do atual governo é o de dar este presente de Natal ao
Algarve, região que só tem dado lucros ao Estado sem retorno, e não buracos –
façam-se as contas. Uma via, inicialmente programada para três faixas, visando
a substituição da 125 mas que levou uma eternidade para ser feita na sua metade
com quatro faixas praticamente à custa da anulação de bermas; que levou outra
eternidade para a sua segunda metade ir até Lagos; e que vai ditar uma terceira
eternidade para a trágica requalificação da 125 depois de se ter deixado que
esta tenha transformado o Algarve litoral numa Cisjordânia cheia de colonatos,
pois, sem dúvida que este presente é magnífico.
E no erro dos anteriores governos e do atual estão obviamente
comprometidos também os deputados e autarcas que, mal mudou o alfaiate mudaram
de fato, ou, escrevendo pela ortografia antiga sem alfaiate, mudaram de facto.
Carlos Albino
Carlos Albino
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Flagrante surpresa: O Coro Infantil de Loulé a entoar canções de Natal no El Corte Inglês de Lisboa.
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