8 dezembro 2011
É um erro grosseiro a forma como o governo vê a matéria dos
feriados, como grosseiramente errada foi a literatura com que se pretendeu
justificar os cortes – Portugal não tem mais feriados que outros e até nem tem
os feriados incompreensíveis que outros têm (2.º dia de Natal e de Páscoa, na
Suécia e Alemanha, por exemplo) e além disso os feriados nacionais, ou são
nacionais ou não são, independentemente de terem origem religiosa ou civil. É
evidente que, por enquanto, Portugal não precisa de um feriado semelhante ao
Dia da Unidade Alemã como a Alemanha tem, nem de um Dia da Constituição com os
espanhóis celebram, porque a nossa unidade nacional (com mais alguma coisa de
essencial e que dura há séculos...) foi sempre celebrada a 1 de dezembro e a
Constituição (ainda que com outros pretextos e disfarces...) foi sempre
celebrada no 5 de outubro. O que não se entende é que o Dia de Corpo de Deus
seja feriado facultativo em Espanha e tenha que ser obrigatório em Portugal,
sem que dos dois lados da fronteira se compreenda o que é que isso tem de
nacional num lado e no outro já não tem. Como não se compreende como os dias da
dita Assunção de Maria (15 de agosto) e da Conceição da mesma (8 de dezembro)
tenham que ser feriados nacionais obrigatórios. Como também não se compreende
que 1 de novembro Todos os Santos) seja feriado por todos celebrado e usado
como o dia dos Defuntos que é a 2, no dia seguinte, com os próprios
responsáveis religiosos a terem a imensa trabalheira de explicar que nem todos
os defuntos são os santos da véspera e que nem todos os santos são os familiares
do dia seguinte – outro feriado dispensável e, esse sim, que poderia ser
encostado a um domingo porque é um feriado do além.
Mas claro que se Hitler tivesse sido derrubado num qualquer 25 de
abril por uma revolução democrática e não no termo de uma guerra mundial que
dilacerou tudo o que era país e povo, os alemães teriam nesse dia o seu Dia
Nacional da Liberdade como Portugal tem, para não se esquecer da queda dos seus
hitleres de trazer por casa mas que infelizmente continuam a estar vivos e tão
vivos que beneficiam da presunção de inocência eleitoral.
A abolição do 5 de outubro e do 1 de dezembro é um erro grosseiro
do governo, mexe com o que de mais profundo a sensibilidade portuguesa possui, e
contrariamente à simbologia nacional das datas, é um gesto de outorga e sem
coragem.
Carlos Albino
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Flagrante feriado que falta: Os feriados municipais que no Algarve são 16. Bastaria um Feriado do Algarve a coincidir, damos de barato, com um religioso comummente aceite como o 1 de janeiro. O início de cada ano não ficaria bem como o Dia do Algarve? Ficaria.
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