quinta-feira, 24 de novembro de 2011

SMS 438. Faro, faltaram-lhe ao respeito


24 novembro 2011

Bem deu ao dedo, o jornalista Idálio Revez para nos explicar que “a cidade de Faro está doente” e isso porque “está asfixiada pela falta de áreas verdes para a população”...  E a doença será a “especulação imobiliária” que na verdade é um diagnóstico tão vago como o da pontada, como outrora se dizia quando quem morria morria sempre “de repente”.  É claro que Faro foi morrendo devagar e continuará devagarinho a morrer se não houver a coragem de identificar o vírus da dita especulação, vírus esse que não é mais nem menos que o bicho homem. É um senhor vírus e com mutações, trocando de disfarce para escapar do possível sistema imunológico e tornar-se  resistente a medicamentos antivirais. Esse vírus ora é arquiteto, ora é engenheiro, ora é simples mestre-de-obras, ora é fiscal da câmara, ora é aquele tal administrativo que dá um jeitinho nisso, ora até pode vir disfarçado num espirro do presidente contaminando vereadores e, misteriosamente, provocar a tosse coletiva da assembleia municipal, tosse tal que se ouve mais longe que o sino à esquerda da Sé de Faro.

Um exemplo? Está à vista desarmada, ali na Unidade de Radioterapia do Algarve, construída num logradouro público, com as traseiras de prédios a fazerem-lhe de cerca. Para esse local foi anunciado um jardim público, depois um parque infantil, enfim, qualquer coisa verde. Não está em causa as finalidades desse centro de radioterapia, nem se discute a parceria que a baseia, nada disso. Está apenas em causa o local onde o centro foi encavalitado, alegadamente “para dar mais movimento a Faro”. Erro. Tem sido esse o erro de Faro, esse o de querer encavalitar tudo para que nada lhe fuja das mãos, nada lhe fique de fora e, portanto, para que tenha muito movimento... Especulação imobiliária, isto? É também, mas não só. Olhem para aquela escola encavalitada numa urbanização tosca e de mau gosto; olhem para o hospital encavalitado no estádio e este no mercado, com urbanizações de mau gosto e toscas encavalitadas umas nas outras, tudo isso por decisões de assembleias a tossir e de presidentes a espirrar epidemicamente. Faro tem de verde o que de verde lhe ficou da primeira metade do século passado, além de uns relvados que só dão para passear aos besouros das palmeiras e tanta gente que ficou intocável. Faro está doente porque lhe faltaram ao respeito – não trataram a cidade como Ossónoba mas apenas como subúrbio de Casablanca.

Carlos Albino
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Flagrante símbolo nacional: Então quem duvida de que a árvore do Refúgio não é mesmo o símbolo nacional do Algarve que resta, depois de perdido o hino, a bandeira e o ego viajante do governo civil?

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