Bem deu ao dedo, o jornalista Idálio Revez para nos explicar que “a
cidade de Faro está doente” e isso porque “está asfixiada pela falta de áreas
verdes para a população”... E a doença
será a “especulação imobiliária” que na verdade é um diagnóstico tão vago como
o da pontada, como outrora se dizia quando quem morria morria sempre “de
repente”. É claro que Faro foi morrendo
devagar e continuará devagarinho a morrer se não houver a coragem de
identificar o vírus da dita especulação, vírus esse que não é mais nem menos
que o bicho homem. É um senhor vírus e com mutações, trocando de disfarce para
escapar do possível sistema imunológico e tornar-se resistente a medicamentos antivirais. Esse
vírus ora é arquiteto, ora é engenheiro, ora é simples mestre-de-obras, ora é
fiscal da câmara, ora é aquele tal administrativo que dá um jeitinho nisso, ora
até pode vir disfarçado num espirro do presidente contaminando vereadores e,
misteriosamente, provocar a tosse coletiva da assembleia municipal, tosse tal
que se ouve mais longe que o sino à esquerda da Sé de Faro.
Um exemplo? Está à vista desarmada, ali na Unidade de Radioterapia
do Algarve, construída num logradouro público, com as traseiras de prédios a
fazerem-lhe de cerca. Para esse local foi anunciado um jardim público, depois um
parque infantil, enfim, qualquer coisa verde. Não está em causa as finalidades
desse centro de radioterapia, nem se discute a parceria que a baseia, nada
disso. Está apenas em causa o local onde o centro foi encavalitado,
alegadamente “para dar mais movimento a Faro”. Erro. Tem sido esse o erro de
Faro, esse o de querer encavalitar tudo para que nada lhe fuja das mãos, nada
lhe fique de fora e, portanto, para que tenha muito movimento... Especulação
imobiliária, isto? É também, mas não só. Olhem para aquela escola encavalitada
numa urbanização tosca e de mau gosto; olhem para o hospital encavalitado no
estádio e este no mercado, com urbanizações de mau gosto e toscas encavalitadas
umas nas outras, tudo isso por decisões de assembleias a tossir e de
presidentes a espirrar epidemicamente. Faro tem de verde o que de verde lhe
ficou da primeira metade do século passado, além de uns relvados que só dão
para passear aos besouros das palmeiras e tanta gente que ficou intocável. Faro
está doente porque lhe faltaram ao respeito – não trataram a cidade como Ossónoba
mas apenas como subúrbio de Casablanca.
Carlos Albino
Carlos Albino
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Flagrante símbolo nacional: Então quem duvida de que a árvore do Refúgio não é mesmo o símbolo nacional do Algarve que resta, depois de perdido o hino, a bandeira e o ego viajante do governo civil?
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