Ninguém ousa falar disso em voz alta, mas o cheiro das eleições
autárquicas já entra pelas câmaras a dentro tal como o cheiro do peixe frito no
rés-do-chão empesta o primeiro andar nas casas de sobrado. Ninguém fala disso
dentro às claras dentro dos partidos, muito menos de partido para partido e na
rua, jamais – o silêncio á a alma da estratégia. Sente-se isso no ar, sobretudo
nas câmaras em que o atual presidente atingiu o limite de mandatos, ou seja, 12
anos de poder político possível, supostamente para permitir a renovação de
quadros e, também supostamente para impedir apegos ao poder, como se quem
queira continuar a mandar não o possa fazer por interposta pessoa (por vezes,
este esquema é até mais eficaz) e como se quem queira estar no poder até ao fim
da vida também o não possa fazer através de herdeiros e protegidos dispostos a
fazer a figura de estilo em mandato intercalar (por vezes, este esquema é será mais
discreto e certeiro...)
Nota-se mais nas câmaras do que nas juntas de freguesia onde a
limitação de mandatos é de somenos importânica. Nas juntas, há que aguardar o resultado de muita luta de
galo e os presidentes cessantes não contam grande coisa. Nas câmaras é que já
se nota: os presidentes em último mandato, não é que estejam já na prateleira,
mas é como se estivessem, não só pelas lógicas ansiosas dos partidos
concorrentes mas sobretudo pela força das concorrências subterrâneas dos
próprios partidos, nos casos em que não há interpostos herdeiros ou protegidos.
Por isso já se vai notando algumas desautorizações pela calada, sobretudo em
que o presidente em mandato final não citou alguém como herdeiro ou não anda de
braço dado com outro para que todos saibam que esse é o protegido. Se não tem
um destes dois procedimentos – para tal é necessário que tenha também força
incontornável no partido -, à medida que as eleições se aproximam assim a
gestão autárquica pode ser maior inferno. E isto é rápido: 2011 está no fim,
2012 vai ser um ar que lhe vai dar e as autárquicas vão ser em 2013. à porta portanto,
pois não é na véspera e sobre o joelho que se encontram candidatos ganhadores,
sejam sucessores lógicos ou génios de alternância.
Ora é aí que queremos chegar: a luta de galos e a consequente
marginalização dos presidentes que terminam lugar no poleiro, é coisa
lamentável dentro das câmaras e por vezes entre pintos da mesma cor. Porque a
democracia só tem a perder se em vez de galos, nos saírem uns pintos.
Carlos Albino
Carlos Albino
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Flagrante aldrabice: A das estatísticas da riqueza Algarve. É evidente que uma mansão da Quinta do Lago somada a uma casa de caliça rachada do Barranco do Velho, a dividir por dois dá uma pequena fortuna que é só de um e até estará fora, nada tendo com a Algarve à exceção dos calções de banho.
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